quinta-feira, 28 de agosto de 2003

Cidade o quê? À janela do quê?

Prólogo. Não gosto de ver músicos a participarem em publicidade. Goste ou não do trabalho deles, a partir do momento em que autorizam o uso da sua arte para vender telemóveis, cervejas, sabonetes, bolachas de água e sal ou alguidares de plástico, deviam deixar de passar a ser chamados de músicos. Chamem-lhes fornecedores de música. Ou fornecedores de conteúdos musicais. Não músicos.
Facto. Admito que nem todos vejam as coisas desta forma. Mas o que dirão os que se mostram indiferentes à música na publicidade ao mais recente anúncio radiofónico de um banco português, com a utilização de uma moda tradicional alentejana (de quem são os direitos?) popularizada por Vitorino. Chama-se -- a original -- "Menina Estás à Janela" e ouvi-a -- o anúncio -- há dois dias, numa rádio noticiosa privada. A letra é qualquer coisa como isto (vá, vão buscar à vossa memória a melodia e cantem):
Cidade estás à janela...
...do meu computador...
O que é que está à janela? E à janela de quem? Ridículo. Perfeitamente ridículo. E não fica por aqui Eu é que, felizmente, não me recordo de mais.
Do mal o menos: Sempre podiam ter ido pegar numa moda que nada dissesse aos portugueses, como o "Mary had a Lamb" ou o "Old MacDonald". Vá lá. Poder-se ia cantar "Maria tem uma cidade" ou "O velho Magalhães tem uma cidade, ialá ialá".
Epílogo. Já não há nada que lhes escape? Qualquer dia temos as marcas a serem mais importantes do que as bandas. Ah, ooops. Esqueçam. Isso já acontece nos Festivais de Verão.

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