#1 - Para encontrar a faixa que queríamos, era um pesadelo. Alguns leitores mais inteligentes da última geração vinham já acompanhados de um sistema que identificava as pausas, mas, ainda assim, éramos obrigados a esperar que a fita corresse até ao sítio certo. Que perda de tempo.
#2 - No tempo dos álbuns em vinilo, a duração das cassettes de 90 minutos até possibilitava a gravação de um disco em cada um dos lados, mas quando chegaram os CDs e a duração padrão dos 70 minutos, veio a dor de cabeça de ficar com álbuns cortados entre um lado e outro. Por vezes, a última canção do lado A ficava mesmo cortada, levando-nos posteriormente a irritantes coitus interruptus quando a fossemos ouvir por engano e, de repente, naquele momento empolgante, zás, acaba a fita. Uma gestão mais cuidada do espaço durante a gravação podia evitar este problema, é certo, mas as cassettes nem sempre tinham a mesma duração. Mais ainda: o que fazer com o espaço livre no lado B? A opção, por estes lados, era a de gravar singles, de preferência ligados a esse mesmo álbum, mas nem sempre era fácil fazer essa ligação óbvia. Estas dúvidas chegavam a ser existenciais.
#3 - As cassettes tinham a porra da mania de se gastarem com o tempo. Quantas versões diferentes não tive eu de gravar do primeiro álbum dos Mão Morta ou do "It's Alive" dos Ramones? Desesperante.
#4 - Havia também uma característica que se evidenciava particularmente com o tempo e com o uso dado à cassette que era a alteração drástica que os primeiros minutos da fita sofriam ao nível da equalização sonora. No início da fita, perduravam apenas as frequências graves, como que se durante a primeira faixa, os músicos estivessem a tocar dentro de um aquário. Era assustador.
#5 - Para quem ouvia muita música, havia a garantia que tinha de tomar uma de duas opções: ou renovava o material onde ouvia as cassettes ou tinha que constantemente andar a afinar o parafuso que comandava a cabeça de leitura, com uma chave de fendas minúscula, sem nunca ter a certeza de estar a fazer a afinação mais apurada. De loucos.
#6 - Quantas fitas não ficaram irremediavelmente trituradas no mecanismo do leitor de cassettes? E se por acaso não estávamos lá quando isso acontecia? Apetecia-nos atirar com o leitor à parede.
Continuem, por favor, que eu já estou retro-deprimido...
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