6. ROKIA TRAORÉ (Mali)
Castelo, 26/jul/2008::vídeo::
"Na segunda vez que a bela Rokia Traoré veio a Sines, teve honras de encerramento de noite no castelo. Trazia na bagagem o magnífico Tchamanché e o espectáculo foi, ao contrário do que a actuação de quatro anos antes e o próprio disco novo deixava antever, muito movimentado, ora por culpa dos músicos (recordo o excelente baixista), ora por culpa da postura avassaladora de Traoré em palco."
7. STAFF BENDA BILILI (RD Congo)
Castelo, 31/jul/2010::vídeo::
"Uma máquina de dança e alegria chamada Bilili. E a última grande explosão (literalmente até, pois coube-lhes as honras de fogo de artifício com que o FMM todos os anos se despede do castelo) veio com os Staff Benda Bilili. O disco era estupendo, já se sabia. Mas que os Staff Benda Bilili conseguissem, mesmo que esquecidos ou ignorados todos os problemas físicos que os debilitam, multiplicar a um ponto impensável toda aquela energia para o palco com as suas rumbas diabólicas e fazer transpirar as gentes no castelo daquela forma insana, era algo que nem nas minhas perspectivas mais optimistas encontrava lugar. Mais uma deixa para outra das razões para elogiar o FMM: estar sempre na linha da frente no que há de mais quente a surgir no meio. Foi assim quando trouxe cá os Taraf de Haïdouks, o Tom Zé, a Rokia Traoré, o casal Amadou & Mariam, os Konono nº1, o KNaan, o Cordel do Fogo Encantado, entre tantos outros."
8. BARBEZ (EUA)
Castelo, 30/jul/2010::vídeo::
"A gaja do theremin e os judeus nova-iorquinos. Os Barbez, grupo de Nova Iorque com ligações à Tzadik de John Zorn, apareceram no FMM com toda a pinta de outsiders. O grupo de Dan Kaufman já por cá tinha passado para um concerto na ZDB, para um concerto mediano, mas agora, com formação alargada e com um som perfeito que permitiu a percepção ao detalhe das texturas e frases criadas em palco, misturando klezmer com rock de câmara ou jazz marginal, a lembrar bandas da editora Constellation, tudo foi diferente, para melhor. Muito melhor. Houve algo que se manteve, contudo: o papel central de Pamelia Kurstin na música do grupo. Nunca se viu em Sines alguém a tocar theremin, o estranho instrumento literalmente intocável que os russos desenvolveram nos anos 20 do século passado (e para o qual Lenine chegou a receber aulas), e a estreia coube, felizmente, a uma das suas mais incríveis intérpretes (vejam o vídeo para apanharem breves imagens que testemunham esta afirmação). E os Barbez ofereceram ainda a deixa ideal para apresentar outra das razões pelas quais o FMM é tão particular: a abertura (e o bom gosto) da programação. Por esse país fora, por essa Europa fora, é muito frequente encontrar programadores de festivais de world music de olhos e ouvidos fechados para o que se passa fora daquela gaveta. Antes eram as músicas de tradição europeia, depois, com a globalização das tournées, vieram os africanos extra-PALOPs. E pouco mais do que isso. Festivais como o FMM e o MED Loulé vieram provar que se pode ir muito mais longe. (Já agora, e que tal alguma formação de Masada ou o próprio John Zorn numa próxima edição, hum?)"
9. MÁRIO LÚCIO (Cabo Verde)
Castelo, 30/jul/2011::vídeo::
"É engraçado saber -- foi o próprio que o disse -- que Mário Lúcio, na véspera do concerto, vestiu a pele de ministro da cultura de Cabo Verde, para discutir o Estado da Nação no parlamento do seu país. Um dia, o estado da sua nação. No outro, o mundo todo (mais palavras saídas da sua boca) que se aglomerava em Sines a dançar à sua música. Tivemos em palco alguém que sabe muito bem o que faz. São muitos anos de estrada, de como saber encher um palco, de como saber pôr um público em delírio. E o que temos ali não é apenas o que se pode ouvir nos discos. Há um artista e um grupo que o acompanha que se transformam, que vão além de Cabo Verde, que celebram a África sub-sariana em todo o seu esplendor. A ele ficam-lhe bem estas palavras, ditas perto do final: Sines devia mudar de nome, para... Sinergia. Devia ter sido o Mário Lúcio a festejar o fim dos concertos no castelo com o tradicional fogo-de-artifício."
10. DHAFER YOUSSEF (Tunísia)
Castelo, 27/jul/2012::vídeo::
"Dhafer Youssef e o quarteto do mundo. Dhafer Youssef pode não ser o mais exímio dos intérpretes de alaúde -- e nesse campo, até já ali tínhamos visto, dias antes, o prodigioso Bassam Saba, com o seu Al-Madar -- mas se aliarmos a essa capacidade o seu arrepiante domínio da voz, fazendo lembrar Milton Nascimento do inicio, mas com técnica imensuravelmente melhor, e a forma como o quarteto se entende nos diversos diálogos que se vão construindo ao longo do espetáculo, percebemos um pouco da magia, dos sorrisos de alegria na plateia, do sorriso que Youssef levou para fora do palco. Foi talvez o melhor episódio deste FMM."
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