WORLD'S END GIRLFRIEND "The Lie Lay Land" (Noble, 2005)
Ele não deve gostar muito de aparecer. Faz tudo para permanecer incógnito, inclusive pedir à editora para suprimir a sua "bio" do site daquela. Sabe-se, porém, que vem do Japão e que começou a compôr desde os 12 anos, com uma guitarra, um piano, vários gravadores de cassette e uma vasta colecção de discos do pai. Diz-se que desde então criou cerca de 600 canções.
Esta é a história de um bedroom musician (como se chamava nos anos 90 aos putos que começavam a despontar na electrónica home-made, como Aphex Twin ou Squarepusher) que quer ser, sozinho, uma banda rock. "The Lie Lay Land" é já o terceiro álbum de World's End Girlfriend, depois dos excelentes "Farewell Kingdom" (Noble, 2001) e Dream's End Come True (Noble, 2002). Da discografia constam ainda vários EPs, participações em compilações diversas e um álbum gravado sob outra designação, Wonderland Falling Yesterday. O que se pode escutar em "The Lie Lay Land" não se afasta muito do que já se ouvia naqueles discos anteriores: um microscópico trabalho de corte e costura que envolve orquestrações e cadências roqueiras muito próximas de grupos como os godspeed you! black emperor ou os Rachel's, cosidas com a mais fina linha que costureiros de elite como DJ Shadow, Amon Tobin ou o português Kubik utilizam nas suas obras. Escutam-se muitos violinos e violoncelos, muitas guitarras eléctricas, conjuntos completos de bateria e percussão, saxofones, bandolins, realejos, blips, clicks e outros ornatos electrónicos, pássaros e passarinhos, estranhas vozes e estranhos sussurros, ruídos dispersos e um conjunto aparentemente inesgotável de outras fontes sonoras. Perpassa por todo o disco uma velha ideia de cinematografia que lhe confere um charme romântico que nos habituámos a conhecer em certas cenas indie europeias, como a da Islândia dos Sigur Rós, Múm e Apparat Organ Quartet. Mas agora é (ou parece ser) a vez do Japão dar cartas. O resto do catálogo da Noble, selo que começou precisamente com World's End Girlfriend, parece estar ali a dizer que é coisa para não ficar por aqui...
(8/10)
Ouçam We Are the Massacre e vejam também o videoclip.
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