(in Público)
Os anos passam e cada vez mais olhamos para trás, não só porque vamos carregando uma bagagem de memórias que ganha peso pelo caminho, mas também porque o chão que pisamos é cada vez mais diferente daquele de onde viemos. Se há algo de me orgulhe a sério do tempo em que cresci é o de ter sido educado por alguém como Vasco Granja. Vou ao ponto de achar que uma boa parte da minha geração -- algo meio indefinido onde coloco aqueles que nasceram entre o final dos anos 60 e os anos 70 -- desenvolveu o espírito da curiosidade, da tolerância (eu disse "uma parte da geração") e, se quisermos até, da rebeldia, no seu sentido criativo mais abrangente possível, à custa das manhãs e tardes passadas com o senhor de óculos e de cabelos grisalhos que apresentava com o mesmo entusiasmo as produções Hanna & Barbera e as Looney Tunes ou as demonstrações mais vanguardistas da animação checa ou canadiana.
As gerações seguintes (ou parte delas, para não entrarmos em generalizações injustas) teriam tido a ganhar com um Vasco Granja ao seu lado e a grande desilusão do crescimento para a minha geração é que o mundo evoluiu no sentido oposto ao que a minha geração aprendia naquelas aulas. Qualquer dia, vai parecer miragem que tenha existido alguém assim. Koniec
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