HOUSES OF THE HOLY LED ZEPPELIN (Inglaterra)
Edição original: Atlantic
Produtor(es): Jimmy Page discogsallmusicwikipedia
Os Led Zeppelin, os quais confesso ter tido sempre alguma dificuldade em compreender, quase arriscaram a sua reputação neste disco, ao puxarem lustro a um certo ecletismo nas composições e nos arranjos, depois dos álbuns mais roqueiros I, II, III e IV. Há coisas estranhas -- mas, e talvez por isso, deliciosas -- como o reggae de "D'yer Mak'er" (youtube abaixo). Em 2003, a Rolling Stone colocou no 149º posto dos 500 melhores discos de sempre.
Reparem bem, ó lisboetas, qual foi a última vez que puderam ver os Mão Morta em pé -- que é como se deve assistir a um concerto de Mão Morta, porra! -- e com a qualidade de som tão boa como a do PA do Lux? Quando mesmo?
YOU'LL NEVER COME BACK THIRSTY MOON (Alemanha)
Edição original: Brain
Produtor(es): Jochen Petersen discogsallmusic
E eis que surge, então, o primeiro disco de um grupo alemão nesta lista (preparem-se, que a krautlândia era chão que dava uvas por estas alturas). Fusão de prog clássico com metais do jazz, talvez datada, mas que ainda oferece um gozo de todo o tamanho à escuta.
Depois de um hiato de 12 anos, os Blur estão aí com "Go Out", o avanço para o novo álbum "Magic Whip", que sai no final de abril próximo. Mas isso já não é novidade nenhuma. O que aqui trago são duas questões:
Na primeira vez que ouvi "Go Out", disse logo para os meus botões e para alguns amigos: não gosto. Parecia, e acho que o verbo é o mais apropriado, parecia demasiado desinspirado, demasiado seco, demasiado mecânico. Parecia a composição pop típica de quem já está farto da pop, de quem o faz por obrigação, de quem já não tem a verve juvenil de outrora, de quem já não perde horas e horas a compor uma canção e se vê remetido a um plano de dois ou três dias num estúdio alugado com o compromisso de criar material novo.
Mas, repito, parecia. Porque agora "Go Out", depois de ouvidas tantas vezes na rádio, já me soa diferente daquela que ouvi à primeira vez. Já consigo sentir uma certa familiaridade. Se antes não ia à bola com a canção, já estou a considerar comprar os bilhetes e dar-lhe um telefonema.
Ora, isto leva então a uma certa pergunta. Não é nova, mas não é discutida com frequência e é, parece-me, cada vez mais atual:
Que oportunidades damos hoje à música nova que ouvimos? E os que já levam alguns anos disto, tentem lá pensar no tempo em que ora tinham mais tempo para escutar música, ora não havia tantas rádios com playlists e programas de qualidade, ora não havia internet e praticamente qualquer disco que se faça no mundo inteiro ao alcance de dois ou três toques...
A segunda questão já é mais uma constatação. Ouve-se o "Go Out" e percebem-se ali técnicas, instrumentos, sons, etc., que nunca fariam parte do mainstream, nem dos Blur, de há 15 ou 20 anos. Talvez porque Brian Eno, Björk, os Radiohead e tantos, tantos outros, trouxeram material dos seus laboratórios (e de outros) para o terreno comum do mainstream, talvez por isso tenhamos coisas como esta "Go Out" em playlists e pronta a lançar os Blur para grandes digressões, a encerrar grandes festivais, para toda a gente.
Mas... sempre foi assim, não? É assim, através destas ondas de contaminação, que evolui a música ao longo dos tempos, não?
INTRODUCING HEDZOLEH SOUNDZ HUGH MASEKELA (África do Sul)
Edição original: Blue Thumb
Produtor(es): Hugh Masekela, Rik Pekkonen discogsallmusic
Depois de se fartar da aventura pelo jazz americano, o trompetista Hugh Masekela regressou à sua África natal, para um disco de jazz que não é só jazz, para um disco de afrobeat que não é só afrobeat. Chamaram-lhe afrojazz e tornou-se um clássico na discografia de Masekela, mesmo não sendo a maior parte do disco da sua autoria, mas dos Hedzoleh Soundz, a banda ganesa que o imperador do afrobeat, Fela Kuti, apresentou a Masekela, quando este andava à procura de músicos para o acompanharem no seu reencontro com África. E, a propósito de Hedzoleh Soundz, há aí uma reedição recente da Soundway...
MOTHER MALLARD'S PORTABLE
MASTERPIECE COMPANY MOTHER MALLARD'S PORTABLE MASTERPIECE COMPANY (EUA)
Edição original: Earthquack
Produtor(es): Mother Mallard's Portable Masterpiece Company discogsallmusicwikipedia
A Mother Mallard's Portable Masterpiece Company, que ainda hoje dá concertos, foi um dos primeiros grupos de sintetizadores. Aliás, o fundador David Borden foi um dos primeiros músicos a utilizar o minimoog, de Robert Moog, de quem aquele era próximo. Este é o álbum de estreia do grupo, tendo sido iniciado em 1970 e apenas editado em 1973.
-- não existe youtube ou spotify disponível para este álbum --
NERVOS DE AÇO PAULINHO DA VIOLA (Brasil)
Edição original: Odeon discogsallmusic
Se todas as faixas tivessem uma parte, quanto mais não fosse, da força de "Roendo as Unhas" (quarta faixa), uma pedra no charco do samba e do choro, este "Nervos de Aço" estaria muito mais para cima na lista. Mas, ainda assim, outros temas, como o que lhe dá título, ou "Sonho de Carnaval" ou ainda o rematador "Choro Negro", fazem deste disco uma referência óbvia na história daqueles géneros brasileiros.
ALOHA FROM HAWAII ELVIS PRESLEY (EUA)
Edição original: RCA
Produtor(es): Joan Deary, Marty Pasetta discogsallmusicwikipedia
Uma coisa à grande, à americana, o concerto de Elvis no Hawaii em Janeiro de 73, foi transmitido via satélite, tecnologia que ia dando os primeiros passos na altura, para Europa e Ásia (os americanos só o viram mais tarde, porque, apesar de tudo, o superbowl daquela mesma noite continuava a ser mais importante). Ainda é hoje o evento mais visto da história da televisão, estimando-se que 1,5 mil milhões de pessoas o tenham acompanhado. Apanha Elvis ainda em grande forma, mesmo à beira do início do fim da sua carreira.
Para ver se animamos um pouco o tasco amarelo, volta a lista dos 100 melhores álbuns de 1973, agora com a promessa de a levar até ao fim, e agora também privilegiando fontes de áudio que permitam a escuta completa do disco em causa.
O n.º 100 vêm aí já a seguir.
Hoje, o coletivo de Braga (e de Lisboa e do Porto, ok), vem à ZDB apresentar o seu segundo álbum, "SSSUUUNNN", uma lição de matemática prog que parece estar cada vez mais bem estudada. Primeira parte: Kilimanjaro e Marvel Lima. Bilhetes a 6 e 12 euros (este incluindo o disco dos Equations). Mais informação aqui.
Está de regresso ao nosso país o duo franco-italiano Putan Club, de François R. Cambuzat (L'Enfance Rouge) e de Gianna Greco. Hoje não serão acompanhados de Lydia Lunch, a menos que haja alguma surpresa. Além do concerto no Lounge, hoje, o duo, que já esteve em Viseu na passada segunda-feira, vai ainda passar pelos seguintes locais:
sexta feira | 20 de Fevereiro | 23h
Quina das Beatas
Centro de Artes e Espectáculo
Praça da República, 39 - Portalegre
entrada: 3 euros
sábado | 21 de Fevereiro | 21h30
(+ Los Saguaros)
Casa da Cultura
Rua Detrás da Guarda, 26-34 - Setúbal
entrada: 3 euros
segunda feira | 23 de Fevereiro | 22h30
Projectil
Travessa da Rua do Caires, 39 - Braga
entrada: contribuições livres
terça feira | 24 de Fevereiro | 22h
(+ Tren Go! Sound System)
Cave 45
Rua das Oliveiras, 45 - Porto
entrada: 6 euros
quarta feira | 25 de Fevereiro | 22h
Mercado Negro
Rua João Mendonça, 17 - Aveiro
entrada: ?
À partida, estes dois textos não têm nada a ver um com o outro, tirando o facto de os ter lido um após o outro, tirando o facto de descreverem realidades locais bastante distintas. Mas são de serem lidos:
No Rede Angola, a minha querida Aline Frazão, que anda em digressão por terras africanas, fala com paixão de Addis Abeba, capital da Etiópia, em "O segredo de Addis".
Pois assim parece. Os congoleses Konono nº1, o grupo de músicos das ruas de Kinshasa que a Crammed ajudou a rebentar por esse mundo fora com o revolucionário "Congotronics", estão a trabalhar com Pedro Coquenão, o senhor Batida. Vem aí álbum e concertos, já muito em breve.
Aguardemos novidades!