A notícia acabou de chegar aos meus olhos neste momento. O choque é impossível de descrever e as razões para o sucedido desconheço-as. Só sei que o Sardinha era novo demais para desaparecer.
Conheci o Sardinha por volta de 1998, quando se ofereceu para ser o correspondente nortenho da Musicnet, que então eu dirigia. Desde essa altura e até ao fim do projeto, construímos cumplicidades e uma amizade fortíssima. Cada vez que ia ao Porto, encontrava um amigo que parecia conhecer desde sempre, um amigo que me recebia como poucos. Havia um respeito mútuo notável. E se o Sardinha era assim no conhaque, nem sei se vos consigo dizer como era no trabalho. Apesar de receber tuta e meia para fazer reportagens de vez em quando, ele era, de todos os colaboradores da casa, o verdadeiro jornalista, aquele que estava sempre atento à notícia, aquele que sabia o boato antes de ser boato, aquele que confirmava o boato antes de este já ser notícia por todo o lado. Desde o fim do projeto, afastámo-nos, Eduardo, e fui sentindo pena disso ao longo dos anos, mas que queres, é a vida, e a vida está sempre a andar para a frente. Até que pára, como agora parou para ti... Cedo demais.
Até sempre, meu amigo.
(Tem sido um ano difícil, este. Da família, dos amigos, as pessoas vão-me desaparecendo.)