Há em "Evil Machines" um problema fundamental de definição. É uma opereta para crianças que se mascara, na forma como é vendido, como espectáculo para adultos. Será porque só os adultos sabem quem é Terry Jones, o verdadeiro chamariz para este espectáculo? Mas as crianças não vão sozinhas a uma opereta... São os pais (adultos, portanto) que as levam. Será porque as crianças teriam dificuldade em compreender uma opereta? Os próprios adultos têm dificuldades para entender o texto cantado daquela forma, é certo...
Os textos de Terry Jones, que serviram de base ao libreto, não tinham esse problema. Eram textos para crianças, ponto final. Decorre daqui que o libreto segue uma estrutura porventura interessante para os mais novos, mas demasiado vista para os crescidos. A maioria dos gagues são lugares comuns (desde a brincadeira com o anúncio para os espectadores desligarem os telemóveis até ao quiz que derrota a persona diabólica do inventor). É verdade que há, no jogo com elementos do cenário, momentos muito bons, como aquele em que o despertador se atira da nuvem de ferro. É também verdade que o acompanhamento musical, da composição de Luís Tinoco, em conjunto com as excelentes vozes dos actores leva o texto além da simples representação dramática. Mas o texto devia ser mais ambicioso. Fica a sensação de muita parra e pouca uva. Levem a criança que estiver perto de vós, se forem ao São Luiz. Só para fazer a experiência. É que aquela que está dentro de vós é capaz de não se divertir por aí além...
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