domingo, 22 de janeiro de 2006

Fim-de-semana de loucos

Sexta-feira: Damo Suzuki com CAVEIRA, na ZDB.
Palavras e expressões como "demolidor", "cataclismo sonoro", "catártico" ou "devastação total" foram apropriadas pela crítica musical para caracterizar momentos como este. Não começou da melhor forma, é certo, mas desde cedo se assistiu a um galopante crescendo de uma determinada tensão sónica, fruto das felizes interacções que foram sucedendo cada vez com maior frequência entre os três músicos de CAVEIRA e Damo Suzuki. Foi diferente, naturalmente, do concerto de há dois anos, naquele mesmo sítio. Mas a magia voltou a acontecer.

Sábado: Estilhaços, de Adolfo Luxúria Canibal e António Rafael, na ZDB.
"Estilhaços", o espectáculo, é muito mais do que uma simples leitura de textos. O Adolfo, sentado, evita a declamação e entrega-se à performance dramática, a partir dos ambientes que já se liam nas entrelinhas dos seus textos. A escolha destes textos é variada, desde aqueles que foram escritos há quase trinta anos, como o frenético "Braga, Meu Amor", durante a sua vida de estudante em Lisboa, como o diário de viagens entre o bairro dos Prazeres e a Graça patente em "Orçamento Geral de Estado", ou outros, mais recentes, marcados por quotidianos parisienses, como no alegre "O Tempo que Passa" ou no pungentemente triste "A Filha Surda". O Rafael, por sua vez, ajuda a sublinhar as dinâmicas do texto, com um piano que soa a neoclássico, como Wim Mertens a fazer música para Greenaway. Ficou muito acima de qualquer expectativa levada para esta minha primeira experiência com o "Estilhaços" ao vivo.

Sábado: D3Ö e DJ set de Paulo Furtado, no Mercado.
O Mercado esgotou nesta noite. Com 350 pessoas a abafarem a cave quando cheguei e a entrada de novo público que ia chegando a ser feita a conta-gotas, porque só se entrava se alguém saísse, acabei por perder o concerto dos Vicious Five. Mas os D3Ö viriam também a arrasar e a provar a mim próprio porque é que continuo a vê-los como a minha banda favorita de Coimbra. O melhor, porém, ainda estava para vir. Paulo Furtado, o Legendary Tiger Man, fez *a* festa com grandes faixas de rock'n'roll, soul, funk e disco, que trouxe de casa. Que festa, senhores... (Parabéns à Kid City)

Pena que domingo acabe com uma má notícia. É o yin e yiang deste fim-de-semana, que começou brilhante, com CAVeira, e acaba num pesadelo real, com CAVaco.

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