terça-feira, 27 de outubro de 2009

Mixtape da Casa #8



Contribuições:
José Mário Branco "Dedicatória" (Portugal, 1978)
Alexander von Borsig "Hiroshima" [excerto] (Alemanha, 1982)
Rigo Star et Kanda Bongo Man "Week End" (Congo-Kinshasa, 1985)
Mekongo "Me Bowa Ya" (Camarões, 1981)
Frantal Tabu & Orchestre Malekesa du Zaire "Asali" (Congo-Kinshasa, 1984?)
Animal Collective "Summertime Clothes" (EUA, 2009)
Fool's Gold "Poseidon" (EUA, 2009)
CAN "Moonshake" (Alemanha, 1973)
Alexander von Borsig "Hiroshima" [excerto] (Alemanha, 1982)
Fausto "O Romance de Diogo Soares" (Portugal, 1982)
Os Mutantes "2000 e Agarrum" (Brasil, 2009)
Motörhead "Jumpin' Jack Flash" (Inglaterra, 2000 / versão de Rolling Stones)
The Vicious Five "Your Mouth is a Guillotine" (Portugal, 2005)
The Cramps "New Kind of Kick" (EUA, 1981)
The Sonics "Have Love, Will Travel" (EUA, 1965 / versão de Richard Berry)
Sérgio Godinho "Parto Sem Dor" (Portugal, 1979)

52'55" / 121MB

Disponível aqui e agora também no mixcloud.com (som ligeiramente pior, devido às restrições da dimensão do ficheiro):

PÁRA TUDO. PAVEMENT CONFIRMADOS NO PRIMAVERA SOUND

E eis que o desejo aqui formulado há dias ganhou mesmo corpo. OS PAVEMENT VÃO AO PRIMAVERA SOUND DE BARCELONA! Foi a própria organização que confirmou a presença dos norte-americanos no cartaz, através de notícia avançada hoje no site oficial. Hoje também foram postos à venda os bilhetes que, até 30 de Novembro, custam 95€ (mais comissões).

Alguém se lembra do que é uma surpresa?

Por falar em Blitz, não resisto a voltar a citar aqui parte de uma das crónicas de Miguel Esteves Cardoso publicou no jornal fez ontem, curiosamente, cinco anos:

A BATALHA MAIS IMPORTANTE DO NOSSO TEMPO

«(...) Alguém se lembra do que é uma surpresa? Alguém se lembra de ouvir uma estação de rádio e não fazer ideia da música que vão passar a seguir?
«Faz parte da essência do entretenimento sermos entretidos. Mesmo na mais primitiva história da carochinha, a narrativa é concebida para nos colocar numa situação deliciosa de impotência e de captura: 'O que irá acontecer a seguir?'.
«Na música, precisamos da mesma dependência: temos de ser assaltados; confrontados; sacudidos; perturbados; comovidos. Se ouvimos um bom programa de rádio, temos de sentir que 'isto, sim, é música!' ou 'não, isto não pode ser música!' ou, melhor do que tudo, 'será isto música?'.
«Hoje, quando ligamos o rádio, apenas bocejamos: vemo-nos ao espelho. Isto aqui é para as minhas filhas; isto é para a minha empregada; isto é para os meus pais e, mais desolador de todas as experiências, isto aqui é para mim. (...)
«Impõe-se a desobediêcia; o comportamento imprevisível e a recusa absoluta de ser segmentado, arrumado e classificado. E sempre que lhe pedirem para responder a uma sondagem, sacrifique uns minutos e responda tudo torto. (...)»

22 anos do Blitz mais três anos da Blitz dá igual a 25

No próximo dia 6 de Novembro, celebram-se os 25 anos passados desde a primeira edição do jornal Blitz (na foto - para as páginas interiores desta e de outras edições do primeiro ano do jornal, aconselha-se vivamente uma visita a ovelhoblitz.blogspot.com). O jornal semanal, enquanto tal, sobreviveu pouco mais de duas décadas. Em 2006, mudou de sexo (transformou-se em revista), passou a mensal, abraçou definitivamente o mainstream e as agendas comerciais dos principais agentes do mercado musical português, redefiniu de forma a sua presença na web (de forma notável, diga-se) e afastou, assim parece, as piores tempestades que pairavam sobre a publicação.

Na próxima sexta-feira, sai às ruas com a edição comemorativa destes 25 anos, um número especial onde também se aproveita para celebrar "as últimas cinco décadas da melhor música portuguesa". A primeira incursão nessa celebração foi já dada entretanto, com a publicação online da lista dos melhores álbuns portugueses da década de 60, de acordo com a votação de um painel composto por críticos, músicos, editores, promotores, etc.:

1. Carlos Paredes - Guitarra Portuguesa
2. Amália Rodrigues - Busto
3. José Afonso - Cantares de Andarilho
4. Filarmónica Fraude - Epopeia
5. Alfredo Marceneiro - The Fabulous Marceneiro
6. Adriano Correia de Oliveira - Margem Sul
7. José Afonso - Contos Velhos Rumos Novos
8. José Afonso - Baladas e Canções
9. Carlos e Lucília do Carmo - Fado Lisboa - An Evening at The Faia
10. Pop Five Music Incorporated - A Peça

Charadas #527

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ZDB até ao fim do ano



A ZDB prepara-se para receber, até ao fim do ano, um cartaz com imensas estreias e regressos, com especial pendor para as indiezices norte-americanas, tirando uma ou outra excepção. Já nesta próxima sexta-feira, a noite é de kraut rock, mas não há alemães envolvidos. Dos EUA, vêm os Cave, que terão os portugueses Häsqvarna na primeira parte. Depois, na terça da semana seguinte, um dos pontos mais altos da programação e um desejo várias vezes formulado aqui pelo gerente do tasco ao longo dos últimos anos, com o regresso dos italianos ZU (na foto), que terão também eles um projecto português na primeira parte (Ricardo Martins, o baterista dos Lobster a apresentar-se a solo sob a designação R-). No dia 7 de Novembro, a noite é dos americanos Emeralds (ou de 2/3 deles), aos quais se junta Stellar Om Source, que regressa a Portugal depois da primeira parte dos Lightning Bolt no parque de estacionamento. Dia 12 há mais americanos, Tiny Vipers, Grouper e Inca Ore, e um português, o inefável Norberto Lobo. No dia seguinte, o UM - Festival Internacional para Intermédia Experimental toma conta da ZDB para uma noite de freestyling e outras improvisações. O mês prossegue com Matteah Baim, Domingo no Quarto (estreia do novo projecto de Mariana Ricardo, ex-Pinhead Society, actual München, e Manuel Dordio), If Lucy Fell (em colaboração com a fotógrafa inglesa Jemima Stehli) e Vetiver, que regressam à ZDB. Finalmente, em Dezembro, e como já aqui se anunciou, o regresso da inglesa Scout Niblett e, depois, a estreia por cá dos Wavves, do puto traquinas Nathan Williams, depois da data gorada em Maio. Eis a programação tal como a conhecemos hoje:

Sexta, 30 de Outubro às 23h00
CAVE (US) + HÄSQVARNA (PT)
Entrada : €6

Terça, 3 de Novembro às 22h00
ZU (IT) + R- (PT)
Entrada : €10 (à venda na Flur e na Louie Louie)

Sábado, 7 de Novembro às 23h00
MARK McGUIRE (EMERALDS/US) + STELLAR OM SOURCE (NL) + STEVE HAUSCHILDT (EMERALDS/US)

Quinta, 12 de Novembro às 22h00
TINY VIPERS (US) + GROUPER (US) + NORBERTO LOBO (PT) + INCA ORE (US)
Entrada : €12 (à venda na Flur e na Louie Louie)

Sexta, 13 de Novembro às 22h00
UM - FESTIVAL INTERNACIONAL PARA INTERMÉDIA EXPERIMENTAL
BASS CLEF (UK) & GABRIEL FERRANDINI (PT) & INFINITE LIVEZ (UK/DE) & DJ SNIFF (US/NL) & TEAM BRICK (UK) & KATAPULTO (UK/PL) & ALFREDO CARAJILLO (PT) + WHIT (PT)
Entrada : €8

Sexta, 20 de Novembro às 23h00
MATTEAH BAIM (US) + DOMINGO NO QUARTO (PT)

Sexta, 27 de Novembro às 23h00
IF LUCY FELL (PT) + JEMIMA STEHLI (UK)

Sexta, 30 de Novembro às 23h00
VETIVER (US) + FRUIT BATS (US)
Entrada : €10 (à venda na Flur e na Louie Louie)

Quarta, 16 de Dezembro às 22h00
SCOUT NIBLETT (UK)

Sábado, 19 de Dezembro às 23h00
WAVVES feat. ZACH HILL(US)

Charadas #526

sábado, 24 de outubro de 2009

Que força é essa, amigo?

(Um pequeno aviso: quem pretende desfrutar plenamente dos concertos do Porto, na próxima semana, deve imediatamente saltar este texto, diria eu...)

Não foi o espectáculo do ano. Mas isso sou eu que o digo, forreta (e teso) que comprei bilhete para uma galeria de segunda, a onde o som chegava baixinho e disforme, os três cantos transformavam-se em quatro com ajuda do vizinho desafinado do lado ou a percussão ganhava outro tom nas palmas do vizinho de trás.

Logo à primeira canção, “Guerra e Paz”, percebe-se que o espectáculo é para ser conjugado no plural. Os três músicos cantam em coro “ainda agora aqui chegámos” em vez do “ainda agora aqui chegado” que Sérgio Godinho cantava no original e, num estilo frequente ao longo da noite, os músicos repartem a interpretação dos versos, cruzam-se nas palavras de uns e de outros sem nunca se chocarem. A camaradagem cultivada ao longo de anos está ali sobre-evidenciada e as autorias confundem-se em palco, como se não houvesse canções do Sérgio, do Zé Mário ou do Fausto, mas de todos os três. Há pequenos desvios a esta ideia, quando cada um deles fica sozinho em palco. Aí volta a ideia que fazíamos de cada um dos músicos, aí ressaltam ao ouvido as diferenças. José Mário Branco é aquele que expande musicalmente mais o seu reportório, ilustração trazida, por exemplo, no jazz ao estilo de Big Band em “Onofre”, com Carlos Bica e José Peixoto. Fausto é o melhor cantor e aquele que leva o alinhamento mais próximo da tradição música popular portuguesa, com toques beirões (fez falta poder-se dançar naquela arena maldita). Sérgio Godinho é o poeta, por excelência, entre os três, e fez terminar o seu momento a solo com uma arrepiante interpretação de “O Primeiro Dia”.

Feitas as actuações a solo, e outras a dueto, onde curiosamente numa das quais, Sérgio Godinho e José Mário Branco cantaram “Se tu Fores Ver o Mar (Rosalinda)”, do ausente Fausto (lá está, a canção ontem não era do Fausto, era de todos), voltou-se a baralhar tudo de novo. Se a banda de suporte era composta de excelência e se os arranjos eram magníficos (todo o receio que Sérgio Godinho trouxesse os seus roqueiros era infundado, felizmente), o momento em que os três músicos ficaram sozinhos com as suas guitarras acabou por ser um dos mais especiais da noite. Tirando o final (já lá vamos), terá sido o momento em que houve maior aproximação com o público. Nisto – ou na falta disto – residiu talvez um dos maiores defeitos do espectáculo, aliás. Já seria de esperar que um espectáculo deste género, apoiado numa grande produção, onde tudo precisa de ser ensaiado ao detalhe, onde quase tudo é encenado e repetido, perca depois naqueles outros aspectos que alguns de nós valorizamos mais. Faltou um pouco de improvisação, um pouco de anarquia, um pouco de mijo fora do penico, um pouco daquelas coisas que ajudam a que um espectáculo se torne verdadeiramente único e inesquecível nas memórias. Nesse sentido, e sem querer dramatizar excessivamente, “Três Cantos” é um produto moderno, como aqueles que encontramos nos supermercados, hermeticamente embalados, obedientes a todas as normas de higiene e segurança. Mas, atenção, é bom e é saudável.

Regressou a banda de suporte e surgiu a semi-surpresa (alguns já sabiam) no tributo a José Afonso, em “De Não Saber o que Me Espera”. Foi a parte mais emotiva do espectáculo, com “Ser Solidário”, “Mudam-se os Tempos…” , uma versão arrasadora de “Que Força É Essa”, o melhor momento da noite, e ainda o inesperado tema principal do filme “A Confederação”. “Inquietação” fechou de forma soberba o primeiro encore e, para o regresso, outra surpresa em palco, o momento da noite que mais contribuiu para desfazer a ideia de pouco arrojo de que falava no parágrafo anterior. Sob uma intensa tempestade debitada pelo PA, os técnicos de palco rapidamente montaram dezenas de tripés de microfone à boca do palco, para de seguida surgirem todos os músicos ali à frente, em meia-lua, para cantarem, quase sem ajuda do sistema sonoro, “Na Ponta do Cabo”. Mal se ouvia na galeria de 2ª, mas, visualmente, era um final perfeito.

Agora é esperar pela edição em CD e DVD, cuja edição se prevê, de acordo com os panfletos, daqui a apenas dois meses.


Alinhamento de “Três Cantos”:

Os três, com a banda:
1. Guerra e Paz [L e M: Sérgio Godinho; de Era Uma Vez um Rapaz, 1985]
2. Travessia do Deserto [L e M: José Mário Branco, de Ser Solidário, 1982]
3. Como um Sonho Acordado [L e M: Fausto, de Por Este Rio Acima, 1982]
José Mário Branco e Sérgio Godinho:
4. Barca dos Amantes [L: Sérgio Godinho; M: Milton Nascimento; de Coincidências, 1983]
José Mário Branco (c/Carlos Bica e José Peixoto):
5. Onofre [L e M: José Mário Branco; de Resistir é Vencer, 2004]
6. Emigrantes da Quarta Dimensão (Carta a J.C.) [L e M: José Mário Branco; de Correspondências, 1990]
José Mário Branco e Fausto:
7. Mariazinha [L e M: José Mário Branco; de Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, 1971]
Fausto:
8. Eis Aqui o Agiota [L e M: Fausto; de A Ópera Mágica do Cantor Maldito, 2003]
9. Adeus Orelhas de Abano [L e M: Fausto; de A Ópera Mágica do Cantor Maldito, 2003]
10. A Nova Brigada dos Coronéis de Lápis Azul [L e M: Fausto; de A Ópera Mágica do Cantor Maldito, 2003]
Sérgio Godinho:
11. O Velho Samurai [L e M: Sérgio Godinho; de Ligação Directa, 2006]
12. Cuidado com as Imitações [L e M: Sérgio Godinho; de Campolide, 1979]
13. O Primeiro Dia [L e M: Sérgio Godinho; de Pano-Cru, 1978]
José Mário Branco e Sérgio Godinho:
14. Se tu Fores Ver o Mar (Rosalinda) [L e M: Fausto; de “Madrugada dos Trapeiros”, 1977]
Os três:
15. Quatro Quadras Soltas [L e M: Sérgio Godinho; de “Campolide”, 1979]
Os três, mas sozinhos, sem banda:
16. Canto dos Torna-Viagem [L e M: José Mário Branco; de Resistir é Vencer, 2004]
17. A Ilha [L e M: Fausto; de Por Este Rio Acima, 1982]
18. Não Canto Porque Sonho [L: Eugénio de Andrade; M: Fausto e António Pedro Braga; de P’ró que Der e Vier, 1974]
19. O Charlatão [L: Sérgio Godinho; M: José Mário Branco; de Sobreviventes, 1971, e Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, 1971]
Os três, já com a banda de regresso:
20. De Não Saber o que me Espera [L e M: José Afonso; de Fura Fura, 1979]
21. Ser Solidário [L e M: José Mário Branco; de Ser Solidário, 1982]
22. Faz Parte (O Retorno das Audácias) [Inédita]
23. Olha o Fado [L e M: Fausto, de Por Este Rio Acima, 1982]
24. Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades [L: Luiz Vaz de Camões; M: Fausto; de Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, 1971]
25. Foi por Ela [L e M: Fausto; de Para Além das Cordilheiras, 1987]
26. Que Força É Essa [L e M: Sérgio Godinho; de Os Sobreviventes, 1971]
27. Confederação [L e M: José Mário Branco; de A Confederação, 1978]
1º encore:
28. Maré Alta [L e M: Sérgio Godinho; de Os Sobreviventes, 1971]
29. Inquietação [L e M: José Mário Branco; de Ser Solidário, 1982]
2º encore:
30. Na Ponta do Cabo [L e M: Fausto; de Crónicas da Terra Ardente, 1994]

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Música de liberdade em campo de tortura

Começa hoje. O Campo Pequeno, palco de barbárie aos outros dias, recebe hoje e amanhã, para um espectáculo daqueles que só se repetem de muitos em muitos anos, três dos maiores génios vivos da música portuguesa, José Mário Branco, Fausto e Sérgio Godinho, reunidos sob a designação "Três Cantos".
"Cinco meses de preparação, centenas de horas de ensaios, duas dúzias de músicos, 150 pessoas na produção, mais de 20 mil bilhetes vendidos. Sérgio, Fausto e José Mário ainda não subiram ao palco, mas já há quem lhe chame o concerto do ano", lê-se na edição de hoje do jornal i. E é bem capaz de ser verdade.
Para a semana, a 31 de Outubro e no dia seguinte, há mais duas apresentações, dessa vez no Coliseu do Porto.

Charadas #524

Toumani Diabaté de volta

Estava ontem anunciado na bilheteira do São Jorge: concerto de Toumani Diabaté, dia 30 deste mês, naquela sala.

O Tom Waits tem site

Parece uma notícia escrita em 1993 ou 1994, mas é, na realidade, perfeitamente actual. Tom Waits tem, finalmente, um site oficial, o qual, surpreendentemente que baste, tem o seguinte endereço: www.tomwaits.com. E... não, não há notícias de próximas digressões.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ainda sobre Gimme Shelter e o Altamont Speedway Free Festival



"Gimme Shelter" faz seguramente jus ao que dele se tem falado ao longo dos anos, sob os mais diversos aspectos: a qualidade das gravações, bastante superior ao expectável; a inteligência na captura da reacção a frio estampada nos rostos de Jagger e Watts no decurso da montagem (a qual também é brilhante, por sinal) por oposição à que se observa entre todos os envolvidos perante a selvajaria descontrolada que se instala na frente do palco; a narrativa dos eventos, se assim se pode dizer, que poucas dúvidas parece deixar sobre o rumo trágico que a história tomará; a sugestão galopante da tensão existente entre o público e os Hell's Angels, sem tomar parte, mais do que o sensato, pelos primeiros, que também fizeram parte da equação de violência; e, claro, a reprodução de alguns dos mais interessantes momentos da música popular de finais dos anos 60, desde o "Jumpin' Jack Flash" a começar até ao "Gimme Shelter" a terminar, com incursões no meio por Ike & Tina Turner, numa prestação de "I've Been Loving You Too Long" carregadinha de sensualidade, os Jefferson Airplane, os Flying Burrito Brothers... Magnífico.

(Não pude deixar de pensar, durante boa parte do filme, nas prestações mais do que zelosas de seguranças de espectáculos realizados em Portugal. Nada que se aproxime, com toda a certeza, do que aconteceu na pista de corridas de Altamont, mas já vi muita coisa menos boa por parte de alguns destes profissionais. Felizmente, esqueci-me da maior parte delas, mesmo até daquelas sentidas no corpo, restando-me na memória apenas aquela ocorrida durante o concerto de Sepultura no Dramático de Cascais, em 1993. A desproporção da actuação dos seguranças de palco foi tão evidente que o próprio Max Cavalera, no final do concerto, para colocar a cereja no topo do bolo, atirou com a guitarra à cabeça de um dos seguranças...)

Altamont, hoje, no São Jorge

Hoje passa no DocLisboa "Gimme Shelter", o documentário sobre o festival que reuniu em Altamont, a 6 de Dezembro de 1969, Rolling Stones, Jefferson Airplane, Tina Turner e Flying Burrito Brothers, entre outros, e que ficou gravado na história do rock'n'roll pelos incidentes trágicos potenciados pelos Hell's Angels, responsáveis pela segurança do evento, e que culminariam no esfaqueamento de um elemento do público. Dele se diz ser o documento sobre o apogeu do rock, pelas melhores e piores razões. É às 19h30, na sala principal do São Jorge. Programação de hoje aqui.

Quem mais está a torcer pela vinda dos Pavement ao Primavera Sound 2010 ou ainda mais perto?


Foi o meu amigo Dário que primeiro me lembrou da possibilidade, muito wishful thinking, da participação dos Pavement, agora reunidos de novo, na próxima edição do Primavera Sound de Barcelona. O regresso do grupo, que começou por ser anunciado como apenas uma única data no Central Park de Nova Iorque, a Setembro de 2010, tem vindo a ganhar novos contornos de dia para dia. Àquela data única do Central Park, para a qual os bilhetes esgotaram em apenas dois minutos (!), juntaram-se mais três. Entretanto, os Pavement foram convidados para serem os curadores do All Tomorrow's Parties de Minehead, Inglaterra, entre 14 e 16 de Maio do próximo ano. Os bilhetes esgotaram uma vez mais em tempo recorde. Na manhã de hoje foram postos à venda, apenas para assinantes da O2, os bilhetes para mais outra data, 11 de Maio, agora em Londres, na Brixton Academy, a sala onde os Pavement deram o último concerto, já lá vão 10 anos. Também são conhecidas datas para a Austrália e a Nova Zelândia, a ocorrerem durante o mês de Março.
O Primavera Sound 2010 realiza-se entre 27 e 29 de Maio. Ai wishful thinking.

Charadas #523

"Não é o pintor português do século XVI, figura de relevo do renascimento por cá, mas é da família."

sábado, 17 de outubro de 2009

Abriu a nova Groovie Records, o que serve de magnífico pretexto para actualizar o roteiro vinílico de Lisboa

Há mais uma loja no eixo Carmo/Chiado/Bairro Alto, com a mudança da Groovie Records da rua dos Fanqueiros para as Escadinhas da Oliveira (ali perto da redacção do Diário Económico). Apesar do espaço não abundar, segundo dizem, a Groovie promete servir de anfitriã a pequenos concertos (bandas interessadas, o mail de contacto é: contact@groovierecords.com).
Segue-se, então, mais uma actualização do roteiro de lojas vinílicas de Lisboa (o mapa do Google está aqui), agora por ordem alfabética:

Carbono
www.carbono.com.pt
Rua do Telhal, 6B

Discolecção
Calçada do Duque, 53-A

Eldorado
Rua do Norte, 23

Embassy Sound
Rua da Atalaia, 17

Flur
www.flur.pt
Santa Apolónia

Groovie Records
www.groovierecords.com
Escadinhas da Oliveira, 3

Louie Louie
www.louielouie.biz
Rua Nova da Trindade, nº 8A

Prog CD
Calçada do Carmo, ?

Magic Bus
Calçada do Duque, 17-A

Matéria Prima
www.materiaprima.pt
Rua da Rosa, 197

Sofuno
Travessa dos Inglesinhos, 13

SoundCraft
Rua do Século, 19

Trem Azul
www.tremazul.com
Rua do Alecrim, 21-A

V-Records
Travessa dos Inglesinhos, 41

Vinyl for Life
Largo da Trindade, 10

Vynil Experience
Rua do Loreto, 61 - 1º esq

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

E outro regresso

Beach House, dia 5 de Dezembro, no São Jorge, integrado na 2ª edição daquele festival que põe as pessoas a andarem avenida da Liberdade acima e abaixo.
(Salvé Primavera Club, que ajudas a trazer bandas a Portugal. E, tomem nota, não vai ficar por aqui.)

Scout Niblett de volta

Em Dezembro, nos dias 15 e 16 de Dezembro, no Passos Manuel e na ZDB, respectivamente.
myspace.com/scoutniblett

A nova banda do Quim

Antes mesmo de se espalhar por tudo o que é site e blogue de música que os Vicious Five tinham acabado, o vocalista Joaquim Albergaria, também baterista nos Caveira, anunciou através do Facebook que tinha nova banda. Foi novamente através daquela rede social que o Quim apresentou, há coisa de uma hora, a nova formação. Chamam-se Paus, já têm concerto marcado para o Passos Manuel, dia 30 deste mês, e já se podem ouvir no myspace: myspace.com/bandapaus. Além do Quim, fazem também parte dos Paus 3/5 dos If Lucy Fell, o vocalista Makoto Yagyu, o baterista Hélio Morais, que acumula ainda os Linda Martini, e o teclista João "Shela" Pereira. Sim, há teclas.

Visita semanal à Central Musical, nº3


THE HORRORS @ Paredes de Coura, 30 de Julho

Charadas #519

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Tudo o que você precisa de saber para já sobre a Escola de Medicina de Guantanamo



O regresso de Ben Chasny



Aí está o regresso de um favorito. Ben Chasny regressa a Lisboa com o seu projecto Six Organs of Admittance, dia 24 de Novembro, ao antigo cinema Nimas. Desta vez, Chasny vem acompanhado por Elisa Ambrogio, dos Magik Markers, e de Alex Nielsen, do Tight Meat Duo e colaborador de Bonnie 'Prince' Billy. Na bagagem, trará o novo "Luminous Night", lançado em Agosto pela Drag City. Os bilhetes começam a ser vendidos amanhã na Flur e na Louie Louie e custam 10€.
A produção cabe à Filho Único, que, a propósito, tem hoje mesmo a sua quarta-feira mensal no Lounge, com concerto dos Frango. Começa às 22h30 e a entrada é, como sempre, livre.

Charadas #518

Jello Biafra em... Corroios!

Quem é que vem a Portugal em Dezembro, quem é, quem é, quem é? JELLO BIAFRA!!!
Um dos maiores ícones do hardcore da costa leste americana, o fundador dos Dead Kennedys, o fundador da Alternative Tentacles, o activista político dos Verdes norte-americanos, o performer de spoken word, etc., vem a Corroios, ao Cine-Teatro local, com o seu novo projecto, The Guantanamo School of Medicine (é ou não é um nome genial?), no dia 11 de Dezembro. Os bilhetes custam 20€ e já estarão à venda nos locais habituais.
Além de Biafra, The Guantanamo School of Medicine inclui Jon Weiss e o seu irmão Andrew Weiss (que já passou pelos Ween, pela Rollins Band e pelos Butthole Surfers), Limo Ball e Ralph Spight. Mais informação sobre o projecto, que terá álbum com selo Alternative Tentacles a 20 de Outubro, e sobre a digressão aqui.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Gang of Four, 30 anos depois



"Entertainment!" saiu há 30 anos. Há algumas semanas, os Gang of Four comemoraram a data, tocando "At Home He's a Tourist" no programa de Jools Holland.

Três cantos com mais duas datas

A notícia já não é nova (nada nova, aliás), mas faltou aqui dizer que, dada a afluência registada aos bilhetes, o espectáculo "Três Cantos", que junta em palco José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto Bordalo Dias, tem datas adicionais. Assim, aos concertos de dia 22 (Campo Pequeno) e 31 de Outubro (Coliseu do Porto), somam-se os respectivos dias seguintes, isto é, 23 (Campo Pequeno) e 1 de Novembro (Coliseu do Porto).

O mapa etno-musical português

Foi numa visita recente ao excelente vaiumagasosa.com (onde, a propósito, foi parar por convite dos gasosos uma espécie de crónica um tanto ou quanto mal parida por mim) que deparei com uma ligação ao mapa etno-musical português que o Instituto Camões exibe nas suas páginas. É um trabalho notável, de visita obrigatória pelos curiosos e apaixonados pelas formas pelas quais se reveste a música. Através de um mapa interactivo de Portugal, continente e ilhas, somos dados a conhecer inúmeras tradições, os seus instrumentos, as suas funções sociais, o contexto da região, etc. Dos tamborileiros de terras de Miranda aos brinquinhos da Madeira, o mapa leva-nos num périplo fantástico pela música de tradição portuguesa, ao qual não falta sequer o som a acompanhar.
cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/mapa-etno-musical.html

Charadas #517

A carta aberta dos Vicious Five

Do Palco Principal:

Lisboa, 11 de Outubro de 2009

Um fim não é um fim em si, é uma hipótese de começar outra vez.
E o fim da história que vão ler agora, é o começo de cinco novos capítulos: os The Vicious Five vão deixar de tocar juntos.

A história que começou há seis anos atrás com os cinco putos de Lisboa a quererem tocar alto e fazer as pessoas dançar, acaba agora ainda com o mesmo sorriso nos lábios. E, muito sinceramente, explicações são devidas na medida em que explicações são possíveis.
Começámos esta banda porque queríamos fazer a música que queríamos ouvir e não aencontrávamos em lado nenhum. Fomos descobri-la dentro de uma garagem, dentro de nós.

Continuámos com esta banda porque o prazer que recebíamos de volta do tempo e trabalho que lhe oferecíamos todos os dias , compensava, sentíamo-nos retribuídos e muito mais vivos ao fim de cada ensaio, de cada gravação, de cada concerto. E The Vicious Five, a música que fizemos e tudo o que vivemos juntos ensinou-nos muito. Conseguimos dizer, hoje, que somos pessoas melhores por termos decido construir isto juntos.

E é por respeito ao que construímos juntos que tivemos de parar para pensar e conversar. A verdade é que no último ano nos fomos sentindo menos juntos, e começámos a perceber que o que púnhamos na banda não vinha devolvido na mesma proporção. E como em qualquer parceria ou casamento, cada um dá o que quer receber.

Digamos que se tornou evidente uma escolha - manter amigos e abrir mão de uma banda ou manter uma banda, perder amigos e passados alguns meses perder a banda.

Sempre quisemos ser positivos e independentes em tudo o que fizemos, firmes crentes no amor, na honestidade e na autonomia, não queremos agora deixar que a vida decida por nós, a maneira como acabamos ou começamos as nossas histórias, nem queremos que o que construímos de bom e positivo fique manchado por não termos sabido parar quanda era altura de parar, nem considerar-nos uns aos outros.

Estamos orgulhosos do que fizemos. Com o que vivemos e aprendemos juntos, cada um de nós vai continuar a fazer música e enquanto houver um puto insatisfeito que insista em perguntar "porquê?" a nossa música há-de estar viva. Contamos com vocês para continuarmos a fazer o novo baile e para se continuar a espalhar o amor como se fosse manteiga.

Obrigado a todos, por tudo.

Stay horny, stay hungry, be thirsty.

Sempre vossos,

The Vicious Five

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O fim dos Vicious Five?

Seria cómico -- isto é, depois do caso Green Machine vivido aqui no tasco -- se a notícia não fosse suficientemente grave: o Davide Pinheiro avança no Disco Digital que os Vicious Five deram por encerrada a sua actividade depois de divergências internas (eu não digo? não parece cómico?).
Mais desenvolvimentos em breve.

Charadas #516

Green Machine: mudanças com continuação

Afinal, a dissolução dos Green Machine não é efectiva. A notícia, então avançada pelo próprio vocalista da banda, João Pimenta (também nos Alto!, agora), veio entretanto a ser negada pelo baterista Pedro Oliveira, que adiantou ainda que a banda está em fase de reformulação e prepara-se inclusive para lançar novo álbum, o sucessor de "Green Machine Plays Ghost" (Rastilho, 2008), no início do próximo ano. Ainda bem!
Ainda que alheio à confusão, deixo aqui um pedido de desculpas aos restantes elementos do grupo pela notícia anterior. (E é altura de lembrar e reforçar uma nota particular já aprendida no passado e entretanto esquecida: "em bandas desavindas, não tomes a parte pelo todo".)
Mais sobre os Green Machine em www.myspace.com/greenmachinesucks

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Arigato, arigato

Vampire Weekend: single gratuito



Chama-se "Horchata", é o primeiro single do álbum "Contra", que sairá no início de 2010, e está disponível desde ontem para descarga gratuita. Por curiosidade, participa no tema Mauro Refosco, percussionista brasileiro que tocou durante largos anos com David Byrne, fundou o projecto Forró in the Dark e faz agora parte da novíssima banda de Thom Yorke.

Charadas #512


(É o nome de uma banda que se quer...)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ai se esta rua fosse minha

O Plano B, Porto, vai sair à rua amanhã, para mais uma edição, a terceira, do festival "Se Esta Rua Fosse Minha". Pelas 14h, a festa toma conta da rua Cândido dos Reis, com música, teatro, artes circenses, magia, etc. Na música, o destaque vai para os concertos dos israelitas TV Buddhas, dos Heavy Trash de Jon Spencer e Matt Verta-Ray e de Publicist (o baterista dos Trans Am, aqui no seu projecto mais virado para as pistas). Eis o programa, que pode ser consultado em maior pormenor no Plano B:

14h - Lenga Lenga – Gaiteiros de Sendim (Música)
15h - "e se..." - Pedro Correia (Clown)
15h30 - "Apelo a Cândido dos Reis" (Happening/Performance)
16h - XaTa - Projecto de Poesia Teatral para a Infância (Oficina/Espectáculo)
16h30 - Charanga (Performance/Música)
17h - Off Balance (Projecto em Site-Specific – Plano B - repete às 18h e 19h)
17h30 horas - Banda Plástica de Barcelos (Música)
18 - Ja Basta (Malarismo/Clown)
18h30 - Cuadrado de Coches (Barcelona) (Instalação/Música)
19h - Mikado Lab (Música)
21h - Cli-Xé (Performance/Música)
21h45 - Opening Books and Doors (Performance)
22h30 - TV Buddhas (Israel) (Música)
23h30 - Cabaret Internacional de Monsieur Pipon (Teatro)
24h - Heavy Trash (NYC) (Música)
01h30 - Publicist (Música – Plano B)

Outras actividades:
Passeio de burros
Noivas dos Clérigos
Jogos pouco tradicionais
Instalações

Charadas #511

"Eu não sou o Malcolm Mooney."

Os Fuck Buttons não sabem que são os novos Underworld

...ou talvez saibam. O que interessa é que até foi bom. Um pouco inesperado, mas bom. Só não percebo como é que houve aí tanta banda e tanto projecto a cair no saco da "nu rave", quando não há mais nu rave, se quisermos ser fiéis às semânticas da música popular, do que isto.