quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 53



INTERNATIONAL HEROES
KIM FOWLEY (EUA)
Edição original: Capitol
Produtor(es): Jeffrey Cheen
discogs allmusic

Ajudou um número quase infindável de artistas, enquanto produtor, compositor de canções, manager, editor e tudo o mais, tanto na América como em Inglaterra. O rock'n'roll nunca teria sido como foi se não fosse esta personagem frequentemente esquecida, que aos 72 anos ainda continua por aí a dar pontapés à margem da grande indústria. Tem uma discografia a solo impossível de desprezar (e de encontrar, por vezes) e tinha que aparecer nesta colheita de 73 com este disco magnífico, recheado de muita pop americana, muito glam, o que é sublinhado na própria capa do disco, e já com muitas piscadelas de olho ao que seria, muitos anos depois, o pós-punk e a new wave britânica, atestando o seu reconhecido estatuto de visionário e pioneiro. "International Heroes" nunca foi reeditado, pelo menos oficialmente, em CD. Há cópias à venda por 80 dólares no eBay. É o problema que enfrentam habitualmente os colecionistas de Fowley.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O novo Gala Drop sai daqui a um mês



"Broda", o novo álbum dos Gala Drop, sai no dia 30 de março. Foi escrito e gravado com Ben Chasny, o Six Organs of Admittance e guitarrista dos Comets on Fire, durante a sua última passagem por cá para concertos. A mistura e a masterização ficaram novamente a cargo de Rafael Toral. O álbum será editado em 12 polegadas pela própria Gala Drop Records, tendo distribuição nacional da Mbari e internacional (Europa, EUA e Japão) da influente Honest Jon's.

Entretanto, o grupo prepara-se para viajar pela Europa, durante o mês de março, em mais uma digressão:

13 @ Coimbra, Salão Brasil
14 @ Azkoitia, Matadero Ekintzak
15 @ Pau, La Centrifugueuse
16 @ Paris, Espace B
17 @ Caen, La Loupiote
18 @ Lille, La Peniche
20 @ Haia, 330 Live
21 @ Colónia, King Georg
22 @ Bruxelas, Ateliers Claus
23 £ Amesterdão, OCCII
24 @ Antuérpia, Muziekclub Petrol
26 @ Toulouse, TBA
28 @ Barcelona, Centro Gallego
29 @ Madrid, El Perro
30 @ Lisboa, Lux (c/Hype Williams e Tropa Macaca, e DJ sets de Kyle Hall e de Brian DeGraw // bilhetes a 12€ à venda a partir de amanhã)
31 @ Guimarães, Centro Cultural Vila Flor

Os Gala Drop vão ainda também ao Primavera Sound do Porto, no início de Junho, e ao Boom, em Idanha-a-Nova, no início de Agosto.

http://soundcloud.com/gala-drop/broda/s-XmEeD

100 discos de 1973, n.º 54



NOVOS BAIANOS F.C.
NOVOS BAIANOS (Brasil)
Edição original: Continental
Produtor(es):
discogs allmusic wikipedia

Para pito, para grito e o menino deixa a vida pela bola...
Só se não for brasileiro nessa hora


Música e futebol. O grande cliché brasileiro. Nesta altura, os Novos Baianos viviam em comunidade numa quinta, ou melhor, num sítio, o sítio do vovô, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro. Vinham da Bahia e tinham a fama de não se deixarem levar por empresários ou editoras, consagrando a independência no seu estatuto. Tinham já dois álbuns, "É Ferro na Boneca" e "Acabou Chorare" (o primeiro lugar da lista dos 100 melhores discos brasileiros de sempre da Rolling Stone Brasil). Naquele sítio, passavam o tempo a fazer música e a jogar à bola. Dizia-se que mais do que uma banda, mais do que uma família, os Novos Baianos eram uma equipa de futebol. Vale muito a pena ver o documentário gravado com base neste disco (youtube abaixo).

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nova jam dos Lightning Bolt, que encontraram um anel no ouvido

Para compra, descarga livre ou escuta em streaming no bandcamp.

100 discos de 1973, n.º 55



BONGO ROCK
THE INCREDIBLE BONGO BAND (EUA)
Edição original: Mr. Bongo
Produtor(es):
discogs allmusic wikipedia

The Incredible Bongo Band nunca foi, na verdade, uma verdadeira banda, mas sim um daqueles projetos de laboratório, com sucesso, que acabou por estabelecer a patente de uma fórmula revisitada ao longo das décadas e frequentemente constituída por alguns, senão mesmo pela totalidade, destes ingredientes: surf, exotismo, muitos bongos ou congas e muitos metais. Michael Viner era gestor na MGM Records, em 1972, quando lhe foi atribuída a tarefa de acrescentar alguma música à banda sonora do filme de terror de série B "The Thing with Two Heads". Com o compositor Perry Botkin Jr., criou "Bongo Rock" e "Bongolia", canções cujo sucesso comercial fizeram a dupla levar o trabalho à edição deste álbum. Em 1974 houve outro álbum e a fake band ficou-se por aí, tendo o material vindo a assistir, mais tarde, os pioneiros do sample no hip hop, ou, ainda muito mais tarde, no drum'n'bass. As versões de "Let There Be Drums" e "Apache" marcam presença mais ou menos habitual no Bailarico Sofisticado.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 56



AFRODISIAC
FELA KUTI (Nigéria)
Edição original: Regal Zonophone
discogs allmusic

E aqui está o outro álbum de Fela Kuti nesta lista. Resulta da compilação de singles lançados previamente na Nigéria e regravados, de propósito para este álbum, em Londres. Todos os temas são cantados numa língua local. "Jeun Ko Ku" (youtube abaixo) foi o primeiro grande hit de Fela na Nigéria, tendo vendido 200 mil discos em meio ano. "Alu Jon Jonki Jon" baseia-se numa história africana a respeito de um cão que esconde a sua progenitora no céu durante uma época de fome (leiam-na aqui).

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 57



CHICO CANTA
CHICO BUARQUE (Brasil)
Edição original: Phonogram/Philips
Produtor(es): Roberto Menescal
discogs allmusic wikipedia

A minha tristeza não é feita de angústias
A minha tristeza não é feita de angústias
A minha surpresa
A minha surpresa é só feita de fatos
De sangue nos olhos e lama nos sapatos
Minha fortaleza
Minha fortaleza é de um silêncio infame
Bastando a si mesma, retendo o derrame
A minha represa

(In "Fortaleza")

É um disco à parte na carreira de Chico Buarque. É a banda sonora da peça "Calabar: o Elogio da Traição", escrita por Chico Buarque e Ruy Guerra. Censurada na altura da estreia -- tal como o próprio disco, que teve de sair com o nome que é conhecido até hoje e não com o mesmo da peça, e com dois dos temas, "Anna de Amsterdam" e "Vence na Vida Quem Diz Sim", em versão instrumental, desprovida da voz e das letras que não agradaram aos censores -- a peça contava a história de Domingos Calabar (séc. XVII) numa versão diferente daquela que a história guardou: a de um traidor à pátria portuguesa na altura das invasões neerlandesas do Nordeste brasileiro. Pela habitual via da metáfora, a peça questionava a propaganda oficial do regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985. "Chico Canta" é, portanto, uma banda sonora de uma peça, não tendo porém um tema musical central e recorrente, mas uma mistura generosa de géneros -- até fado aqui se encontra -- e de ideias diferentes para arranjos. Dificilmente entrará nas listas dos melhores discos de Chico Buarque, e até há quem se dedique a tecer-lhe duras críticas, mas se entendermos que este é um daqueles artistas em que até as obras menores se destacam entre as de outros menos propensos ao toque de génio, "Chico Canta" tem que aparecer nesta colheita de 73.

Esta noite, o CCB acolhe o mediterrâneo



Mistico Mediterraneo, projeto do trompetista sardenho Paolo Fresu, com o bandoneonista Daniele di Bonaventura e o coro corso A Filetta. O jazz da ECM aos banhos no mediterrâneo.

Mais nomes para o FMM

A organização do Festival de Músicas do Mundo de Sines revelou mais três nomes para o cartaz da edição deste ano. Três espetáculos originários de África. Do Mali vem a cantora e guitarrista Fatoumata Diawara. Do Níger, para um regresso a Portugal depois de um belo concerto ao fim da tarde no Jardim das Oliveiras do CCB, no ano passado, teremos o grupo Bombino. O terceiro nome é o de Jupiter & Okwess International, do Congo-Kinshasa, músico que se tornou um pouco mais conhecido para o mundo através de "The Dance of Jupiter", da dupla francesa Renaud Barret e Florent de la Tullaye, os mesmos que descobriram os Staff Benda Bilili, que encerraram o FMM de há dois anos. Jupiter participa também na última aventura por terras africanas de Damon Albarn, que resultou no disco "Kinshasa One Two", lançado no final do ano passado. Não há ainda datas para estas atuações. Mais informação aqui.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

dSCi: quatro, mas primeiro.

corta_unhas on Vimeo.


Os dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS, por aqui mui apreciados, vão lançar o seu primeiro álbum neste próximo sábado, com concerto no MusicBox. Para primeiro álbum, vem com o título "4", uma vez que, afinal, já é o quarto registo do grupo. Para trás ficaram, "I" e "II", EPs editados pelo próprio grupo, e a cassette "SADITREVNiSAIEHCLOcIMEsSAUd", pela A Giant Fern. "4", que pode ser escutado na íntegra no bandcamp dos semicolcheias, vai para já ter uma edição exclusiva em vinil, com selo partilhado entre o próprio grupo (através da Associação Terapêutica do Ruído), as editoras portuguesas A Giant Fern e Experimentáculo e as editoras italianas Another Shame, Eclectic Polpo, Fooltribe e Human Feather. À semelhança do que já aconteceu nos discos anteriores, irá haver mais tarde uma edição digital gratuita, através da Enough Records.

O concerto no MusicBox terá a primeira parte de Tapete, projeto de spoken word de Raquel Lima, que será acompanhada por saxofone, violoncelo, percussão e contrabaixo. Os bilhetes custam o habitual preço de 6 euros, com oferta de bebida. A meia-noite marca o início.

Depois do MusicBox, os dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS partem para a "Kebab Tour", mais uma digressão europeia, a quinta, em que passarão por mais de quinze países, ao longo de quase três meses:

Fevereiro
25 - Lisboa, MusicBox

Março
29 - Pontevedra, Liceo Mutante
30 - Xixón, TBA

Abril
3 - Bera, Kataku Ostatua
4 - Urretxtu, Urretxuko Gaztetxea
5 - Toulouse, The Petit London
6 - Tarbes, Celtic Pub
7 - Donostia, Mogambo
11 - Gasteiz, Ibú Hots
12 - Bordéus, L'Antidote
13 - Livernon, Le Clan Destin
14 - Clermont-Ferrand, October Equus
15 - Lyon, MJC Monplaisir
16 - Orléans, 5éme Avenue
17 - Caen, Ecuyes
19 - Reims, Appart Café
20 - Amiens, Accueil
25 - Utrecth, Bike Wars
27 - Wormerveer, De Groote Weiver
28 - TBA (Alemanha), TBA
30 - TBA (Alemanha), TBA

Maio
1 - Berlim, Rigaer 78
3 - Leipzig, Zoro
5 - Brno, Boro Klub
11 - Zagreb, Spunk
22 - Puglia, San Francisco Alessano
24 - Puglia, I Sotterranei Copertino
25 - Puglia, Notedivino Ruffano
27 - Lazio, DalVerme Roma
30 - Emilia-Rom, XM24

Junho
16 - Don Benito, Rincón Pío Sound

Águas das fontes não calai, ó ribeira não chorai...

...que ele não deixou de nos cantar nestes 25 anos.

100 discos de 1973, n.º 58



TUBULAR BELLS
MIKE OLDFIELD (Inglaterra)
Edição original: Virgin
Produtor(es): Tom Newman, Simon Heyworth, Mike Oldfield
discogs allmusic wikipedia

Estreia em disco de Mike Oldfield, multi-instrumentista que ficou famoso por duas coisas, essencialmente: este "Tubular Bells" e aquele "otoverme", para usar o termo perfeito do Miguel Esteves Cardoso, que é "Moonlight Shadow", single lançado dez anos depois. Esqueçamos rapidamente o segundo, se possível, tanto para mais quando temos no prato este "Tubular Bells", uma obra única na galeria essencial do prog, ou, quanto mais não seja, um lado A que merece ficar bem guardado na história da música feita nos anos 70. É o prog no seu formato menos obscuro, menos virado para dentro, chegando até a ter elementos pedagógicos e, simultaneamente, lúdicos, como mostram os momentos finais da primeira parte, em que a voz de Vivian Stanshall apresenta os instrumentos que se seguem no processo de aplicação e/ou substituição de camadas sonoras de Oldfield. É um disco que carrega consigo um número infindável de trivialidades trazidas com o tempo. O seu número de catálogo original é "V2001", o que o define como o primeiro lançamento da Virgin, de Richard Branson, que apostou no que outras editoras tinham rejeitado com o receio de não o saberem vender ("Tubular Bells" acabou por permanecer na tabela de vendas britânica durante... 279 semanas e é o 34º disco mais vendido de sempre no Reino Unido). Branson usou até o nome do disco para batizar alguns dos seus aviões. A capa do álbum rapidamente se tornou um ícone e há dois anos foi escolhida para ser um dos dez selos da restrita coleção com capas famosas dos correios britânicos, lado a lado com "London Calling", "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars", "Screamadelica", "Division Bell" ou "Parklife", entre outros. Muito do sucesso alcançado deveu-se, há que dizê-lo, à exposição mediática conseguida através do filme "Exorcista", do mesmo ano, onde se podia escutar o solo de piano que abre o disco.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Thurston em Lisboa vezes dois (e uma delas é mesmo no aquário!)

A ZDB acaba de anunciar que a vinda a Lisboa do Thurston Moore vai dividir-se por duas atuações diferentes.

A primeira, no dia 12 de Março, terá lugar no Teatro Trindade, e terá possivelmente "Demolished Thoughts", álbum do ano passado, como prato principal, bem como a companhia em palco de Samara Lubelski (violino), John Moloney (bateria) e Keith Wood (guitarra), à semelhança do que acontecerá, aliás, no dia anterior, no Centro Cultural Vila Flor, de Guimarães, no contexto da programação "Guimarães 2012, Capital da Cultura".

A grande novidade de hoje é que Thurston Moore vai também estar na própria ZDB, na sala Aquário, no dia 13, com "carta branca para fazer barulho ou tocar canções bonitas à acústica". A entrada para este concerto especial está reservada a sócios da ZDB, no contexto do programa de fidelidade que a galeria redesenhou no início deste ano e que pode aqui ser consultado.

100 discos de 1973, n.º 59



NEW YORK DOLLS
NEW YORK DOLLS (EUA)
Edição original: Mercury
Produtor(es): Todd Rundgren
discogs allmusic wikipedia

Quaisquer meia dúzia de palavras que se escrevam sobre a origem do punk terão que meter os New York Dolls ao barulho. Havia ali algo, logo neste disco de estreia, que lembrava os primeiros discos dos Rolling Stones, o glam de Marc Bolan (na música e no visual claramente andrógino) ou o rock pesado dos MC5 ou dos Stooges, mas os Dolls estavam a oferecer algo que, ao mesmo tempo, era substancialmente diferente do que se fazia à altura. Diferente e polémico: numa votação levada a cabo pela Creem (a influente revista de rock'n'roll, da qual se diz ter inventado o termo "punk rock" e que na altura tinha como editor o mítico Lester Bangs), o grupo ganhava em ambas as categorias de melhor e... de pior grupo de 1973.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 60



TANX
T. REX (Inglaterra)
Edição original: EMI / T.Rex Wax Co
Produtor(es): Tony Visconti
discogs allmusic wikipedia

Diz-se que Marc Bolan queria deixar para trás o glam, que na altura reinava no Reino Unido e do qual foi um dos principais impulsionadores, com o intuito de se aproximar das audiências americanas. Em "Tanx" surgiam novos efeitos de guitarra, coros femininos, metais, novos truques de estúdio. Mas seria a queda no abismo, com a formação dos T. Rex a desintegrar-se durante as próprias gravações e Bolan cada vez mais sozinho. Mais discos viriam a ser editados até à morte de Bolan a 16 de setembro de 1977, mas "Tanx" foi o desfecho de uma carreira de sucessos atrás de sucessos.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Procura-se mochila com CDs (ou pistas)

O meu bom amigo António Pires foi assaltado este fim-de-semana, depois de ter estado a passar música no Povo, no Cais do Sodré. Qualquer ajuda que pudesse levar o António a recuperar pelo menos parte dos discos será muito bem-vinda.
(...) na noite de sábado (por volta das quatro e meia), fui assaltado à porta de casa -- em Massamá -- depois de uma sessão de DJ no Povo, Cais do Sodré. Estou bem (não me agrediram), mas roubaram-me uma mochila cheia de CDs --. cerca de 50 a 60 --, todos originais, à exepção de um ou dois. Entre os CDs contam-se discos de fado e outra música portuguesa (Oquestrada, Real Combo Lisbonense...), inúmeras colectâneas de música africana, latino-americana e world music em geral, alguns discos de reggae (Bob Marley, Alpha Blondy, colectâneas), Manu Chao (dois), Freshlyground, Miriam Makeba, Rachid Taha, Caravane Palace, Amy Winehouse, La MC Malcriado, Os Tubarões, M.I.A., Major Lazer, Tom Jones, Marvin Gaye, etc, etc, etc... E, como era sábado de Carnaval, até coisas como "Sambas de Enredo", "Disco Fever", "Divas Exotica", "Como Fazer Strip Para o Seu Marido"... Se, por acaso, detectarem algumas coisas destas que chamem mais a atenção em lojas de discos em segunda mão (virtuais ou as Carbonos ou Cash Converters), na Feira da Ladra (onde eu irei amanhã) ou assim, digam-me por favor. E-mail: pires.ant@gmail.com

100 discos de 1973, ponto de situação (61-100)

(Como tudo começou: prólogo.)

61. BETTY DAVIS "Betty Davis" (post)
62. RAUL SEIXAS "Krig-Ha, Bandolo!" (post)
63. BRUCE SPRINGSTEEN "Greetings From Asbury Park, N.J." (post)
64. SECOS & MOLHADOS "Secos & Molhados" (post)
65. BUFFY SAINTE-MARIE "Quiet Places" (post)
66. EDU LÔBO "Edu Lôbo [aka Missa Breve]" (post)
67. GONG "Angel's Egg" (post)
68. BERT JANSCH "Moonshine" (post)
69. BRUCE SPRINGSTEEN "The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle" (post)
70. FELA KUTI "Gentleman" (post)
71. PAUL SIMON "There Goes Rhymin' Simon" (post)
72. STEVIE WONDER "Innervisions" (post)
73. YOKO ONO "Feeling the Space" (post)
74. VAN MORRISON "Hard Nose the Highway" (post)
75. RAIL BAND "Buffet Hotel de la Gare Bamako" (post)
76. JETHRO TULL "A Passion Play" (post)
77. AHEHEHINNOU VINCENT & ORCHESTRE-POLY-RYTHMO DE COTONOU DAHOMEY "Ahehehinnou Vincent & Orchestre-Poly-Rythmo De Cotonou Dahomey" (post)
78. BETWEEN "And the Waters Opened" (post)
79. THE WHO "Quadrophenia" (post)
80. AMON DÜÜL II "Vive La Trance" (post)
81. BLACK SABBATH "Sabbath Bloody Sabbath" (post)
82. JOAN BAEZ "Where Are You Now, My Son?" (post)
83. PETER HAMMILL "Chameleon in the Shadow of the Night" (post)
84. EMBRYO "We Keep On" (post)
85. POPOL VUH "Seligpreisung" (post)
86. THE ROLLING STONES "Goats Head Soup" (post)
87. CONRAD SCHNITZLER "Rot" (post)
88. LINK WRAY "Be What You Want To" (post)
89. ELVIS PRESLEY "Elvis" (post)
90. NEIL YOUNG "Time Fades Away" (post)
91. THIN LIZZY "Vagabonds of the Western World" (post)
92. LYNYRD SKYNYRD "(pronounced 'lĕh-'nérd 'skin-'nérd)" (post)
93. PLANXTY "The Well Below the Valley" (post)
94. ASH RA TEMPEL "Starring Rosi" (post)
95. LED ZEPPELIN "Houses of the Holy" (post)
96. THIRSTY MOON "You'll Never Come Back" (post)
97. HUGH MASEKELA "Introducing Hedzoleh Soundz" (post)
98. MOTHER MALLARD'S PORTABLE MASTERPIECE COMPANY "Mother Mallard's Portable Masterpiece Company" (post)
99. PAULINHO DA VIOLA "Nervos de Aço" (post)
100. ELVIS PRESLEY "Aloha from Hawaii" (post)

100 discos de 1973, n.º 61



BETTY DAVIS
BETTY DAVIS (EUA)
Edição original: Just Sunshine Records
Produtor(es): Greg Errico
discogs allmusic wikipedia

Betty Davis carrega até hoje o apelido de Miles Davis, com quem esteve casada durante apenas um ano (67/68). Depois do casamento, Betty foi para Londres trabalhar como modelo, tendo regressado aos EUA no início dos anos 70, com o objetivo de gravar com Carlos Santana (que mais tarde a definiria como "a mulher Black Panther verdadeiramente feroz", que ninguém podia domesticar). Com a ajuda de Greg Errico, baterista dos Sly and the Family Stone, reuniu uma série de (excelentes) músicos da costa leste para gravar o seu próprio material. O resultado é este disco de estreia, um conjunto explosivo de funk carregado de atitude, com letras com conteúdo sexual explícito, o qual viria aliás a prejudicar a divulgação do disco.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 62



KRIG-HA, BANDOLO!
RAUL SEIXAS (Brasil)
Edição original: Philips
Produtor(es): Marco Mazzola, Raul Seixas
discogs allmusic wikipedia

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

(in "Ouro de Tolo")

Citado como o primeiro álbum a solo de Raul Seixas, este "Krig-Ha, Bandolo!" (o título vem do grito de guerra do Tarzan) não foi a estreia em discos deste que foi um dos maiores génios chanfrados do rock brasileiro. Já tinha havido "Raulzito e os Panteras" (1968) e o estranho "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez" (1971), que fez Raul ser despedido da CBS. "Krig-Ha, Bandolo!" traz grandes temas, como "Metamorfose Ambulante" (recentemente recuperado pelo filme "Cidade de Deus"), "Mosca na Sopa" ou "Ouro de Tolo". Também traz muito azeite, pelo menos aos ouvidos de hoje: tal como Alceu Valença, em Seixas foi sempre muito ténue a linha de separação entre a genialidade e o espalhanço. Em 2007, a Rolling Stone Brasil escolheu-o para 12º melhor álbum brasileiro de sempre.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 63



GREETINGS FROM ASBURY PARK, N.J.
BRUCE SPRINGSTEEN (EUA)
Edição original: Columbia
Produtor(es): Mike Appel, Jim Cretecos
discogs allmusic wikipedia

Primeira etapa da carreira de Bruce Springsteen, "Greetings from Asbury Park, N.J.", trazia logo no título a referência incontornável ao estado que viu nascer e crescer o músico. Aos 23 anos, acompanhado por aqueles que viriam a ser conhecidos por E Street Band, Springsteen aparecia com um conjunto de temas folk com arranjos elétricos onde já falava com romance, poesia e esperança de episódios mais difíceis da vida urbana, naquela que rapidamente se tornou a imagem de marca do escritor de canções. Facilmente se compreendem as comparações com Bob Dylan, que tinha assinado pela Columbia uma década antes, e Van Morrison. Não vendeu muito, tal como o sucessor "The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle", do mesmo ano (mais abaixo nesta lista), mas ambos os discos fizeram de Springsteen um favorito da crítica.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Hoje é dia d'Isto Não é uma Festa Indie, a segunda em Lisboa

E com este venezuelano, Algodón Egipcio, no Lounge, a partir das 22h (tomem nota que o Lounge anda a começar os concertos quase-quase às horas marcadas, bem mais cedo do que era habitual). Mais informações aqui ou aqui.

100 discos de 1973, n.º 64



SECOS & MOLHADOS
SECOS & MOLHADOS (Brasil)
Edição original: Continental
Produtor(es): Moracy do Val
discogs allmusic wikipedia

Era preciso descaramento. No período mais feroz da ditadura militar, surgia um grupo que desafiava com composições de risco, com letras de risco, com a voz e a postura de risco de Ney Matogrosso. Havia mais alguém a arriscar dizer, ao lado dos tropicalistas, que o Brasil não era só bossa nova. Felizmente para os Secos & Molhados, que se estreavam com este disco, o rasgo estético colhia as maiores simpatias no público e na crítica. Foi sucesso de vendas com um milhão de vendas (até em Portugal) em menos de um ano -- só não vendiam mais do que Roberto Carlos, mas até o "rei" se viu obrigado a aproximar o seu som do novo rock trazido pelos Secos & Molhados. É o quinto lugar da lista dos 100 maiores discos da música brasileira da Rolling Stone Brasil, publicada em 2007.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 65



QUIET PLACES
BUFFY SAINTE-MARIE (Canadá)
Edição original: Vanguard
Produtor(es): Norbert Putnam, Buffy Sainte-Marie
discogs allmusic wikipedia

Começa-se por estranhar a voz estridente de Buffy Sainte-Marie (o All Music Guide chama-lhe entrada à Tina Turner), mas o disco desenvolve depois para temas ora intimistas, ora explosivos, como este esquecido "She'll Be Comin' Round the Mountain When She Comes" (youtube abaixo), que remete muito para outros grupos da altura como os Jefferson Airplane (e, claro, para a voz também estridente da Grace Slick). O nono disco de Buffy Sainte-Marie é composto por temas próprios e várias versões, incluindo uma canção da conterrânea Joni Mitchell ("For Free"), duas de Randy Newman ("Why You Been Gone So Long" e "Have You Seen My Baby", entre outras.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 66



EDU LÔBO [AKA MISSA BREVE]
EDU LÔBO (Brasil)
Edição original: Odeon
Produtor(es): Milton Miranda
discogs allmusic

É possivelmente a obra maior de Edu Lobo, ao lado de "O Grande Circo Místico" com Chico Buarque (1983). E a mais obscura. O lado B do disco é... uma missa, por vezes cantada em latim, sob arranjos de formato ora popular, ora erudito. Diz-se que a ideia já vinha de Carlos Lyra, que pretendia fazer um disco de intervenção no formato de uma "missa agrária". A voz de Milton Nascimento pode ser escutada em "Oremus". Outro entre os vários músicos convidados foi Dorival Caymmi.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sangue novo

Chamam-se Beautify Junkyards, são de Lisboa, reúnem elementos dos Hipnótica e deverão lançar álbum este ano.
(E, PORRA, NÃO DEIXEM DE OUVIR A VERSÃO ESTUPIDAMENTE BELA DO "ROSE HIP NOVEMBER", DA VASHTI BUNYAN, QUE ESTÁ NO BANDCAMP!)



Mais em:
beautifyjunkyards.bandcamp.com
facebook.com/beautifyjunkyards

100 discos de 1973, n.º 67



ANGEL'S EGG
GONG (França/Inglaterra)
Edição original: Virgin
Produtor(es): Gong, Giorgio Gomelsky
discogs allmusic wikipedia

Segundo volume da trilogia "Radio Gnome Invisible", iniciada com "Flying Teapot", também lançado neste ano (esperem-no nesta lista, numa posição bastante mais cimeira). Na altura, ainda o termo math rock não era usado nas páginas da crítica musical, mas o prog dos Gong, especialmente neste "Angel's Egg", tinha toda a complexa malha de estruturas rítmicas que mudavam constantemente, de guitarras e metais que desenhavam mais ângulos agudos do que um aluno de trigonometria, tal como a voz do louco Daevid Allen, que ia instrumentando a mitologia da trilogia.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Podem vir a ser a maior surpresa de 2012

São um quinteto de miúdos, chamam-se Nice Weather for Ducks, são de cá, mais propriamente da pequena freguesia de Carreira, no concelho de Leiria, e têm, para já, um single, "2012", que promete tudo. O álbum de estreia está disponível para descarga livre aqui.



Mais em:
niceweatherforducks.com/
www.facebook.com/niceweatherforducks5
www.myspace.com/niceweatherforducks5

100 discos de 1973, n.º 68



MOONSHINE
BERT JANSCH (Escócia)
Edição original: Reprise
Produtor(es): Danny Thompson
discogs allmusic wikipedia

Oitavo álbum de Bert Jansch, uma das figuras proeminentes do revivalismo da folk das ilhas britânicas nos anos 60 e 70. Fez parte dos Pentangle, mas isso não o impediu de se dedicar ao seu projeto solo, antes, durante e depois, até ao seu falecimento, em outubro do ano passado. Os Pentangle suspenderam a sua atividade alguns meses depois da gravação por Jansch deste "Moonshine", disco que acabou por ficar na sombra dos trabalhos mais tardios da banda.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 69



THE WILD, THE INNOCENT & THE E STREET SHUFFLE
BRUCE SPRINGSTEEN (EUA)
Edição original: Columbia
Produtor(es): Mike Appel, Jim Cretecos
discogs allmusic wikipedia

Segundo álbum de Springsteen -- a estreia, com "Greetings From Asbury Park, N.J.", foi também neste ano de 1973 e é de esperarem encontrá-la também nesta lista, mais lá para a frente. Tido por muitos como um dos seus melhores trabalhos (e pelo próprio Springsteen que o tocou na íntegra num concerto no Madison Square Garden, há dois anos), ainda que apenas tenha tido reconhecimento comercial quando Springsteen explodiu para o mundo com "Born to Run", em 1975, este "The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle" ajuda, já nesta altura, a definir os contornos daquele que tem sido, na opinião deste vosso escriba, o confronto recorrente na história do músico mais icónico de Nova Jérsei: composições magníficas, algumas delas mesmo praticamente inumanas de tão fora-de-série que são, contra arranjos que frequentemente resvalam para a tina do azeite, daquele que escorre das secções de metais que realçam o que já está realçado por natureza, daquele que é salpicado pelos teclados que surgem mais altos do que tudo o resto apenas para ferirem os nossos ouvidos. E isto é tanto mais provável de acontecer quanto mais está envolvida a E Street Band, que aqui ainda não havia sido batizada como tal. Mas, atenção, nem este é o exemplo mais flagrante deste confronto, nem o azeite sai vencedor, nem o disco deixa de poder ser ouvido do princípio ao fim as vezes que queiramos, na época em que queiramos.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 70



GENTLEMAN
FELA KUTI (Nigéria)
Edição original: EMI
Produtor(es): Fela Kuti
discogs allmusic

Africa hot, I like am so...
I know what to wear
But my friends don't know
E put im socks
E put im shoe
E put im pant
E put im singlet
E put im trouser
E put im shirt
E put im tie
E put im coat
E come cover all with him hat
E be gentle man!
E go sweat all over
E go faint right down
E go smell like shit
E go piss for body, e no go know
I no be gentuluman at all O
I be Africa Man Original


Eis o imperador do afrobeat em todo o seu esplendor de ritmo e afirmação política. Em crioulo nigeriano, Fela Ransome Kuti (aqui ainda não tinha trocado Ransome por Anikulapo) atacava a mentalidade colonial que alguns dos seus conterrâneos continuavam a exibir depois da saída dos ingleses do país, ilustrada pelo ridículo do uso de fato e gravata num continente onde o calor é incontornável, ao mesmo tempo que proclamava a afirmação africana pela qual lutou até ao fim da vida. "Gentleman" marca também a adoção de mais um papel para Kuti, o de saxofonista tenor, ao qual depressa se adaptou depois da saída do saxofonista Igo Chico dos Africa 70, a banda que então acompanhava Kuti. "Gentleman" é essencialmente composto pelo tema que lhe dá título, uma longa improvisação de quase quinze minutos. No lado B, surgem "Fefe Naa Efe" e "Igbe". Este é o segundo disco de Kuti em 1973. O outro foi "Afrodisiac", que também irá aparecer nesta lista.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Steve Shelley é daqueles tipos que dorme apenas duas horas por dia

Steve Shelley, que vai fazer 50 anos no próximo mês de junho, não pára. O pendurar de botas dos Sonic Youth dar-lhe-á ainda mais tempo para se dedicar a outros projetos, seguramente, mas o lugar que, desde 1985, ocupava atrás da bateria do grupo nova-iorquino (ou que ainda ocupa, se quisermos ser otimistas), não o impediu, nos tempos mais recentes, de ser, por exemplo, patrão da Smells Like Records, que lançou os Blonde Redhead e a Cat Power ou recuperou os discos do Lee Hazlewood, entre outros, de ser o gestor dos selos SYR e Goofin', dos próprios SY, de manter atualizada a sua participação no blip.fm, de blogar no vampireblues.net, ao lado de Chris Lee, John Agnello e Howe Gelb, e, claro, de ser baterista de meio mundo, ora em estúdio, ora ao vivo, ora em ambos os contextos. Em 2007, esteve no coletivo The Million Dollar Bashers. Em 2009, gravou e fez concertos pelos The High Confessions, com Chris Connelly, dos Revolting Cocks e dos Ministry. Desde 2010 que anda a viajar pelo mundo a tocar Neu!, com Michael Rother e Aaron Mullan, nos Halogallo 2010. No ano passado, juntou-se aos Disappears, uma banda de Chicago que se prepara agora para lançar o terceiro álbu, via Kranky, e que conta com Shelley para a digressão por várias cidades americanas e europeias. O próximo álbum (e a digressão) do M. Ward também conta com ele na bateria. Ao longo dos últimos cinco anos, e se não contarmos com os SY, já entrou em mais de 15 discos. Procrastinar? Nunca. Gosto de gente assim.

100 discos de 1973, n.º 71



THERE GOES RHYMIN' SIMON
PAUL SIMON (EUA)
Edição original: Columbia-Warner
Produtor(es): Paul Simon, Phil Ramone, Muscle Shoals Rhythm Section, Paul Samwell-Smith, Roy Halee
discogs allmusic wikipedia

Conseguisse todo o álbum alcançar a boa disposição paulsimonesca do tema de abertura, "Kodachrome" (youtube abaixo), e teríamos aqui um clássico. Ainda assim, "There Goes Rhymin' Simon" tem sido muito bem recebido desde que saiu pela crítica generalista: duas nomeações para grammy (melhor voz masculina e álbum do ano), posição 267 na lista dos 500 melhores álbuns de sempre da Rolling Stone,

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Os primeiros nomes do fêmêmê são grandes demais

Primeiro, uma pequena historieta. Andava eu, aqui há meses, pelas ruas frias de Riga, quando vejo cartazes para um espetáculo a acontecer em breve com o mítico trompetista sul-africano Hugh Masekela, sucesso nos meios do jazz norte-americano, músico de Bob Marley nos seus primeiros discos, figura incontornável do afrobeat ao lado de Fela Kuti, companheiro de estrada de Paul Simon durante a digressão de "Graceland", marido durante algum tempo da não menos mítica Miriam Makeba, etc. "Mas estes cabrões destes letões têm o Masekela por cá e nós não?", pensava eu com a inveja de habitante de país pequenino e periférico para com outro país pequenino e periférico. Pois esse desequilíbrio vai ser desfeito e a inveja vai sumir porque, aos 73 anos, virá a Portugal, para um concerto no FMM Sines. Esta é uma das duas primeiras revelações do programa do festival. Masekela toca no castelo, dia 28 de Julho, o último sábado. Seria perfeito se do alinhamento do concerto constasse o tema... "Vasco da Gama":



Mas há mais. O segundo nome anunciado para o cartaz do FMM 2012, neste caso, um par de nomes, é outra bomba. Desde há muito considerado como o melhor intérprete de banjo do mundo, o norte-americano Béla Fleck junta-se a um nome gigantesco da música africana, que já passou pelo palco do FMM: a maliana Oumou Sangaré. A colaboração conjunta resulta de um projeto que Fleck tem levado a cabo em África desde 2005 e que resultou em vários discos, um dos quais "Throw Down Your Heart, Africa Sessions Part 2", com Sangaré, que ganhou o Grammy para melhor álbum de world music no ano passado. Fleck e Sangaré tocam no castelo, no primeiro sábado, 21 de Julho. (Ah, o Fleck não vem com os seus Flecktones, pelo que ainda não será desta que teremos oportunidade de deixar cair o queixo no chão ao ver ao vivo o baixista Victor Wooten...)



O FMM Sines tem lugar, como já é habitual, nos últimos dois fins-de-semana de Julho. Mais informações aqui.

Hoje temos rockalhame na ZDB

Vêm de Brooklyn, têm dois álbuns e alguns EPs e chamam-se The Men (não confundam com os outros MEN formados por fulanas das Le Tigre e igualmente provenientes de Brooklyn ou ainda com os The Men da Califórnia que tiveram algum sucesso comercial nos anos 90). Na primeira parte há Loosers. Mais informação aqui.

100 discos de 1973, n.º 72



INNERVISIONS
STEVIE WONDER (EUA)
Edição original: Tamla
Produtor(es): Stevie Wonder, Robert Margouleff, Malcolm Cecil
discogs allmusic wikipedia

É um dos melhores discos de Stevie Wonder. É também um dos mais pessoais, já que o músico toca todos os instrumentos (ou quase todos) em pelo menos seis das nove faixas que compõem "Innervisions". Ganhou um Grammy para melhor álbum do ano (Wonder já tinha um Grammy para melhor performer masculino com o anterior "Talking Book"), tendo ficado associado ao grave acidente que o músico sofreu apenas três dias após o lançamento do disco. A Rolling Stone escolheu-o para 23º melhor álbum de sempre na lista que publicou em 2003.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O relato dos Tinariwen, escondidos no mato

O surto de violência que eclodiu na semana passada na região de Tombuctu, no nordeste do Mali, apanhou de surpresa, e da pior maneira, muitos dos habitantes daquela região, que se têm vistos obrigados a abandonar em massa as suas casas. No meio do conflito estão os Tinariwen que deram hoje o seu testemunho da situação, via facebook:
‎"Hi everyone. Soon after the uprising broke out last week, people started leaving the centre of our home villages, to avoid any fighting between the rebels and the Malian army. We've been out here in the bush, for quite a few days, with many women, children and old people. Some of us are suffering from hunger and the terrible cold. It's really very very cold at night around this time of year. Things are tough for sure, but everyone is holding up. Thanks to everyone for their thoughts and prayers for us. Keeping sending them. We really hope that everything is going to be ok. Thanks, Tinariwen."

Na próxima sexta-feira, há...

100 discos de 1973, n.º 73



FEELING THE SPACE
YOKO ONO (Japão)
Edição original: Apple
Produtor(es): John Lennon, Yoko Ono
discogs allmusic wikipedia

"Feeling the Space" não é um disco de experiências como tinham sido os primeiros dois álbuns. A mudança já se apercebia no anterior "Approximately Infinite Universe", também de 1973. É um disco de canções, que ainda assim demora um pouco a colar aos ouvidos. É atravessado, do início ao fim, pelo tema do feminismo.

Run Run Run by Yoko Ono on Grooveshark

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Se não é desta que ele vem a Portugal...

A boa gente do Primavera Sound acaba de enviar aos seus contactos um mail com a frase "Jonathan Richman y Sonny and The Sunsets de gira por España" por assunto (email reproduzido abaixo). Em Março, o músico norte-americano prepara-se para dar seis concertos (SIM, MEIA DÚZIA DE CONCERTOS, LERAM BEM) por várias cidades de Espanha:

17 - Madrid, Casa de América
18 - Múrcia, 12&Medio
20 - Barcelona, Cinemes Girona
21 - Bilbau, Kafe Antzokia
22 - Avilés, Centro Cultural Internacional Avilés
23 - Zarautz, Lizardi Antzokia

É verdade que Jonathan Richman tem passado boa parte da sua vida recente aqui neste país que no mapa aparece ao nosso lado. Ainda assim, não costumam chegar notícias como esta, a darem conta de atividade, leia-se concertos. Esta podia ser uma boa oportunidade para finalmente o termos por cá. Há uma meia dúzia de anos, chegou a estar agendado concerto no Santiago Alquimista, que acabou por ser cancelado. No ano passado, gorou-se nova oportunidade de o vermos num palco nacional. SERÁ DESTA? Fariam este vosso escriba ficar feliz, senhores promotores.
(Entretanto, alguém para partilhar carro até Avilés ou Madrid?)



Jonathan Richman y Sonny and The Sunsets de gira por España

El veterano e influyente Jonathan Richman vuelve de gira a nuestro país con una extensa lista de fechas confirmadas en las que se verá acompañado del habitual Tommy Larkins a la batería. Richman comenzó su carrera al frente del grupo de culto The Modern Lovers, una de las piedras angulares del proto-punk, aunque poco después arrinconará la distorsión para consagrar su vida a ese rock'n'roll repleto de dispares influencias y tocado en acústico con puntuales acompañamientos. Algunos de sus discos más aplaudidos son "Rockin'n'Romance", "Rock'n'roll with the Modern Lovers" y la banda sonora de "There's Something About Mary" (película en la que también aparece narrando la historia a través de sus canciones). Su último disco es "O Moon, Queen of Night on Earth".

Sonny Smith es uno de los artistas más interesantes de los últimos tiempos. Escritor de teatro y novela, no fue hasta pasada la treintena que decidió coger una guitarra y ponerse a cantar canciones. Primavera Sound y Buenritmo le traen en marzo con una gira muy especial: unos Sunsets españoles formados para la ocasión por Germán Carrascosa (Los Bananas, La Otra Gloria, Orquesta del Caballo Ganador…) y Jordi Irizar (La Estrella de David, Sedaiós,…), un supergrupo que serán sus compañeros de gira también en Europa, donde viajarán para presentar "100 Records, vol.3" (Buenritmo / Glitter End, 2012) y “Hit After Hit” (Fat Possum, 2011), su último disco como Sonny and the Sunsets hasta la fecha.

Los detalles de fechas, salas y precios son:

SONNY AND THE SUNSETS
- Viernes 2 de marzo. Sala Bukowski (Donostia). Anticipada 10€ / Taquilla 12€
- Sábado 3 de marzo. Sidecar (Barcelona). Anticipada 12€ / Taquilla 15€
- Domingo 4 de marzo. Siroco (Madrid). Anticipada 12€ / Taquilla 15 €
- Lunes 5 de marzo. Colegio Mayor (Valencia). Entrada gratuita.

Organizado por Primavera Sound y Buenritmo

JONATHAN RICHMAN
- Sábado 17 de marzo (+ Las Ruinas). Casa De América (Madrid). Anticipada 15€ / Taquilla 20€
- Domingo 18 de marzo. 12&Medio (Murcia). Anticipada 9€ / Taquilla 12€
- Martes 20 de marzo. Cinemes Girona (Barcelona). Anticipada 17€ / Portal 15€ / Taquilla 20€
- Miércoles 21 de marzo. Kafe Antzokia (Bilbao). Anticipada y taquilla 15€
- Jueves 22 de marzo. Centro Cultural Internacional Avilés (Avilés). Anticipada 8€ (socios 6€) / Taquilla: 8€
- Viernes 23 de marzo. Lizardi Antzokia (Zarautz). Anticipada y taquilla 7€

Organizado por Primavera Sound y Heart Of Gold

100 discos de 1973, n.º 74



HARD NOSE THE HIGHWAY
VAN MORRISON (Irlanda do Norte)
Edição original: Warner Bros.
Produtor(es): Van Morrison
discogs allmusic wikipedia

"Hard Nose the Highway" é um dos álbuns de Van Morrison mais atacados pela crítica. Convenhamos que fica a léguas de distância dos discos anteriores, como o hiper-badalado "Astral Weeks" (1968) ou "Moondance" (1970), e que dificilmente o irlandês veio a recuperar desta quebra criativa. Mas o primeiro lado deste disco, quanto mais não seja, composto por faixas como "Snow in San Anselmo", "Warm Love", que se tornou um favorito do cantor (youtube abaixo) ou a faixa que dá título ao álbum, continuam a ouvir-se muito bem.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Já há data, alinhamento e capa para Batida na Soundway

A entrada na Soundway na música atual propriamente dita -- o selo tornou-se conhecido pela reedição de material antigo -- vai ser feita com o projeto Batida, de Pedro Coquenão, como aqui se dava conta há dias. Hoje ficou-se a saber que o disco terá edição nos três formatos habituais da editora -- CD, LP e MP3 --, que a data de saída é 19 de Março (podendo já ser pré-encomendado), que a capa é a que se mostra mais abaixo e que o alinhamento vai ser ligeiramente diferente da edição da Farol, de 2009 (o disco perde também o título anterior, "Dance Mwangolé"):

1. Pronto pra Batida feat. MCK
2. Alegria (*)
3. Yumbala feat. Circuito Feixado
4. Tirei o Chapéu feat. Ikonoklasta
5. Puxa feat. Beat Laden
6. Bazuka (Quem me rusgou)
7. Tribalismo feat. Circuito Feixado (apenas no CD)
8. Ka Heueh feat. Ngongo
9. Saudade feat. Bob da Rage Sense
10. Cuka feat. Ikonoklasta

(*) Comicamente, um eventual erro da Soundway faz apresentar a faixa como sendo "Alergia" (sairá assim no alinhamento impresso no disco?)

Mais informações em www.soundwayrecords.com/catalogue/batida.html

100 discos de 1973, n.º 75



BUFFET HOTEL DE LA GARE BAMAKO
RAIL BAND (Mali)
Edição original: RCAM
Produtor(es):
discogs allmusic wikipedia

Criada em 1970, a Rail Band (ou Super Rail Band ou Bamako Rail Band ou ainda Super Rail Band of the Buffet Hotel de la Gare, Bamako) era uma banda... pública. Trabalhavam para os caminhos de ferro malianos, sob a tutela do Ministério da Informação e tocavam no bar Buffet do hotel da estação de Bamako para os viajantes cansados, como parte da estratégia para a preservação e difusão das tradições mandingas, ainda que a banda misturasse as formas ancestrais com as sonoridades cubanas que estavam em voga naquela zona de África desde os anos 40, com guitarras eléctricas e secção de metais, isto sem tirar destaque privilegiado a instrumentos enraizados na cultura mandinga como a kora ou o balafon. Por ela passaram, reparem só, Salif Keita (o primeiro vocalista, quando tinha apenas 21 anos) e, sucedendo-lhe, Mory Kanté.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 76



A PASSION PLAY
JETHRO TULL (Inglaterra)
Edição original: Chrysalis
Produtor(es): Ian Anderson
discogs allmusic wikipedia

Como um disco conceptual, com uma única faixa repartida por ambos os lados de uma banda de progs ingleses, chega ao primeiro lugar da billboard americana (em Inglaterra ficou-se pelo 13º) é um mistério difícil de perceber, pelo menos à luz dos dias de hoje, passados quase quarenta anos. Mas tal já tinha acontecido com o outro álbum conceptual do grupo, a obra prima "Thick as a Brick", de 1972, na altura tido como o primeiro disco de rock a apresentar uma única faixa. Eram os tempos gloriosos do prog. "A Passion Play" pode ser escutado na íntegra, aqui no youtube abaixo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 77



VINCENT AHEHEHINNOU
& ORCHESTRE-POLY-RYTHMO DE COTONOU DAHOMEY

VINCENT AHEHEHINNOU & ORCHESTRE-POLY-RYTHMO DE COTONOU DAHOMEY (Benim)
Edição original: Albarika Store
discogs

O Benim, antigo Dahomey, é aquele pequeno país africano da costa norte do golfo da Guiné, ladeado por Togo (e um pouco mais para ocidente pelo Gana) e pela Nigéria. Ou seja, estávamos em plena afrobeatlândia e a Orchestre Poly-Rythmo (ou Orchestre Poly-Disco ou Orchestre El Ritmo ou ainda Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou) era uma das bandas mais importantes daquela região e daquele género. Era, não. Continua a ser e continua a fazer digressões pelo mundo inteiro. A edição original deste disco era composta por quatro faixas de dança absolutamente arrebatadoras. A boa gente da Analog Africa reeditou o disco no ano passado, com o título "The First Album" e a designação atual da banda, Orchestre Poly-Rythmo.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 78



AND THE WATERS OPENED
BETWEEN (Alemanha)
Edição original: Vertigo
Produtor(es): Ulrich Kraus
discogs allmusic

Mais um grupo semi-obscuro dos tempos gloriosos do krautrock. A sua composição era de uma variedade excêntrica, o que trouxe repercussões óbvia à música que faziam. Entre os principais, havia: Peter Michael Hamel, compositor clássico, tocava sintetizador nos Agitation Free (há de vir um disco destes nesta lista); Robert Eliscu, americano, era o oboé convidado na Berliner Philharmoniker e oboista dos Popol Vuh; Cotch Black, outro americano, percussionista, havia tocado com Bob Dylan; Roberto Detrée, argentino, guitarrista, harpista e "motocelista" (de "motocelo", um violoncelo de uma única corda friccionada por uma roda motorizada), costumava tocar música latina. O resultado desta miscelânea de origens e de posturas pode-se escutar facilmente neste belo disco de composições simultaneamente clássicas, cósmicas, orientais, vanguardistas.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 79



QUADROPHENIA
THE WHO (Inglaterra)
Edição original: Track/Polydor
Produtor(es): The Who, Kit Lambert
discogs allmusic wikipedia

E eis os The Who, um dos grupos mais (sobre)valorizados dos anos 70, com o seu álbum mais ambicioso, "Quadrophenia", segunda ópera rock de um grupo que nesta ideia foi pioneiro (a primeira havia sido "Tommy", de 1969).

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

100 discos de 1973, n.º 80



VIVE LA TRANCE
AMON DÜÜL II (Alemanha)
Edição original: United Artists
Produtor(es): Olaf Kübler, Amon Düül II
discogs allmusic wikipedia

Parte da dinâmica criativa da música alemã (e das artes em geral) no final dos anos 60, início dos 70s, deveu-se às comunas que brotavam um pouco por todas as grandes cidades do lado ocidental (incluindo Berlim). Os Amon Düül II, de Munique, pioneiros na cena art rock, representam um dos resultados mais bem sucedidos desta história de vivências em comum, de partilha e intercâmbio de ideias entre diferentes formas de expressão artística. Ao sétimo álbum de estúdio, os Amon Düül II já andavam mais perto da canção do que das deambulações prog de trabalhos anteriores, mas "Vive la Trance" fica para sempre como um dos melhores discos do grupo, só talvez ultrapassado pelo debutante "Phallus Dei" ou pelo "Tanz der Lemminge". A faixa aqui escolhida, "Mozambique", é dedicada à ativista alemã Monika Ertl, assassinada nesse ano e que havia ficado conhecida por "vingadora de Guevara", embora nunca tenha ficado provado que tenha morto o executor de El Comandante.