sábado, 27 de janeiro de 2007

Quero ser africano

Tenho por hábito torcer o nariz sempre que oiço ou leio a expressão "música negra". Como se a música tivesse cor, como se um branco não pudesse aprender a tocar uma kora, um preto não pudesse tocar viola d'arco, um amarelo não pudesse ser mc de um colectivo de hip hop. Se estamos habituados a ver grupos de jazz com pianistas brancos e saxofonistas pretos é porque há mil e uma razões de ordem cultural, social e económica que assim o determinam. Não a raça.
Mas eu gostava de ser africano. Gostava de ter África na minha cabeça, na minha formação intelectual e cultural. De estar tão habituado a uma mbira ou uma kora como um europeu está a uma flauta de bisel ou as teclas brancas e pretas de um piano. De conhecer desde o berço aquele ritmo imparável, aquela demanda de mexer o corpo, de suar (e libertar as ferormonas) de alegria.

(Os Djumbai Jazz, que ontem passaram pela ZDB para uma estonteante oferta de ritmo às poucas pessoas que compareceram, fizeram-me sentir um pouco mais africano. São enormes estes guineenses. Podiam ir longe, se não estivessem por cá.)

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