terça-feira, 29 de junho de 2010

Tony Levin hoje, no MusicBox

Tony quem? Tony Levin, baixista desde há décadas de Peter Gabriel, e também de uma fase dos King Crimson, de "Berlin" (Lou Reed) e de 500 mil discos de outras gentes, vai estar hoje no MusicBox. Entrada a 20€.

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 11



Quem: JOHNNY CLEGG
Quê: Mbaqanga
Onde: Rochdale (Inglaterra)
Quando: 80s-...
Como: Nasceu de mãe rodesiana (zimbabuana hoje) e pai inglês, cresceu judeu em Inglaterra, Israel, Zimbabué até se fixar na África do Sul, onde se interessou pelas tradições zulus. Para quem tem a mania de ver cores na música (sim, ainda hoje existem e insistem), há uma boa piada sobre "Le Zoulou Blanc", quando este estava gozava de maior sucesso no Ocidente ao ponto de fazer Michael Jackson cancelar um concerto em Lyon, em França: escrevia um jornal local que "homem branco a cantar música de pretos supera homem preto a cantar música de brancos". Este "Asimbonanga" (trad.: "não o vimos"), provavelmente o tema mais duradouro e mais reconhecido de Clegg, clamava pela libertação de Nelson Mandela.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 10



Quem: BOYOYO BOYS
Quê: Gumboot
Onde: Joanesburgo (?)
Quando: 80s
Como: O mundo ocidental conheceu-os pela primeira vez pela mão de Malcom McLaren, que usou um dos seus temas para gravar o single "Double Dutch", querendo depois esquivar-se ao pagamento dos royalties devidos, assunto que os sul-africanos conseguiram fechar a seu favor após uma longa batalha legal. Mas o grande legado dos Boyoyo Boys para o património mundial da música, se assim se puder dizer, está no facto de terem servido de inspiração a... Paul Simon, que depois de os ouvir partiu para a gravação de um dos seus maiores discos de sempre, "Graceland", que mostrou ao mundo a música sul-africana como nada até aí (e depois) o fez.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Faust em Lisboa!

Calma, é só para Outubro, ainda sem dia definido, mas fica desde já dada a notícia: os alemães Faust, pioneiros do kraut, vão subir ao palco do Maria Matos, para um concerto produzido em parceria entre o teatro e a ZDB. Como é sabido, o grupo encontra-se hoje dividido em duas formações homónimas. Em 2006, vieram à Casa da Música com a banda liderada pelo fundador Hans Joachim Irmler. Quem virá em Outubro ao Maria Matos será a outra formação onde se destacam os dois outros fundadores no activo, Werner "Zappi" Diermaier e Jean-Hervé Péron. A ZDB prepara-se ainda para anunciar outras novidades em redor deste espectáculo.
Uma outra boa surpresa do programa 2010-2011 recentemente anunciado pelo Maria Matos é a vinda do islandês Jóhann Jóhannsson (falei dele aqui, em tempos), em Setembro.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

E hoje começa o MED

Até sábado, há muita música em Loulé, naquele que será certamente o melhor cartaz de sempre daquele festival e o mais ecléctico do circuito festivaleiro português em 2010:

23 de Junho de 2010
19:20 Duo de Violinos / Igreja Matriz
20:30 Tocando Polirando / Palco Arco
21:00 Abmiram / Palco Bica
21:30 Zeca Medeiros / Palco Castelo
21:45 Amparo Sanchéz / Palco Cerca
22:00 Nanook “O Vagabundo” / Palco Arco
22:45 Femi Kuti & The Positive Force / Palco Matriz
23:30 Macacos do Chinês / Palco Castelo
00:00 Vieux Farka Touré / Palco Cerca
00.15 Isa Brito / Palco Bica

24 de Junho de 2010
19:20 Quarteto Concordis / Igreja Matriz
20:30 Duo João Cuña e Luis Fialho / Palco Arco
21:00 Nuno Reis & The Positronics / Palco Bica
21:30 Mazgani / Palco Castelo
21:45 Cacique'97 / Palco Cerca
22:00 Nanook “O Vagabundo” / Palco Arco
22:45 Goran Bregovic and His Wedding & Funeral Band / Palco Matriz
23:30 Andersen Molière / Palco Castelo
00:00 King Khan & The Shrines / Palco Cerca
00:15 Bandoo Roots / Palco Bica

25 de Junho de 2010
19:20 Orquestra do Algarve / Igreja Matriz
20:00 Quinteto Amar Guitarra & Betty M / Palco Arco
21:00 Atma / Palco Bica
21:30 Galandum Galundaina / Palco Castelo
21:45 3 Pianos / Palco Matriz
22:45 Nanook “O Vagabundo” / Palco Arco
22:45 Anaquim / Palco Cerca
23:30 The Legendary Tiger Man / Palco Castelo
23:45 Orchestra Baobab / Palco Matriz
00:15 Draska / Palco Bica
01:00 Step_Line Project (Live Act) / Palco Castelo
01:15 Watcha Clan / Palco Cerca

26 de Junho de 2010
19:20 Trio Internacional / Igreja Matriz
20:30 Nobre Ventura / Palco Arco
21:00 Pucarinho / Palco Bica
21:30 Diabo na Cruz / Palco Castelo
21:45 René Aubry / Palco Matriz
22:45 Nanook “O Vagabundo” / Palco Arco
22:45 Virgem Suta / Palco Cerca
23:30 Orelha Negra / Palco Castelo
23:45 Mercan Dede & The Secret Tribe / Palco Matriz
00:15 Flazzajados / Palco Bica
01:00 Clube Conguito (Dj Set) / Palco Castelo
01:15 Boom Pam / Palco Cerca

Mais informação em www.festivalmed.com.pt

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 9



Quem: LADYSMITH BLACK MAMBAZO
Quê: Isicathamiya
Onde: Ladysmith, KwaZulu-Natal
Quando: 60s-...
Como: O grupo vocal de Joseph Shabalala (sim, um apelido semelhante ao marcador do primeiro golo deste campeonato de futebol da África do Sul) começou em 1960, mas foi nos anos 80, com "Graceland", de Paul Simon, que saltou para os ouvidos do mundo. Até Michael Jackson (!) contou com eles num filme dessa altura, em que também era frequente aparecem na banda sonora de anúncios televisivos. Ainda hoje, os Black Mambazo ("machado preto") passam a maior parte do tempo fora da África do Sul, em digressão.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Toda a festa em Barcelos, daqui a um mês, mais coisa, menos coisa

A Lovers & Lollypops excedeu-se na programação da próxima edição do "Milhões de Festa", o festival que realiza em Barcelos, a capital do rock'n'roll, em parceria com a autarquia local. No fim-de-semana de 23 a 25 de Julho, o parque fluvial da cidade minhota vai ser destino de romaria para quem quiser assistir às dezenas de concertos e sets de DJ, entre nomes estrangeiros e portugueses, que enchem este cartaz digno de se lhe arregalar a vista. The Fall, El Guincho, Delorean, Toro y Moi, Valient Thorr, e, entre os "nossos", Alto!, Paus, Sizo, Black Bombaim, The Glockenwise, Riding Pânico e tantos, tantos outros. Três palcos, três dias, um logotipo triangular, campismo incluído, piscina incluída, bilhetes a 35€ (passe completo) ou a 15€ (um dia). Mais informação em www.milhoesdefesta.com/.

Cartaz anunciado, para já (mais coisas haverá, dizem os L&L):

23 Julho
VALIENT THORR(us)
CAPTAIN AHAB(us)
SICKBOY(be)
TONY FROM EUSTACHIAN(be/us)
MEN EATER(pt)
SIZO(pt)
BLACK BOMBAIM(pt)
THE GLOCKENWISE(pt)
EVOLS(pt)
LARKIN(pt)
RUDOLFO(pt)
RUI MAIA(pt)

24 Julho
THE FALL(uk)
EL GUINCHO(es)
APPALOOSA(uk/fr)
PAUS (pt)
CRISIS(pt)
ALTO!(pt)
CAVALHEIRO(pt)
LONG WAY TO ALASKA(pt)
LULULEMON(pt)
THROES(pt)

25 Julho
DELOREAN(es)
TORO Y MOI(us)
CRYSTAL FIGHTERS(es/uk)
KARMA TO BURN(us)
YEAR LONG DISASTER(us)
ZA!(es)
SOUTH RAKKAS CREW
MAD DECENT(us)
RIDING PÂNICO(pt)
ASPEN(pt)
SUNFLARE(pt)
DREAMS(pt)
OS YEAH!(pt)
FABULOSA MARQUISE(pt)

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 8



Quem: MAHOTELLA QUEENS
Quê: Mbaqanga, mgqashiyo, ...
Onde: Joanesburgo
Quando: 60s-...
Como: Começaram por ser um grupo de vozes femininas exclusivo de gravações, criado pela Gallo Records. Veio depois a fase de suporte a Mahlathini (que aqui ouvimos numa anterior paragem deste passeio) e a outros cantores. Com o tempo, passaram a surgir em nome próprio nos cartazes, por entre as inúmeras mudanças de formação decorridas ao longo destes 50 anos. Em 2003, estiveram no FMM Sines, para uma magnífica actuação. Ainda hoje continuam a dar concertos um pouco por todo o lado.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Hoje há Ruby Suns no Lx Factory



Vai ser no Casting Club do Lx Factory, a partir das 23h, custando as entradas 10€ (ou 8€, se compradas antecipadamente na Flur), e havendo primeira parte dos portugueses Impulsive Action e festa pela noite fora com o DJ M3U.

(Especialmente dedicado aos mais distraídos, clube em que me inscrevo depois de ter tomado conhecimento apenas hoje do concerto.)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 6



Quem: SOLOMON LINDA
Quê: Isicathamiya
Onde: Joanesburgo
Quando: 30s-60s
Como: O isicathamiya, o canto a capella dos zulus, teve o seu primeiro grande sucesso comercial na África do Sul com este "Mbuba" (leão) de Solomon Linda (1939). Esta é a gravação original do tema, descoberta por Alan Lomax, base para o que viria, muitos anos depois, a ser um mega-sucesso mundial por via banda sonora do "Rei Leão". Em 2004, os descendentes de Linda moveram uma acção judicial, com o apoio do governo sul-africano e da editora Gallo, contra a Disney, que usava o tema no filme e no musical sem pagar quaisquer royalties. Em 2006, a Abilene Music, que detinha os direitos mundiais da música do filme, chegou finalmente a acordo com os herdeiros de Linda.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O cartaz completo do FMM 2010

Foi hoje avançado o cartaz completo da 11ª edição do Festival de Músicas do Mundo de Sines. O evento, que este ano ficou reduzido à cidade de Sines e a quatro dias de concertos, devido a restrições orçamentais, apresenta como cabeças-de-cartaz principais os congoleses Staff Benda Bilili, autores, no ano passado, de um disco fora-de-série, e de prestações ao vivo contagiantes, a avaliar pelo que se pode ver no youtube.
Vitorino faz as habituais honras de abertura do castelo em português, desta vez com um concerto pela tarde, numa quarta-feira especialmente dedicada à música de expressão latina (excepção feita à celebração afro-beat dos Cacique 97 pela praia, à hora em que o Sol se começa a deitar).
Na quinta-feira, há a destacar, entre as novidades hoje anunciadas, a presença do finlandês Wimme Saari, praticante do canto yoik e um nome que por aqui há muito se desejava ver ao vivo. Há também que celebrar o regresso do sempre simpático, sempre eficaz Jacky Mollard, agora acompanhado pelo seu quarteto e pelo Foune Diarra Trio, do Mali. Este é também o dia dos Mekons, os antigos punks convertidos ao alt-country, e mais música de expressão latina, com os argentinos 34 Puñaladas a abrirem e os norte-americanos Grupo Fantasma a fechar.
A sexta-feira começa em grande com o "nosso" guineense preferido, Kimi Djabaté, num programa que conta ainda, entre outros, com Barbez (atenção à menina do theremin!), os sempre magníficos Tinariwen e a grande expectativa em redor da actuação dos Forro in the Dark.
Para o último dia, destaca-se no cartaz, além dos Bilili, uma surpresa (e incógnita) vinda de Timor-Leste, Galaxy, o histórico jamaicano U-Roy e, para fechar a festa em grande, os Batida.

Dia 28 (quarta-feira)
Castelo, 18h00
VITORINO (Portugal)
Avenida, 19h30
CACIQUE 97 (Portugal/Moçambique)
Castelo, 21h30
NAT KING COLE PROJECT (EUA/Cuba/Portugal)
RUBIAS DEL NORTE (USA)
CÉU (Brasil)
Avenida, 02h30
NOVALIMA (Peru)

Dia 29 (quinta-feira)
Castelo, 18h00
34 PUÑALADAS (Argentina)
Avenida, 19h30
WIMME (Finlândia)
Castelo, 21h30
YASMIN LEVY (Israel)
JACKY MOLARD QUARTET & FOUNE DIARRA TRIO (Bretanha/Mali)
THE MEKONS (Reino Unido/EUA)
Avenida, 02h30
GRUPO FANTASMA (EUA)

Dia 30 (sexta-feira)
Castelo, 18h00
KIMI DJABATÉ (Guiné-Bissau)
Avenida, 19h30
THE RODEO (França)
Castelo, 21h30
BARBEZ (EUA)
SA DINGDING (China)
TINARIWEN (Mali)
Avenida, 02h30
FORRO IN THE DARK (Brasil)
BAILARICO SOFISTICADO convida SELECTA ALICE (Portugal)

Dia 31 (sábado)
Castelo, 18h00
GUADI GALEGO (Galiza)
Avenida, 19h30
GALAXY (Timor Leste)
Castelo, 21h30
LOLE MONTOYA (Espanha)
CHEICK TIDIANE SECK & MAMANI KEITA (Mali)
STAFF BENDA BILILI (RD Congo)
Avenida, 02h30
U-ROY (Jamaica)
BATIDA (Portugal/Angola)

As quartas de cinema no terraço da ZDB

Nestes dias de calor, temos pena que Lisboa não tenha a cultura de terraços de outras grandes cidades meditârricas. A ZDB, contudo, aproveita o que tem (um belíssimo terraço, por sinal), para levar a cabo mais um ciclo de projecções ao ar livre. A iniciativa tem decorrido ao longo deste mês, todas as quartas-feiras. E hoje, que é quarta-feira, o filme promete. Com o título "Ouled Bambara - Portraits of Gnawa", realização de Caitlin McNally e edição da Drag City, este documentário de 35 minutos explora a música dos Gnawa -- etnia do Norte de África, parte da ordem islamista Sufi -- em Marraquexe.

Na próxima quarta-feira, dia 23, há "Sumatran Folk Cinema", um filme de Mark Gergis e Alan Bishop (uma das cabeças da Sublime Frequencies), e ainda um concerto de Margarida Garcia com Barry Weisblat. Na última quarta-feira do mês, dia 30, há "Sur les Traces du Bembeya Jazz", filme de Abdoulaye Diallo sobre a odisseia de 40 anos do grupo guineense.

A entrada custa dois euros, à excepção do dia 23, em que vale cinco.

O clube do Beck

Ficamos contentes quando deparamos com alguém que foge à rotina edição-digressão-edição-digressão... Beck Hansen, por exemplo. Livre de contratos discográficos, tem aberto as portas do seu estúdio a amigos, com os quais participa em sessões de gravação descontraídas, naquilo a que chamou "Record Club". A ideia é reinterpretar um álbum de outrem e gravá-lo num dia, sem qualquer ensaio prévio. Uma vez por semana, mostra ao mundo uma nova canção aqui. Como ali se pode ver, entre os álbuns revisitados, contam-se "Velvet Underground & Nico", "Songs of Leonard Cohen", "Oar", o único álbum a solo do falecido Skip Spence, dos Jefferson Airplane, e o improvável "Kick", o disco que catapultou os australianos INXS para a fama mundial. Pelo estúdio, e para este Record Club, já passaram músicos como os Liars, Devendra Banhart, Wilco, Feist, Nels Cline, Nigel Godrich e a banda de suporte de Beck, entre vários outros. E a grande novidade desta semana é que os últimos visitantes foram os Tortoise, em pausa de digressão, e... Thurston Moore, que andava pela zona naquele dia. Vamos a ver o que dali sai.

Record Club: INXS "Kick" from Beck Hansen on Vimeo.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 5



Quem: SIMON MAHLATHINI NKABINDE
Quê: Mbaqanga
Onde: Alexandra (Joanesburgo)
Quando: 50s-90s
Como: Mahlathini, o "leão do Soweto", é mais conhecido pelas actuações com as Mahotella Queens (já vamos a elas, noutra paragem adiante), mas a sua voz cava e rouca foi um dos principais ícones da música mbaqanga ("pão de milho" em zulu), um género urbano nascido no início dos anos 60 e com fortes influências nas tribos rurais zulus.

domingo, 13 de junho de 2010

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 4



Quem: HUGH MASEKELA
Quê: Jazz
Onde: Witbank
Quando: 50s-...
Como: A trompete mais famosa da África do Sul. O mundo começou a descobrir Hugh Masekela no musical "King Kong" (onde também estava Miriam Makeba, com quem viria a casar), de 1959. Desempenhou sempre um papel importante na luta contra o Apartheid (onde este "Bring Him Back Home", de 1987, será provavelmente o maior êxito). Participou no disco e na digressão de "Graceland", de Paul Simon (Miriam Makeba idem) e hoje vende milhões por cada álbum que grava. Ainda há dois dias o vimos no Soccer Stadium, na cerimónia de abertura do Mundial.
Mais: www.dougpayne.com/hmbio.htm

sábado, 12 de junho de 2010

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 3



Quem: MIRIAM MAKEBA
Quê: Jazz/soul
Onde: Joanesburgo
Quando: 50s-00s
Como: Também conhecida por Mama Afrila, é a voz mais famosa da África do Sul e este "Pata Pata" será provavelmente a canção daquele país mais reconhecida internacionalmente. Trabalhou, entre muitos outros, com Hugh Masekela (com quem casou) e Harry Belafonte, tornando-se uma estrela no mundo ocidental e uma persona non grata para o regime do seu país, ao qual só regressou a pedido de Nelson Mandela. Morreu em 2008, após um ataque cardíaco no final da interpretação deste "Pata Pata" durante o concerto de apoio a Roberto Saviano, o autor do polémico "Gomorrah".
Mais: www.miriammakeba.co.za

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 2



Quem: BIG VOICE JACK
Quê: Kwela
Onde: Alexandra (Joanesburgo)
Quando: 50s-90s
Como: Aaron "Big Voice" Jack Lerole, outro nome grande do kwela. O seu tema mais conhecido, "Tom Hark", gravado com os Elias and His Zig Zag Jive Flutes, ainda hoje é popular em Inglaterra, depois que os adeptos do Brighton & Hove Albion o usaram para financiar a construção de um estádio próprio. Big Voice ganhou também alguma exposição nos EUA, quando tocou ao lado de Dave Mathews, no final dos anos 90. Morreu em 2003.
Mais: www.kwela.co.uk/big-voice-jack-lerole-on-youtube

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Um passeio pela África do Sul, paragem n.º 1



Quem: SPOKES MASHIYANE
Quê: Kwela (a música da África do Sul tocada com flautas dos pastores, em metal, como as irlandesas)
Onde: Limpopo
Quando: 50s-70s
Como: Johannes "Spokes" Mashiyane foi um dos músicos mais proeminentes na música Kwela.
Mais: lastfm.com.br/music/Spokes+Mashiyane

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vuvuzela não, vuvuzela sim

Só para quem apenas agora acordou de um coma prolongado ou para quem pensa que a lei do fora de jogo se aplica a quem está fora do rectângulo (não sei, mas deve haver pessoas assim) será novidade que o Campeonato do Mundo de Futebol começa na próxima sexta-feira. O que não é novidade alguma é o martírio das vuvuzelas. Os mais ligados à bola já apanhavam com ela nas transmissões dos jogos da CAN ou de quaisquer partidas entre equipas africanas. Dizíamos que era uma coisa típica do futebol em África, como se fosse uma doença dos trópicos, transportada por um mosquito que não chegava cá. Mas, the times, they are a-changin', e se cada vez temos mais acesso ao que de melhor nos chega de África (e mais interesse por o conhecer), também nos vemos obrigados a levar com o pior. E no pior, nestes dias que antecedem o Mundial, estão, voltemos a elas, as vuvuzelas. Não podemos deportar os criativos da marca patrocinadora da Selecção Nacional para o ponto mais central do deserto do Namibe? (Julgo que até conheço um deles, mas aqui as amizades não vêm ao caso. Namibe e não se fala mais no assunto.)

Mas, como sempre, há um mas. Numa espreitadela ao blogue brasileiro artmusicblog.blogspot.com, vim a descobrir que a Vuvuzela até pode ter aplicações curiosas, não contando, claro, com aquela outra aplicação que meio Portugal vê como interessante de experimentar nos tais criativos que acima falava, em alternativa ao Namibe. Esqueçamos para já essa. Deliciem-se primeiro com a Vuvu Orchestra a tocar no Soweto:

Hoje há

* Os Bypass apresentam o novo álbum, "Like Mice and Heroes", no MusicBox. A partir das 23h.

* O Museu do Chiado acolhe mais um Sarau da Filho Único, hoje com o franco-turco Ghédalia Tazartès e Calhau!. A partir das 22h, entrada a 7€.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Contra Mundum, Dada Pro Semper



"Contra Mundum", contra tudo e contra todos, como um manifesto de independência total? É certo que os Pop Dell'Arte nunca foram uma banda comum, uma banda igual a tantas outras. Talvez seja até arriscado falar-se nos Pop Dell'Arte enquanto banda, dada a dificuldade que encontramos na comparação com as carreiras de outros projectos, dados os vários interregnos de percurso, dadas as várias mudanças de formação, dadas as posições de militância à margem do circuito comum. Contra as expectativas que o público e os meios constroem ao redor de uma banda, o projecto de João Peste (e de Zé Pedro Moura, novamente) procurou sobreviver ao longo destas mais de duas décadas, sem nunca se vergar a terceiros, chegando a cair por vezes no esquecimento das gerações mais antigas de fãs, surgindo a parte do público mais jovem como algo que não eram mais do que "uns gajos estranhos do tempo dos irmãos mais velhos", perdendo até, sejamos explícitos no que ao negócio da música diz respeito, valor de mercado. Mas sempre sem vergar. Não é tão raro assim ocorrer-me a expressão "não deixar cair os parentes na lama" quando penso nos Pop Dell'Arte, talvez até porque a tenha chegado a ouvir, em tempos e a propósito da carreira do grupo, da boca do próprio João Peste. Aquelas palavras podem ser expressão de altivez e soberba, quando quem o diz não tem obra que as sustente, ou de mentira, quando todos vemos que a dignidade se perdeu pelo caminho. Mas poucos, pouquíssimos projectos, por cá ou lá fora, conseguiram manter a dignidade, manter os seus parentes enxutos como os Pop Dell'Arte conseguiram.

"Contra Mundum" já seria um álbum brilhante mesmo sem este contexto, mas talvez este próprio percurso pouco comum dos Pop Dell'Arte possa ajudar, pelo menos em parte, a perceber como é que chegámos, quase 23 passados da edição de "Free Pop", a um conjunto tão ímpar de canções como este. Sabe bem ouvi-lo, depois de todos estes anos de espera, depois de avanços e recuos na edição do sucessor de "Sex Symbol" (1995), que chegaram a criar o ritual anedótico da habitual notícia anual do novo álbum de originais dos Pop Dell'Arte. Mas, se a espera serviu para alguma coisa, ajudou pelo menos a que o resultado fosse um disco extremamente cuidado nas composições (sempre o mais importante, não será assim?), na produção, nos mais pequenos detalhes, na voz perfeita de João Peste.

Haverá talvez quem da escuta deste álbum saia aborrecido por aqui não encontrar grandes evidências de rompimento com o passado. Muito do que aqui escutamos já conhecemos de outras vidas do grupo. Mesmo até o namoro, aparentemente recente, com a boémia dançante, em que o novo single "Ritual Trandisco" surge como paradigma perfeito dessa relação, é algo que já os Pop Dell'Arte sabiam fazer, e bem, desde "Querelle". Os temas abordados, amor, sexo, religião, ficção científica e a postura sempre, sempre dada fazem desde há longo tempo parte do código genético dos Pop Dell'Arte.

Voltando atrás, o que, no fundo, torna "Contra Mundum" um disco especial são as composições, as canções. Há aqui canções que valem bem o tempo que se esperou para se poder ouvi-las. Canções que nos levam a ouvir o disco vezes sem fim, numa espécie de ritual antigo, do tempo em que éramos crianças ou adolescentes e de vinte em vinte minutos nos levantávamos para virar a agulha ou o lado da cassette. E de tão boas que são, vale mesmo a pena dissecá-las um pouco mais do que é habitual:

1. Ritual Transdisco. O single de apresentação de "Contra Mundi" arranca em primeiro no alinhamento. Os Pop Dell'Arte voltam ao clube, às pistas de dança, dando seguimento ao percurso iniciado no funk-punk de "Querelle", primeiro disco do grupo (1987), e que passou, entre outras paragens clubísticas, pela house em "MC Holly" (1991) ou na mais recente versão de "No Way Back" (2008), para não falar da atenção que alguns dos temas do grupo tem merecido por parte de editoras e projectos lá fora nos últimos tempos. Mas se Campo de Ourique fosse Brooklyn, já teríamos, mesmo antes do álbum sair, metade do rooster da DFA a fazer versões e remisturas de "Ritual Transdisco" (e de vários outros temas deste disco), acreditem. É um groove de 100 BPMs magnífico.
2. My Rat Ta-Ta. Uma valsa dada, com a voz nasalada de João Peste a encaixar na perfeição. Faz lembrar outros momentos da história do grupo, como a versão de "Little Drummer Boy" ou "Poppa Mundi". Atenção, o refrão vai ficar no ouvido. Dá vontade de o cantar pelas ruas soalheiras destes dias. Dá vontade de pegar nos braços de um(a) estranho(a) para dançar.
3. Wild'n'Chic. Há uma parte da crítica internacional que, sempre que apanha um grupo independente que ao terceiro ou quarto álbum produz uma obra pop de contornos arrojados, faz títulos com "(Nome da banda): os próximos U2?". Aconteceu com os Cure, aconteceu com os Radiohead, aconteceu há pouco tempo com os The National. A que propósito vem isto? É que este "Wild'n'Chic" é, por excelência, um tema que encaixa bem nesta definição. Pop épica, com guitarras em sustain, e outros instrumentos a entrarem, compasso a compasso, e a produzirem crescendos, quase com sabor a hino ("wild'n'chic, we are so wild'n'chic, we are the ones"). O Brian Eno passou pelo estúdio e ninguém se deu conta.
4. Slave for Sale. De volta à pista de dança e ao funk-punk, a baixas BPMs, num terreno que, uma vez mais, não é nada estranho aos Pop Dell'Arte, tanto na música como no tema sexo, que transpira ao longo de toda a faixa. The biggest dick in San Francisco, the biggest dick in San Francisco.
5. Noite de Chuva em Campo-de-Ourique. Algo que também não é nada estranho aos Pop Dell'Arte: João Peste a cantar a capella um poema de amor.
6. Eastern Streets. Mais dança. O baixo e a bateria continuam a mandar, mas agora com um toque latino-exótico-bongolândia nas percussões e numa guitarra que entra de vez em quando e que parece marcar os passos de dança, como se fossem pegadas desenhadas num tapete de aprendizagem. Irresistível. Rituais de tambores, rituais de estranhos prazeres (...) Ao longe oiço os passos de um marinheiro louco, dançando ao luar
7. Mr. Sorry. Surge naturalmente na sequência de "Eastern Streets". Há qualquer coisa neste som da guitarra que lembra os Pop Dell'Arte, bem como outros grupos da Ana Romanta, dos anos 80.
8. Diary of a Soldier (I Saw U Dancin'). Um piano e um ambiente planante de banda sonora e Peste em registo melancólico.
9. (How I Miss Your Furious Kisses) In My Room. Mais funk estrambólico à Pop Dell'Arte, no tema mais curto do álbum.
10. Electric G. Por aqui paira, aposto, Philip K. Dick. E quem fala em K. Dick, tala também em Gary Numan. Talvez. Não é coisa que seja estranha nos Pop Dell'Arte, nem tão pouco a forma de cantar de Peste neste tema.
11. La Nostra Feroce Volontà D'Amore. E por aqui parece pairar outro dos heróis de Peste, Scott Walker, num tema cantado em italiano sobre loops de orquestra, rematado de forma deliciosa por "A Internacional" em versão de caixa de música.
12. Har Megido's Lullaby. É dos temas mais simples e, ao mesmo tempo, mais bonitos que se podem encontrar no disco. Uma canção de embalar, se se conseguir imaginar, para o dia do apocalipse, para o último dos cataclismos, para a batalha de deus contra os homens (Har Megido é o nome hebraico do lugar biblíco que viria a dar origem à palavra "armagedom"). É um tema perfeito para terminar o alinhamento do disco (ainda que haja uma 13ª faixa, sem nome, de curta duração e sem estrutura de canção, a encerrar "Contra Mundum").

Pop Dell'Arte - La Nostra Feroce... from pm on Vimeo.

O porteiro do Jamaica que não gosta de estrangeiros (ainda as agressões aos No Age)

O I fez uma notícia dando conta de outros casos recentemente ocorridos na rua Nova do Carvalho.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

É uma pena, mas...

É uma pena, mas ao contrário do que chegou a estar previsto, a edição de "Contra Mundum", o novo álbum de Pop Dell'Arte, agendada para o próximo dia 14 de Junho, não vai contar com o formato LP. Será apenas um CD de edição limitada e numerada com um booklet de 24 páginas ilustradas e um poster de face dupla, de acordo com a promoção ao disco.

Bilhetes de Atlas Sound a menos de metade do preço inicial

A entrada para o concerto de Atlas Sound, hoje, no Lux, vai custar 7€ e não 15€ como estava previsto. Quem já comprou bilhete pode reaver os 8€ de diferença nas lojas que vendem os bilhetes ou na bilheteira do Lux, esta noite.

Comunicado da Filho Único:
Amigo e músico Bradford Cox, que toca no Lux Frágil esta sexta-feira 4 de Junho, decidiu, juntamente com a Filho Único, que os bilhetes não irão permanecer ao preço inicial de 15€ e irão passar a custar 7€. O artista decidiu reduzir o seu pagamento pelo concerto para metade e a F.U. está a tirar mais de metade do preço inicial, devido a grande parte do público local não ter capacidade financeira de presenciar o espectáculo, no contexto da situação económica nacional e global. Para o público que já adquiriu o bilhete poderá reaver os seus 8€ de reembolso nas lojas de discos que estão a vender bilhetes (Flur e Matéria Prima) bem como no Lux, à hora marcada do espectáculo, 22h, com primeira parte a cargo dos portugueses Aquaparque.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Os novos discos do El Guincho

Aparentemente, trata-se de uma série de discos e o primeiro volume sai a 12 de Julho pela Young Turks, podendo ser ouvido desde já:

El Guincho / Piratas de Sudamerica EP by Young Turks

Novidades FMM: Barbez, U-Roy, Tinariwen e Cheick Tidiane

Já há mais nomes para o cartaz do FMM, que este ano se realiza entre 28 e 31 de Julho, na cidade de Sines.

U-ROY (Jamaica). Aos 67 anos de idade, o mítico toaster (e, mais tarde, artista completo do reggae) vem a Sines para um concerto no dia 31 de Julho, o último do FMM, junto à praia.
myspace.com/uroyreggae

TINARIWEN (Mali). O blues do deserto que os Tinariwen trazem na bagagem já não é propriamente uma novidade, mas ninguém ficará indiferente ao espectáculo que estes antigos guerrilheiros irão apresentar no castelo, no dia 30.
myspace.com/tinariwen

CHEICK TIDIANE SECK feat. MAMANI KEITA (Mali). Continuando no Mali, vamos também ter entre nós Cheick Tidiane, pianista da histórica Rail Band, ao lado de Salif Keita e Mory Kanté. A acompanhá-lo, Mamani Keita, a antiga cantora de Salif Keita, vai regressar ao FMM, depois de um belo espectáculo em 2007, para acompanhar Tidiane. Vai ser no último dia do FMM, no castelo.
myspace.com/cheicktidianeseck

BARBEZ (EUA). Não fez parte do lote de três nomes hoje anunciados organização do FMM, mas o site oficial do grupo nova-iorquino já avança com a novidade. O super-colectivo de Dan Kaufman, que chegaram a gravar para a Tzadik de Zorn um álbum baseado no poeta judeu Paul Celan e que passaram pela ZDB há cerca de cinco anos (recordam-se daquela incrível intérprete de theremin que um dia viram no palco do aquário?), têm vindo a colaborar com imensa gente boa: Cat Power, Sun Ra Arkestra, godspeed you! black emperor, Faun Fables, Sleepytime Gorilla Museum, DKT/MC5, Devendra Banhart, Dresden Dolls, Lonesome Organist, Shelley Hirsch, Faun Fables, Angels of Light. Vão estar no FMM no dia 30 de Julho. Vão também passar por Paredes de Coura no dia seguinte e vão ainda tocar em lugar a anunciar a 1 de Agosto, com a portuense F.R.I.C.S. (Fanfarra Recreativa Improvisada Colher de Sopa).
myspace.com/barbez

terça-feira, 1 de junho de 2010

No Age espancados em Lisboa

Esta vi precisamente no ashtapes (que também tem a gravação do recente concerto no Plano B): por ocasião da visita a Lisboa, e numa saída à noite, alguns dos elementos dos No Age foram espancados por seguranças de um bar (já posso formar um clube com os No Age). Mais detalhes (e fotografias) aqui.

Isto é que é um blogue com interesse

Apontai os vossos browsers para:

ashtapes.blogspot.com

No Ashtapes encontram-se gravações de concertos realizados por cá, concertos das bandas das quais se gosta muito por aqui. Que belo trabalho.

E não resisto a citar o mote do blogue, que também é mui defendido por aqui:

CONCERTS ARE THE REAL THING. THERE ISN'T A MORE PERSONAL, INTIMATE AND INTENSE EXPERIENCE. WORDS DON’T MAKE THEM JUSTICE, NOT EVEN PICTURES, MOVIES OR TAPES. IT’S ALL IN YOUR MIND, IN THAT MOMENT.

Amanhã há...