terça-feira, 18 de setembro de 2012

A tragédia no Mali, também para a música

A tragédia humana pela qual o Mali passa desde o golpe de 22 de março deste ano está a produzir os seus efeitos na produção cultural daquela região, em particular na música. Habituámo-nos, nos últimos anos, a reconhecer a riqueza que provinha de um país com uma tradição ancestral forte, em que das famílias de griots -- os contadores de histórias que através da poesia e/ou da música vão passando conhecimento de geração em geração --, e não só, sobressaíam músicos aos quais o Ocidente tem prestado cada vez maior e mais merecida atenção.

Mas tudo isto está a perder-se. Já tínhamos tido, este ano em Sines, a denúncia de Oumou Sangaré, que tem aproveitado a sua digressão pela Europa para dar conta do que se vai passando no seu país. Neste artigo recente do El Pais, ficamos a saber que Niafunké, onde vivia a família do falecido Ali Farka Touré, é hoje uma aldeia fantasma. O Nordeste do Mali, onde muitas das manifestações culturais malianas aconteciam, incluindo o mítico Festival au Désert, é atualmente controlado por grupos de tuaregues que impuseram a lei islâmica, proibindo assim a música naquela região. No sul, na capital Bamako, onde outrora se acotovelavam produtores e agentes vindos do Ocidente à procura de novos talentos, está hoje, diz o artigo, irreconhecível, como resultado do clima de insegurança que por ali se vive. Muitos dos músicos estão, inclusive, a deixar os instrumentos de lado para se dedicarem a outras formas de sustento.

É todo o mundo que perde.

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