quinta-feira, 20 de junho de 2013

Hoje é dia de... Beautify Junkyards!

Já os conhecíamos pelo nome de Hipnótica. No ano passado, durante um fim de semana passado no Alentejo rural, começaram uma viagem de redescoberta de um património musical que os unia, a folk psicadélica dos anos 60. Sob o nome de Beautify Junkyards, visitaram o legado rico de gente como Vashti Bunyan, Nick Drake, Bridget St. John, Roy Harper, Linda Perhacs ou Donovan, entre outros, que agora se podem escutar num precioso álbum de estreia, lançado esta semana em formato CD. Para setembro, virá a edição internacional em vinil, pela holandesa Clear Spot.

Hoje é dia de apresentação do projeto à sociedade, em concerto no Musicbox. Os Beautify Junkyards sobem ao palco às 22h30. Os bilhetes custam 6 euros. Por mais 6 euros, poder-se-á trazer o disco para casa.





BEAUTIFY JUNKYARDS e o seu álbum de estreia
por Rui Miguel Abreu

Que música traz o vento? E que ritmos se podem adivinhar no quase invisível movimento das folhas das árvores quando apenas uma leve brisa sopra? E que harmonias se adivinham no canto dos pássaros? A relva quando cresce, faz algum som?
De certa maneira, a estreia dos Beautify Junkyards contém, por debaixo das guitarras e dos metalofones, por debaixo das subtis camadas de percussão, dos teclados, as respostas a todas essas perguntas. Mas descobri-­las significa aceitar-­se a imersão, o mergulho, nas canções que gravaram. Façam favor...
Os Beautify Junkyards nasceram como uma ideia paralela aos veteraníssimos Hipnótica, um grupo de pessoas que nunca recusou a experimentação para descobrir até onde afinal nos podem levar as ideias. Enquanto Beautify Junkyards e com formação alargada a novos elementos, J. Monsant, JP Daniel, Sergue, António Watts, Rita Vian e João Branco Kyron, tomaram duas decisões importantes. A primeira: descobrirem-­se em canções alheias, encontrarem uma identidade nos ecos distantes de temas que marcam uma certa tradição folk, mas que se estendem para lá disso também. A segunda decisão passou pela forma de abordagem a esse cancioneiro íntimo. E aqui entra outro elemento da banda, inesperado, mas incontornável: a própria natureza.
Com um estúdio móvel de captação, os Beautify Junkyards fugiram às quatro paredes do estúdio e descobriram, perdidos do mapa no Alentejo rural ou removidos dos caminhos turísticos no meio da serra de Sintra, recantos idílicos tocados pelo sol e aí captaram as bases de todas estas canções, permitindo que os microfones gravassem também tudo o que os rodeava. A expressão «harmonia com a natureza» foi inventada para descrever situações como esta.
Nestas viagens, além das guitarras e dos microfones e demais ferramentas de criar magia, acompanharam os Beautify Junkyards canções de Vashti Bunyan, Nick Drake, Bridget St. John, Roy Harper, Linda Perhacs e Donovan, todos eles nomes centrais na cena folk que adornou a década de 60 de cores ancestrais.
Mas no meio desses temas descobre-­se ainda espaço para uma fuga pelo território psicadélico tropical dos Mutantes, pelo caleidoscópio de cores psych folk dos Heron e ainda para os sonhos de um futuro projectado a partir do passado pelos Kraftwerk que sempre acreditaram, aliás, serem eles próprios os artesãos de um outro tipo de música folk.
Com arranjos planantes, que espelham certamente as cores, os aromas e as amenas temperaturas que serviram de cenário às gravações, Major Tom saiu da cápsula e já no estúdio deu os toques finais à visão dos Beautify Junkyards acrescentando-­lhes um outro tipo de espaço, mais interior e imaginado a partir das máquinas. Uma dimensão psicadélica. Pelo meio, os Beautify Junkyards coleccionaram participações de gente como i-­Wolf dos Sofa Surfers, Erica Buettner, uma cantora folk americana que reside em Portugal, Riz Maslen do projecto britânico Neotropic e ainda da cantora brasileira Karine Carvalho envolvida no projecto 3 na Massa. O resultado final conta com masterização de Ars Lindberg.
Neste álbum de estreia dos Beautify Junkyards há muito de sonho, há pseudónimos e máscaras, alguns segredos mais ou menos bem guardados, mas também há verdades universais e a natureza real que nos rodeia quando se foge do alcatrão e do betão. Há canções eternas e vivas e melodias que assombram as memórias. Há um desejo de partir à descoberta deixando para trás o presente, o futuro e até o passado. Para se descobrir um lugar sem tempo.
Nesse lugar, a música soa assim.

Alinhamento do Álbum

1:::Rose Hip November (Vashti Bunyan)
2:::From the Morning (Nick Drake)
3:::Radioactivity (Kraftwerk)
4:::Yellow Roses (Heron)
5:::Fuga no. 2 (Os Mutantes)
6:::Ask me no Questions (Bridget St John)
7:::Another Day (Roy Harper)
8:::Parallelograms (Linda Perhacs)
9:::Song for the Naturalist´s wife (Donovan)

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