segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um semestre à americana



Melhores álbuns do semestre (entre os ouvidos, naturalmente), sem qualquer espécie de ordem:

Animal Collective "Merriweather Post Pavillion"
K'naan "Troubador"
Dirty Projectors "Bitte Orca"
Tortoise "Beacons of Ancestorship"
Oneida "Rated O"

sábado, 27 de junho de 2009

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Morreu o comercial nº1 da Pepsi

Ok, esqueçam o título. É apenas uma mera provocação barata, ainda que convicta. Dirão porventura estúpida e irresponsável, especialmente num momento como este (a morte assusta-nos sempre). Lamento que, como início, não represente a melhor abordagem na leitura de muitos. Na realidade, tirando tudo o que, além música (ou até mesmo intra-música...), me fez ao longo destes anos não ter qualquer espécie de simpatia pela personagem criada e trabalhada por Michael Joseph Jackson, devo dizer, porém, que senti com alguma gravidade as notícias da sua morte, por menos que isto interesse seja a quem for. Ainda assim, imaginem o cenário: na Bica, não muito longe de um palco onde alguém prestava tributo a António Variações, neste 25º aniversário da sua morte, toda a gente começa a receber notícias da morte de Michael Jackson. Pouco tempo depois, acabam as bandas e o DJ de serviço (eras tu, Vítor Belanciano?), ataca com Billy Jean e outros temas do falecido. Tendo tudo em conta, em especial os tempos em que éramos miúdos e víamos pela primeira vez, no momento, os videos do "Thriller" e do "Bad", mesmo que já com alguma distância, devo dizer que a morte do Michael Jackson não foi apenas uma mera notícia, um mero item de obituário. No dia 25 de Junho, morreu Michael Jackson. É uma data que vai ficar gravada em muito sítio, independentemente de tudo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O próximo álbum dos Tinariwen


O novo disco chama-se "Imidiwan" ("Companheiros") e é lançado no dia 29 de Junho. Vem acompanhado de um DVD de onde foi retirado o excerto acima apresentado. O Guardian está a oferecer o tema "Lulla" em download livre.
Logo após a saída do disco, os Tinariwen regressam a Portugal, para um concerto no novo Arrábida World Music Festival, dia 3 de Julho, no Forte de São Filipe, em Setúbal.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Mixtape da casa #5



Contribuições:
Coconot "Conservad el Rayo" (Espanha, 2008)
Teengirl Fantasy "Hoop Dreams" (Japão, 2009)
Spirit Spine "Raptures" (EUA, 2009)
The Fall "Totally Wired" (Inglaterra, 1980)
Lemonade "Nasifon" (EUA, 2008)
NOMO "Ghost Rock" (EUA, 2008)
Paul Simon "Gumboots" (EUA/África do Sul, 1986)
Pepe Kallé "Young Africa" (Congo-Kinshasa, 1995)
Mexican Institute of Sound "Cumbia" (México, 2009)
Chicha Libre "The Hungry Song" (EUA/Peru, 2008)
Los Corraleros de Majagual "Sueltala Pa'Que Se Defienda" (Colômbia, 2008)
Bombes2Bal "On Adore Le Forró" (Occitânia, 2004)
The Ruby Suns "Palmitos Park" (Nova Zelândia, 2008)

50'08" / 114MB

Disponível aqui.

Sete essenciais do MED Loulé (começa amanhã!)


Ricardo Ribeiro & Rabih Abou-Khalil "Como um Rio"
Quarta-feira, 21h30


Moriarty "Jimmy"
Quarta-feira, 23h


Horace Andy & Dub Asante Band "Skylarking"
Quinta-feira, 00h30


Orquestra Buena Vista Social Club "El Carretero"
Sexta-feira, 22h


Siba & A Fuloresta
Sábado, 00h


Rokia Traoré "Dounia"
Domingo, 21h30


Kimmo Pohjonen - Uniko
Domingo, 00h30

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Strange Boys em Lisboa!



Dia 29 28 de Julho, no Lounge!
(ACTUALIZAÇÃO: O concerto está marcado para dia 28 e não 29, como indica o myspace dos Strange Boys -- essa foi a primeira data agendada. A noite é conduzida pela Filho Único.)

domingo, 21 de junho de 2009

O guitar hero do deserto e o azeite da Síria

É bonito ver o anfiteatro da Gulbenkian quase cheio e a dançar a músicas pouco frequentes por Lisboa, interpretadas por grupos que poucos terão ouvido previamente, de uma pequena editora norte-americana cujo magnífico trabalho de pesquisa poucos conhecerão. O final da digressão europeia da Sublime Frequencies aconteceu neste fim-de-tarde de domingo, num clima de grande festa, num espaço cuja descrição fica sempre a carecer de superlativos suficientes. Tirando o Jazz em Agosto, que outros eventos tomam desta forma partido das características magníficas do anfiteatro ao ar livre e do jardim que o circunda?
O palco abriu com o Group Doueh. Duas vozes, uma masculina e uma feminina, e um teclista com programações de percussão um tanto ou quanto parolas orbitam à volta da guitarra eléctrica de Salmou "Doueh" Baamar (é, a propósito, o senhor que encabeça esta página por estes dias). Encantaram o público durante uma hora -- pena que não tenha sido mais -- com uma qualidade de som excelente, por comparação com aquilo que se encontra nos dois discos que a Sublime Frequencies lançou, incluindo o recente "Treeg Salaam". E Doueh é mesmo o guitar hero do deserto, como alguns lhe chamam, tendo aliás feito gala de imitar um dos seus "mestres", Jimi Hendrix, quando se pôs a tocar com a guitarra às costas.
Depois veio Omar "carrinhos de choque" Souleyman, acompanhado de outro teclista-programador, particularmente ágil, um saz eléctrico e um... poeta, supostamente o autor das letras que a estrela cantava, com direito a permanência, nitidamente desconfortável, em palco. Ao vivo, o grupo de Omar Souleyman fez lembrar, por vezes, aqueles grupos espanhóis com gajas boas que se ouviam em tudo o que era discoteca de nuestros hermanos nos anos 90 (uma chungaria pegada que rapidamente chegaria a nós para dar origem ao "pimba"), com as excepções de não haver gajas boas, por um lado, e de haver um saz, uma espécie de alaúde mais pequeno típico do Médio Oriente, a substituir a guitarra clássica do flamenco que aqueles grupos tinham. Fez também lembrar os grupos indianos e paquistaneses do Bhangra Pop, mas numa versão mais despida, mais pobre, mais cansativa. Foi divertido, ao princípio, mas às tantas a música de feira começou a fartar por estes lados (numa opinião que não será certamente partilhada pela boa parte do público que dançou do princípio ao fim). Se ao menos houvesse farturas na Gulbenkian... Azeite não faltou.
Para a semana há mais na Gulbenkian, no âmbito da programação "Próximo Futuro", com a fusão afro-britânica de A.J. Holmes, no sábado (21h30), e os tangos dos argentinos Dema y su Orquesta Petitera, no domingo (19h).

sábado, 20 de junho de 2009

Regresso a uma velha paixão


TORTOISE "Prepare Your Coffin"

"Beacons of Ancestorship" (Thrill Jockey) é o novo álbum dos Tortoise. E é fantástico. Faz pensar que muitas bandas, especialmente entre aquelas que já levem alguns anos, deviam fazer pausas mais longas entre os discos, deixar maturar composições e chegar a resultados como este. Só é pena que o LP já esteja esgotado na editora (é procurar nas lojas, agora).

sexta-feira, 19 de junho de 2009

As iniciativas paralelas do FMM

Já aqui trouxe o programa principal e as sessões de DJing. Faltavam as outras iniciativas paralelas do FMM Sines 2009. Este ano vai haver cinema, uma exposição de fotografia, ateliês para crianças com os artistas, sessões de conversa com os artistas, ateliês de instrumentos, animação de rua, etc. Eis o programa completo das iniciativas paralelas, acompanhado dos textos originais da organização:

"CARAVANÇARAI", 10 ANOS DE FMM EM FOTOGRAFIA
Centro de Artes de Sines. 11 de Julho a 23 de Agosto. Todos os dias, 14h00-20h00. Entrada livre.

Tal como os caravançarais do deserto, também o Festival Músicas do Mundo é um ponto de encontro que procura ser generoso para os viajantes, oferecendo-lhes guarida e mantimentos para que continuem a sua busca. Oriundos de todas as partes do mundo, reúnem-se aqui os músicos e os espectadores mais aventureiros, unidos por um elo imaterial que se foi formando ao longo dos anos e que faz do FMM hoje, mais do que um evento, uma comunidade. Nesta exposição, os músicos são os protagonistas - especialmente naqueles momentos em que o êxtase da música lhes faz sair a alma pelos poros, pela boca, pelos olhos - mas não são esquecidos todos os outros homens e mulheres que souberam transportar dentro de si o espírito FMM ao longo de 10 anos. É o espectáculo humano do FMM captado por 11 fotógrafos que, nas mais diferentes qualidades, acompanharam o festival: António Melão, Bruno Fonseca, Enrique Vives-Rubio, Fred Huiban, José Manuel Rodrigues, José Sérgio, Mário Pires, Miguel Madeira, Rita Carmo, Sofia Costa e Tiago Canhoto.


CICLO DE CINEMA DOCUMENTAL
Centro de Artes de Sines. 22 a 25 de Julho. Sessões às 15h00. Entrada livre.

22: “B FACHADA, TRADIÇÃO ORAL CONTEMPORÂNEA” E “MANDRAKE”, DE TIAGO PEREIRA
Projecção de dois documentários do jovem realizador Tiago Pereira: o primeiro parte do músico pop B Fachada para reflectir sobre a tradição oral e o que sustenta (ou não) as dicotomias urbano x rural e criação individual x criação colectiva; o segundo sobrepõe e intersecta música feita hoje com recolhas de rituais arcaicos, muitos deles de carácter mágico.

23 E 24: “MUSIC OF RESISTANCE”, DE JASON BRECKENRIDGE - AL JAZEERA
Filmada em vários pontos do mundo, do deserto do Sahara a Lisboa, a série “Music of Resistance”, produzida por Jason Breckenridge para a cadeia de televisão Al Jazeera, aborda a música como força de mudança política. Apresentados por Steve Chandra, figura central da Asian Dub Foundation, veremos no FMM os seis episódios que a compõem: os primeiros três (Asian Dub Foundation, Tinariwen e Seun Kuti), na tarde de 23 de Julho; os restantes (Massoukos, Chullage e AfroReggae), na tarde de 24 de Julho. Cada sessão tripla tem uma duração de 68 minutos.

25: “É DREDA SER ANGOLANO”, PELO COLECTIVO RÁDIO FAZUMA
Inspirado no disco "Ngonguenhação", do Conjunto Ngonguenha, "É Dreda Ser Angolano" propõe uma viagem informal pela paisagem musical e humana da nova Angola em forma de "mambo tipo documentário".


ATELIÊS PARA CRIANÇAS
Centro de Artes de Sines. 20 a 25 de Julho. Às 11h00. Para crianças dos 6 aos 12 anos. Gratuito, mediante inscrição no balcão do Centro de Artes.

20: PORTICO QUARTET
O quarteto revelação do jazz britânico apresenta as suas ideias sobre música e mostra às crianças o misterioso instrumento que torna o seu som tão especial, o “hang”.

21: CARMEN SOUZA
Entre Cabo Verde e Portugal, entre o jazz, a soul e os ritmos africanos, Carmen Souza explica às crianças como é viver entre tantas músicas e tantas culturas.

22: UXÍA
Uxía não é apenas uma das maiores cantoras ibéricas, é também uma artista empática e inspiradora que não vai deixar de cativar as crianças que se inscreverem para o seu ateliê.

23: RAMIRO MUSOTTO
Com um arame, uma vara de madeira e uma cabaça se faz um berimbau. Ramiro Musotto, um dos seus maiores mestres, mostra os encantos de um instrumento fantástico.

24: WARSAW VILLAGE BAND
Filha de Wojtek e Maja, a pequena Lena inspirou uma nova fase da banda polaca Warsaw Village Band. Neste ateliê, os músicos pegam nos seus instrumentos e explicam porquê.

25: BIBI TANGA
Toda a grande música africana e afro-americana encontra espaço dentro do coração de Bibi Tanga. Agora é altura de partilhar essa paixão num ateliê que vai surpreender os mais novos.


CONVERSAS COM ARTISTAS
Escola das Artes de Sines. 18, 19, 23, 24 e 25 de Julho. Às 14h30. Entrada livre.

18: DELE SOSIMI
Companheiro de Fela e Femi Kuti, o teclista e director de orquestra Dele Sosimi fala do percurso que tem traçado no movimento Afrobeat e de como projecta o seu futuro.

19: DAARA J FAMILY
O “tasso” senegalês é a forma original do rap? Esta e outras perguntas são o ponto de partida para uma conversa com um dos mais estimulantes grupos africanos da actualidade.

23: CHUCHO VALDÉS
Embora pequena, Cuba foi uma das nações que mais contribuiu para o património da música popular do século XX. Chucho Valdés, uma das suas maiores figuras, explica porquê.

24: DEBASHISH BHATTACHARYA
Qual é o papel da “slide guitar” na música indiana? O que torna a música indiana especial e tão fascinante para os ocidentais? O público pergunta e o mestre Debashish responde.

25: CHICHA LIBRE
O que leva músicos nova-iorquinos a iniciar um projecto de recuperação de um estilo nascido na Amazónia peruana dos anos 70? Nesta conversa, resolve-se o mistério.


ATELIÊS DE INSTRUMENTOS
Escola das Artes de Sines. 20, 21 e 22 de Julho. Inscrição na Escola das Artes: 5 euros para alunos da Escola das Artes e 20 euros para não alunos.

20: ZÉ EDUARDO (CONTRABAIXO) 14h30
Poucos contrabaixistas na Europa têm um percurso tão rico quanto Zé Eduardo. Para todos os interessados pelo instrumento, será um privilégio dialogar com ele e colher os seus ensinamentos.

21: JOÃO AIBÉO (TUBA) 14h30
A tuba é o maior e um dos mais expressivos sopros metálicos. Neste ateliê, João Aibéo ajuda a ir mais além na exploração da originalidade sonora de um verdadeiro “bom gigante” musical.

22: JOÃO FRADE (ACORDEÃO) 11h00
Um dos melhores acordeonistas nacionais, primeiro classificado em mais de 20 competições de acordeão em todo o mundo, João Frade mostra a sua visão de um instrumento de grande potencial e modernidade.

22: PEDRO MESTRE (VIOLA CAMPANIÇA) 14h30
Natural de Castro Verde, Pedro Mestre é um apaixonado pela música tradicional alentejana e um perito da viola campaniça, instrumento cujos segredos partilha neste ateliê a não perder.


ENCONTRO COM MIA COUTO E JOSÉ EDUARDO AGUALUSA
Centro de Artes de Sines. 20 de Julho. Às 18h00. Entrada livre. Org. Livraria a das artes. Apoio Câmara Municipal de Sines

Numa organização da livraria a das artes, a propósito da comemoração do seu sexto aniversário, o Centro de Artes de Sines acolhe uma apresentação de livros invulgar: Mia Couto apresenta “Barroco Tropical”, o novo romance de José Eduardo Agualusa, e José Eduardo Agualusa apresenta “Jerusalém”, o novo romance de Mia Couto. Angola, Moçambique e todo os espaço da lusofonia, visões cruzadas, cumplicidades, discordâncias, numa ocasião única para conversar com dois dos maiores escritores de língua portuguesa da actualidade.


ANIMAÇÃO DE RUA:
SKALABÁ TUKA SINES, PORTUGAL

Uma das cidades com maior tradição carnavalesca do país, Sines apresenta no FMM o grupo de bateria de samba e batucada Skalabá Tuka, ligado à bateria “Pelicanos da Baia”, criada em 1999 pelas mãos do mestre Reinaldo Nunes, fundador de várias escolas de samba em Portugal. Depois de alguns períodos de paragem, o grupo tem actualmente como mentores João Matos e Alexandre José e desenvolve as suas actividades com a parceria da Escola das Artes de Sines e o apoio da Siga a Festa - Associação de Carnaval. As apresentações programadas são:
Porto Covo: 17 de Julho, 17h30
Porto Covo: 19 de Julho, 21h00
Sines (Lg. Poeta Bocage): 22 de Julho, 17h30 e 21h00
Sines (Av. Vasco da Gama): 23 de Julho, 19h00

Mais frequências sublimes para domingo



Omar Souleyman, o sírio.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Domingo de frequências sublimes



Group Doueh, um dos nomes da Sublime Frequencies que vai passar pelo anfiteatro ao ar livre dos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, no próximo domingo. O outro é o sírio Omar Souleyman. Os concertos começam às 19h, mas a festa começa mais cedo, com música e filmes da SF. (É ou não é uma bela oportunidade para se fazer um pic-nic, pegando na deixa do Tony Carreira?)

Os Mutantes têm novo álbum de originais!

Chama-se "Haih" e vai ser lançado nos EUA pela Anti-, no próximo dia 8 de Setembro. Os Mutantes, que se reuniram de novo para concertos, apenas conservando da formação original, o guitarrista e vocalista Sérgio Dias e o baterista Dinho Leme, vão lançar novo álbum, 35 anos depois de "Tudo Foi Feito Pelo Sol", o último disco de estúdio (em rigor, saíram ainda depois "O A e o Z" e "Tecnicolor", mas foram gravados muito antes). Este "Haih" vai contar com canções escritas por Sérgio Dias, Tom Zé e Jorge Ben Jor, entre outros.

Meio bicho e fogo

GOVERNO - Meio Bicho e Fogo from 8 e Meio on Vimeo.



"Meio Bicho e Fogo" é o primeiro tema do Governo, o grupo formado por Valter Hugo Mãe, os dois Mão Morta António Rafael e Miguel Pedro e o contrabaixista Henrique Fernandes (Soopa, Mécanosphère, Estilhaços). Grande voz e grandes letras do Valter, como já tinha testemunhado aqui há meses, quando o projecto ainda tinha o nome de Cabesssa Lacrau. "Meio Bicho e Fogo" pode também ser encontrado na compilação "Novos Talentos FNAC 2009". O vídeo é da autoria do ilustrador Esgar Acelerado, com desenhos de Sara Macedo e do próprio.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Giradiscanços no FMM Sines 09

Conhecido desde há dias o cartaz dos grupos e artistas que vão ao FMM 09, eis o programa com a malta dos discos. Tanto daqueles que, como é habitual, vão seleccionar a música para fazer o público continuar a dançar após os concertos, nas habituais sessões junto à praia, como daqueles que, na grande novidade deste ano, vão realizar a Rádio FMM Ao Vivo, um conjunto de sessões com início marcado para os finais de tarde dos seis primeiros dias do festival. Luís Rei, das Crónicas da Terra, e Raquel Bulha, da Antena 3, vão passar discos, vão apresentar o cartaz, vão fazer entrevistas, etc., ao vivo, em Porto Covo e em Sines. Eis o cartaz completo do giradiscanço:

Raquel Bulha - dias 17 e 18 @ Lg. Marquês de Pombal (Porto Covo), sempre 18h-21h
Luís Rei - dias 17, 18 e 19 @ Lg. Marquês de Pombal (Porto Covo), dia 20 e 21 @ exterior do Centro de Artes de Sines e dia 22 @ Lg. Poeta Bocage (largo da entrada do castelo), sempre 18h-21h
RMA (África Eléctrica - RDP ÁFRICA) & Mr_Mute (deubreka) - dia 23 @ Av. Vasco da Gama (junto à praia), 04h-06h
António Pires & Toni Polo - dia 24 @ Av. Vasco da Gama (junto à praia), 04h-06h
Bailarico Sofisticado - dia 25 @ Av. Vasco da Gama (junto à praia), 04h-07h

Quinze anos, mas já faz aniversários de gente grande

Já se sabia que os Konono nº1 iam voltar a Portugal neste início de Julho, e que Lisboa teria uma das datas (sendo que no Porto vão ao Mestiço), só não se sabia onde e em que contexto. A ocasião é o 15º aniversário da Galeria Zé dos Bois, que este ano terá lugar ao ar livre, no Museu Nacional de História Natural, no dia 4 de Julho. E há mais além dos Konono.

Também proveniente de África, vai estar presente o Guiné All Stars, um colectivo de músicos que habitualmente passam pela ZDB e que foi especialmente seleccionado para esta noite de aniversário: Kimi Djabaté (voz, balafon e guitarra acústica), Maio Coopé (voz, cabaça, m'bira e percussões), N'Dara Sumano (voz), Braima Galissá (kora), Sadjo (guitarra eléctrica) e Gelajo Sane (percussão).

Da Not Not Fun, editora de Los Angeles pela qual os Loosers já chegaram a gravar, vêm dois projectos, Pocahaunted e, de um colaborador regular destes, Sun Araw.

A festa começa às 19h e os bilhetes custam 10€, se comprados antecipadamente na Flur, na Louie ou na ZDB, ou 12€, se comprados no próprio dia.

Enxurrada de acontecimentos para os próximos dias

Alguns destaques:

* Ainda antes do Jazz em Agosto, a Fundação Calouste Gulbenkian apresenta no seu magnífico anfiteatro ao ar livre um conjunto de espectáculos integrados no programa Próximo Futuro, "dedicado em particular, mas não exclusivamente, à investigação e criação na Europa, na América Latina e Caraíbas e em África". No que diz respeito à música, o programa abre com a Orquestra Gulbenkian, no sábado, para, no dia seguinte -- naquele que é o evento mais esperado desta leva inicial de concertos -- apresentar dois nomes associados à editora Sublime Frequencies, os saarianos Group Doueh e o sírio Omar Souleyman. Começa às 19h, mas antes poder-se-á escutar música e ver filmes da Sublime Frequencies. Nos fins-de-semana seguintes, há ainda A.J. Holmes, Dema y su Orquesta Petitera, Orquestra Imperial, Gala Drop.

* Explorando também as músicas de outras paragens, o Tocar de Ouvido tem mais uma edição em Évora, com Rabih Abou-Khalil, Kepa Junkera, etc. De quinta a sábado.

* Ainda no mesmo registo, por assim dizer, mas mais a Norte, decorre o Festim, Festival Intermunicipal de Músicas do Mundo, com destaque para a presença do brasileiro Hermeto Pascoal em alguns concelhos do distrito de Aveiro.

* Mais para o final do mês, e arrumando com o capítulo das músicas do mundo nesta nota, acontece o MED de Loulé, o habitualmento extenso festival que este ano contará com Rokia Traoré, Horace Andy, Ojos de Brujo, a Orquesta Buena Vista Social Club, entre muitos outros nomes. De 24 a 28 de Junho, em seis palcos instalados na cidade de Loulé.

* O Goethe-Institut, o Instituto Franco Português e o Musicbox associaram-se na realização do Festival Silêncio!, um evento dedicado à palavra, onde a spoken word assume, naturalmente, destaque. Entre 18 e 27 de Julho, e entre outras iniciativas, vai haver apresentação de Estilhaços (o projecto de Adolfo Luxúria Canibal, António Rafael e Henrique Fernandes), espectáculos de MCs, concursos ao vivo de poesia ("poetry slams"), etc.

* Os Secret Chiefs 3 vão regressar a Portugal. O grupo de Trey Spruance, antigo guitarrista dos Mr. Bungle e dos Faith No More tem datas agendadas para o Porto (Passos Manuel, a 29 de Junho) e, desta vez, também por Lisboa (Santiago Alquimista, no dia seguinte).

* A ZDB apresenta na próxima sexta-feira a nova banda de Norberto Lobo, os Tigrala, onde o guitarrista se faz acompanhar por Guilherme Canhão (guitarrista nos Lobster) e pelo percussionista mexicano Ian Carlo Mendoza. Na mesma noite há ainda um concerto de Gate, pseudónimo de Michael Morley, dos neo-zelandeses Dead C.

* Festa na rua: sexta-feira, há Kumpania Algazarra na rua Nova do Carvalho (a rua do Europa, Musicbox, etc.), pelas 22h; sábado, há Arraial na Mouraria, com os Anonima Nuvolari no Largo da Rosa, em mais uma iniciativa da associação Renovar a Mouraria.

* Para quem goste, há também o regresso das manas CocoRosie a Portugal: sábado no CC Vila Flôr, em Guimarães; e domingo, no CCB, em Lisboa.

* O Gui tem sete anos. Nasceu prematuro e não consegue andar, precisando de uma cirurgia especial, a ser realizada em Cuba. Na ajuda para a recolha de receitas para ajudar a esta causa, Gimba, Zé Pedro, Irmãos Catita, Cais do Sodré Cabaret!, Ena Pá 2000, Monstro Mau, Budda Power Blues e outros sobem na próxima quinta-feira ao palco do Maxime.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cota Kool

Julgo que já terei deixado passar algures por este fundo amarelo que as festas afro beat do Musicbox, com os Kota Cool, são a maior doideira de Lisboa. Se não o fiz, faço-o agora. Para o mês que vem há mais (sempre às segundas quinta-feiras de cada mês).

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Bernardo Devlin na máquina do tempo

Hoje há Time Machine no Lounge, uma oportunidade para ver e ouvir Bernardo Devlin num registo de garagem à anos 60, psicadélico, beat, quase surf, na companhia da secção rítmica dos Loosers e do guitarrista J. Romão. É o primeiro concerto. E esta é mais uma quarta-feira Filho Único no Lounge.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Erm... partido afecto ao piratebay.org chega ao Parlamento Europeu!

O Partido Pirata, que defende a abolição dos direitos de autor e a liberdade na Internet, conseguiu 7,1 por cento dos votos nas eleições europeias na Suécia, segundo resultados parciais, e será então representado por Christian Engstrom no Parlamento Europeu. (Ver resto da notícia no Público.)

Na próxima sexta-feira, há Santo António...

10 anos sem Miguel Afonso

Faz hoje 10 anos que o Miguel Afonso desapareceu. De noite, enquanto recolhia a casa de bicicleta, como sempre, e após mais um dia de trabalho na Faculdade de Ciências de Lisboa -- onde era investigador doutorado, apesar de muito novo, na área da biomecânica -- foi colhido brutalmente na segunda circular por um automóvel que se pôs em fuga e cujo condutor nunca mais se conheceu a identidade. Terminou muito cedo a vida de alguém que a vivia com uma intensidade e com um entusiasmo únicos. Conheci-o nas trocas, primeiro de pautas de música no início dos 90s, mais tarde de gravações piratas de concertos (cada um de nós tinha o seu catálogo, o dele bem mais vasto, que frequentemente anunciávamos nos pregões do Blitz). Encontrá-lo nos concertos era a coisa mais vulgar do mundo, ele com o seu cada vez mais sofisticado sistema de gravação (gravador DAT, com grandes baterias penduradas às costas e com os microfones estéreo fixados às hastes dos óculos). E se o concerto era dos More República Masónica, do qual seria seguramente o fã nº 1, era certíssimo que, fosse qual o sítio que fosse, o Miguel estava lá na primeira fila. Também na primeira fila nos encontrámos diversas vezes, já ao final dos concertos, para pedir setlists aos roadies, outra das manias coleccionistas que tínhamos em comum na altura. Entre os mil e um projectos a que se dedicava, o Miguel chegou ainda a tocar baixo numa banda, os Galore, cujo álbum em CD-R chegou a ser vendido na FNAC (em CD-R!), não me perguntem como (anos depois da sua morte, ainda cheguei a encontrar o disco nos saldos de uma das lojas). Aprendi muita música com ele e acho que me senti contagiado, na altura, pela intensidade com que vivia tudo o que fazia. Talvez por isso, mesmo passados estes 10 anos, continue à espera de me encontrar com ele num concerto qualquer.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dois programas para Lisboa, hoje (e depois)



Na Casa do Alentejo, Norberto Lobo, intérprete brilhante da guitarra acústica, apresenta o seu novo álbum, "Pata Lenta", a partir das 22h. A entrada custa 5 euros.

Noutra iniciativa, o Dia Mundial do Ambiente (hoje) é celebrado por um programa especialmente preparado pela equipa do Bacalhoeiro no jardim São Pedro de Alcântara, ao Bairro Alto, que se estende pelo sábado. O "Ambientar-te", assim se chama o programa, vai contar com diversos concertos, actividades para crianças, palestras e tertúlias, uma feira de artesanato e de protudos biológicos e gastronomia. Eis o programa:

SEXTA-FEIRA, 5
14h00 | abertura. Feira de artesanato e produtos biológicos
19h30 | Drumtrumpet (dj: Manu / trompete: Luis Vicente)
21h30 | concertos: ANONIMA NUVOLARI, LOS CUBOS

SÁBADO, 6
10h00 | abertura da feira de artesanato e produtos biológicos
10h00 | Cangulula Actividades lúdicas de sensibilização ambiental para crianças e famílias (de 1 aos 3 anos).
16h00 | Cangulula Actividades lúdicas de sensibilização ambiental para crianças e famílias (3 anos – 10 anos).
17h00 | Tertúlia com Le Monde Diplomatique: «A ecologia e a crise. Será este mundo sustentável?»
18h00 | Contabandistas | contadores de histórias para todas as idades.
19h30 | Johannes Krieger Quartet Jazz ao fim da tarde. Chibanga groove.
21h30 | concertos: FARRA FANFARRA, SOTAZERO (estes catalães, adeptos da rumba, vão também estar no arraial que o Bacalhoeiro prepara para a noite de Santo António, onde haverá também Bailarico Sofisticado)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um achado

Há dias, estava a ter algumas dificuldades para arrumar o disco do primeiro álbum dos Stranglers, "Rattus Norvegicus", comprado em segunda mão há mais de um ano. Vejam só o que que estava a dificultar a entrada do disco:



É o bilhete daquele que poderia ter sido o primeiro concerto dos Stranglers em Portugal. Cascais, 11 de Julho de 1978 (tinha eu cinco anos!). "Poderia ter sido o primeiro concerto" porque... não se realizou (leiam as razões aqui). Talvez por isso o bilhete conserve ainda o canhoto intacto. Obrigado a quem se desfez do disco e se esqueceu do bilhete lá dentro.

Mais um festival de world music!

São muitas as saudades de eventos como os Encontros Tradicionais de Música Europeia ou o Multimúsicas. O África Festival desapareceu do calendário (esperemos que volte para o ano). Lisboa estava a ficar sem festivais de músicas do mundo, mas isso vai entretanto ser corrigido. Na sua primeira edição, o World Music Festival LX, que se desenrola entre 14 e 19 de Julho na nova Ler Devagar da LX Factory, vai contar com a presença de Bassekou Kouyaté, do Mali, Spok Frevo Orquestra, do Brasil, Kasai Masai, do Congo, Dobet Gnahoré, da Costa do Marfim, Stewart Sukuma, de Moçambique, e do português Júlio Pereira. Mais informações em www.myspace.com/worldmusicfestivallx

Mixtape da casa #4



Contribuições:
Pere Ubu "Non-alignment Pact" (EUA, 1977)
Tuxedomoon "No Tears" (EUA, 1978)
Liquid Liquid "Bellhead" (EUA, 1981)
Djelimady Tounkara & Super Rail Band feat. Sekou Kante "Djiguiya" (Mali, 2007)
James White & The Blacks "Contort Yourself" (EUA, 1979)
Bow Wow Wow "I Want Candy" (Inglaterra, 1982)
Kasaï All Stars feat. Tandjolo "Koyile-Nyeka Nyeka" (Congo-Kinshasa, 2004)
Cascabulho "Vendedor de Amendoim (Fome Dá Dor de Cabeça)" (Brasil, 1998)
Los Corraleros de Majagual "La burrita" (Colômbia, ?)
Pina y Sus Estrellas "Los Extraños" (Peru, 196?/7?)
Augustus Pablo "Pretty Baby" (Jamaica, 1986)

43'30" / 99,5MB

Disponível aqui.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ainda a propósito do Primavera

«O cérebro emocional é um cérebro lento. Vem de há milhões de anos. É um cérebro que tem certas características de sistema neuronal, de mediador de estímulos, e que funciona numa escala relativamente lenta. É uma escala de segundos a, por vezes, minutos. O cérebro cognitivo funciona numa escala de centenas de milisegundos. Muito, muito rápido. Portanto, é perfeitamente possível para nós aprendermos muito rapidamente uma quantidade de factos, recolhermos uma quantidade de imagens e lembrarmo-nos delas, manipularmos essas imagens de uma forma inteligente. E, ao mesmo tempo, as emoções que deviam ser disparadas em relação a certos factos, em relação a certos acontecimentos, não conseguem ser disparadas porque não há tempo. Portanto, estamos a fazer uma separação, um divórcio completo entre estes dois cérebros, e isso, sim, isso pode ser muito perigoso.»

Lembrando de novo o passado fim-de-semana em Barcelona, coisa frequente destes dias, em particular a última entrada da espécie de reportagem que publiquei na segunda-feira (ver mais abaixo), fui parar às palavras do neurologista António Damásio, que acima cito (e das quais já falei aqui e aqui) e ainda às do músico António Pinho Vargas (aqui). De facto, foi uma bela oportunidade para vermos dez, vinte ou trinta das bandas que mais gostamos. Vermos, ouvirmos e sentirmos dez, vinte ou trinta concertos essenciais nos tempos que correm. Mas, conseguimos verdadeiramente digerir aquilo que nos foi oferecido, quando não tivemos nem sequer um minuto de silêncio que fosse para deixarmos as emoções tomarem conta de nós, para, enfim, reflectirmos? É o inevitável trade-of entre concertos individuais e o conceito de festival como é o do Primavera Sound. Cada qual terá as suas vantagens e os seus inconvenientes. Uma coisa é certa, porém: são duas coisas muito, muito diferentes.

terça-feira, 2 de junho de 2009

E esta?

Vicious Five, primeiro, e Mundo Cão, depois, vão amanhã fazer a primeira parte dos AC/DC no Alvalade XXI. Duas bandas portuguesas, com dois álbuns cada uma, com o mais recente destes editado pelas próprias mãos ou quase (edição de autor na primeira, edição Cobra na segunda), com públicos mais ou menos delimitados, a abrirem, num estádio, para um colosso da indústria das últimas décadas. Notável. (Parabéns, malta!)

MED 09 completo!

Foi anunciado há dias o programa completo do festival MED Loulé 2009. Destaque para o regresso a Portugal de Rokia Traoré, que ainda este fim-de-semana pisou os palcos de Lisboa e Porto, do brasileiro Siba, dos argentinos Bajofondo, do colectivo franco-americano Moriarty, do jamaicano Horace Andy, dos catalães Ojos de Brujo e de Justin Adams com Juldeh Camara. Destaque ainda para a presença da Orquestra Buena Vista Social Club e do baterista dos Police, Stewart Copeland, num colectivo de tarantelas. Eis o programa completo:

Quarta-feira, 24 de Junho
19h30 - VINTAS TRIO (Portugal), palco Classic
20h00 - LUXARMA ZEN (Portugal), palco Bica
20h30 - LOUNGE'AS TRIO (Portugal), palco Arco
21h30 - RABIH ABOU-KHALIL & RICARDO RIBEIRO "Em Português" (Líbano/Portugal), palco Cerca
21h30 - IBN BATTUTA (Marrocos/Espanha), palco Castelo
22h15 - YIN & YANG (Portugal), palco Arco
23h00 - MORIARTY (EUA/França), palco Matriz
23h00 - RAMUDAH (Portugal), palco Bica
23h45 - MARIÁRIA (Portugal), palco Castelo
00h30 - BAJOFONDO (Argentina), palco Cerca

Quinta-feira, 25 de Junho
19h30 - RUI BAETA E RUBEN ALVES (Portugal), palco Classic
20h00 - SAM ALONE (Portugal), palco Bica
20h30 - ABMIRAM (Portugal), palco Arco
21h30 - ENEIDA MARTA (Guiné-Bissau), palco Cerca
21h30 - DIABO A SETE (Portugal), palco Castelo
22h15 - YIN & YANG (Portugal), palco Arco
23h00 - OJOS DE BRUJO (Espanha), palco Matriz
23h00 - AMAR GUITARRA (Portugal), palco Bica
23h45 - MÚ (Portugal), palco Castelo
00h30 - HORACE ANDY & DUB ASANTE (Jamaica), palco Cerca

Sexta-feira, 26 de Junho
19h30 - ORQUESTRA DO ALGARVE (Portugal), palco Classic
20h00 - NANOOK E OS VAGABUNDOS (Portugal), palco Bica
20h30 - TRIO JOÃO ORNELAS (Portugal), palco Arco
21h30 - DONNA MARIA (Portugal), palco Cerca
21h30 - HRISTOV (Bulgária), palco Castelo
22h00 - ORQUESTRA BUENA VISTA SOCIAL CLUB (Cuba), palco Matriz
23h00 - DUONDE (Portugal/Cabo Verde), palco Bica
23h30 - YIN & YANG (Portugal), palco Arco
23h45 - PHILARMONIC WEED (Portugal), palco Castelo
00h00 - PITINGO (Espanha), palco Cerca
00h30 - DJ CLICK (França), palco Matriz

Sábado, 27 de Junho
19h45 - ORQUESTRA DE SOPROS DE CASTRO VERDE (Portugal), palco Classic
20h00 - MISTURA PURA (Portugal), palco Bica
20h30 - KAZU (Portugal), palco Arco
21h30 - LURA (Cabo Verde), palco Cerca
21h30 - MUTENROHI (Espanha), palco Castelo
22h00 - CAMANÉ (Portugal), palco Matriz
23h00 - OCO (Portugal), palco Bica
23h30 - YIN & YANG (Portugal), palco Arco
23h45 - RASPECT (Portugal), palco Castelo
00h00 - SIBA E A FULORESTA (Brasil), palco Cerca
00h30 - JUSTIN ADAMS & JULDEH CAMARA (Inglaterra/Gâmbia), palco Matriz
01h45 - DJ N'SISTA (Espanha/Brasil), palco Castelo

Domingo, 28 de Junho
19h45 - VIOLINOACORDEÃO (Portugal), palco Classic
20h00 - EDUARDO RAMOS (Portugal), palco Bica
20h30 - SUSANA TRAVASSOS (Portugal), palco Arco
21h30 - ROKIA TRAORÉ (Mali), palco Cerca
21h30 - FILIPA PAIS (Portugal), palco Castelo
22h15 - YIN & YANG (Portugal), palco Arco
23h00 - LA NOTTE DELLA TARANTA FEAT. STEWART COPELAND (Itália/EUA/Grécia), palco Matriz
23h00 - ALMA LUSA (Portugal), palco Bica
23h45 - SON DE NADIE (Espanha), palco Castelo
00h30 - KIMMO POHJONEN UNIKO (Finlândia), palco Cerca

Mais informações em www.festivalmed.com.pt

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Records catalans

Aproveito para partilhar alguns dos momentos vividos ao longo de um fim-de-semana com tanto de inesquecível quanto de cansativo:

U. Os dez melhores concertos, por ordem de preferência: Neil Young, Shellac, My Bloody Valentine, Jason Lyttle, Liars, Black Lips, The Jesus Lizard, Spectrum, Sonic Youth, The Vaselines.

Dos. Neil Young curto demais. Houve vários pontos de contacto com o concerto em Lisboa, no ano passado. Das canções mais conhecidas, não houve (e foi uma pena) o "Words" e várias outras, mas houve "Cinnamon Girl", "Down by the River", "Mansion on the Hill" e, a única nova, "Get Behind the Wheel". Mas do que mais se notou a falta, e daí também o concerto ter sido relativamente curto face ao que se esperava, foi dos temas longos, daqueles em que Young abraça a guitarra, explora a distorção, procura o feedback, sem pressa de terminar a relação de amor com as seis cordas. Alinhamento: Mansion on the Hill, Hey Hey My My, Are you Ready for the Country, Everybody Knows this is Nowhere, Pocahontas, Spirit Road, Cortez the Killer, Cinnamon Girl, Oh Mother Earth (Natural Anthem), Needle and the Damage Done, Unknown Legend, Heart of Gold, Old Man, Down by the River, Get Behind the Wheel, Rockin' in the Free World, A Day in the Life (encore).

Tres. A maior desilusão do festival? Sonic Youth. Foi, em matéria de pesos e medidas, um bom espectáculo. Ouvir o "Brother James", o "Hei Joni" ou o "Tom Violence", só para citar algumas das mais antigas, num mesmo concerto, é coisa pela qual um tipo se deve sentir privilegiado. Mas, e é um grande "mas", estando-se num festival em que metade do cartaz deve a sua existência aos Sonic Youth e usa mesmo o palco, como filhos de peixe que sabem nadar, para desafiar algumas das convenções que estes vieram a derrubar ao longo dos anos é, no mínimo, decepcionante ver os progenitores, para mais elevados a cabeças-de-cartaz principais, pouco capazes de arriscar fosse o que fosse (uma ausência total de coragem se nos lembrarmos da actuação dos My Bloody Valentine, por exemplo) ou de mostrarem algo mais do que aquele ar de tédio com que enfrentaram o palco (parecia até haver algum desconforto entre os elementos do grupo, quem sabe sintoma do regresso a uma editora independente). Foi tudo tão diferente quando, há oito anos, os vi nesta mesma Barcelona, a apresentarem o projecto "Goodbye 20th Century". Agora, no Primavera, foram apenas mais uma banda... como as outras, com um bom concerto... como os outros. Alinhamento (com * os temas do novo álbum, "The Eternal"): Brother James, Sacred Trickster*, Hey Joni, No Way*, Calming The Snake*, Antenna*, The Sprawl, Cross The Breeze, Anti-Orgasm*, Leaky Lifeboat*, What We Know*, Tom Violence, Pink Steam, Bull In The Heather (encore), Expressway To Yr Skull (encore).

Quatre. Steve Albini é Deus. Pouco depois de Jarvis Cocker, a quem Albini produziu o mais recente álbum, acabar no palco principal, voltou com os seus parceiros Bob Weston e Todd Trainer ao palco ATP, para ali produzir um dos maiores estrondos do festival. Som perfeito, coisa pouco frequente neste palco (pior ainda era o RockDeluxe, já agora), experiência e técnica a rodos entre os três, permitindo um entrosamento magnífico como banda, coisa também nem sempre frequente em muitas das outras bandas, especialmente as deste palco, e um alinhamento magnífico (fez falta o "Prayer to God"). Grande final com "The End of Radio", uma de várias que foram buscar ao último álbum, numa performance apoteótica, onde nem sequer a bateria, que foi desmontada peça a peça por Albini e Weston, sobrou. Memorável. Só por isto já teria valido a pena este Primavera.

Cinc. Os tampões para My Bloody Valentine. À entrada, nos dois primeiros dias, respectivamente os dos concertos dos irlandeses no palco principal e no auditório, a organização distribuía aos participantes tampões para os ouvidos. É que -- e eu só vi o concerto do palco principal -- o volume e o ruído que ali se produziram desafiou tudo o que até hoje já se viu, perdão ouviu, à frente de um palco. Não espanta que haja quem fique com a audição reduzida depois destes concertos de regresso da banda de Kevin Shields (a começar pelo próprio). A demonstração de maior coragem, tanto por parte da banda como do público, veio com "You Made Me Realise", com que os MBV têm encerrado estes concertos, onde no meio surgem quase vinte minutos de ruído intenso, só eventualmente comparável ao que se ouvirá no interior de um reactor de um avião ou pairando por entre nuvens em permanente colisão.

Sis. Outros concertos, outros barulhos. Houve outros momentos dignos de nota. Os Spectrum a tocarem Mudhoney; O stage diving de David Yow, dos Jesus Lizard, que apareceram em grande forma, mesmo passados todos estes anos; A simpatia dos Vaselines; A estranheza de ver Lightning Bolt num palco e com som baixo, o que foi uma pena, o que também afectou os Sunn O))); A presença em palco de Jarvis Cocker, que bastou para agarrar o público mesmo antes de cantar fosse o que fosse (nota curiosa - a dada altura, Cocker dirigiu-se ao público em castelhano macarrónico, que depois traduziu para "my hovercraft is full of eels", do célebre "Dirty Hungarian Phrasebook" dos Monty Python, sendo que pouco depois Bob Weston, baixista dos Shellac, repetiria a piada no palco ATP; A pop country do Jason Lyttle, que ainda tocou vários temas dos Grandaddy; a irreverência ié-ié dos Black Lips no final do festival, os quais ainda cheguei a ver num pequeno e surpreendente set acústico na tenda da Ray Ban; A bebedeira dos dois putos dos Wavves, que levou a que o concerto se tornasse, possivelmente, no mais caótico do festival; O nervosismo dos chineses Carsick Cars, que possivelmente nem tinham idade para entrar no festival sem ser acompanhados por adultos; O enorme colectivo -- parecia quase uma banda de afrobeat, de tantos que eram -- que acompanhava o Dan Deacon, outro espectáculo que ameaçou o caos, quando o músico fazia birra para que o público fizesse o círculo de dança; etc.
Não foi fácil conseguir ver-se tudo o que se queria, num festival como estes. Alguns tiveram que ficar de fora (Gang Gang Dance é o caso que mais me custou), outros foram apanhados a meio e/ou abandonados antes do final. Só não houve silêncio. Mesmo nos poucos momentos em que não havia ninguém a tocar nos palcos mais cercanos, era o barulho, curioso por sinal, dos copos de plástico a serem pisados e chutados por quem caminhava pelos acessos. E as conversas dos espanhóis.

Set. ¿Por qué no te callas? No público, ninguém conseguia comunicar, a não ser por gestos, durante o final do concerto dos My Bloody Valentine. Ninguém? Bom, talvez os espanhóis conseguissem. Como todos sabemos desde há muitos anos, o desporto favorito dos nossos vizinhos é falar, falar, falar, falar, falar o mais alto possível, do erguer ao deitar. É impressionante como, às cinco da manhã, no interior das carruagens de metro ou dos autocarros de Barcelona, se continua a ouvir a mesma cacofonia que já se ouvia durante o dia. A estas horas, qualquer português vai cansado, calado, mono, a dormir até. Mas em toda a Espanha escuta-se sempre o mesmo matraquear, seja que horas forem. Ora, nos concertos, especialmente aqueles em que o som é mais baixo ou nas periferias da plateia, nos outros, é impossível ignorar o adstrato sonoro produzido por estes grupos de espanhóis, que só param de falar no intervalo dos temas, para levantarem os braços e aplaudirem algo que não estiveram a escutar antes. É tão cómico que quase nos faz esquecer não nos terem deixado ouvir a música.

Vuit. O Forum cheira mal. A zona do Forum, junto ao mar que banha Barcelona, é um espaço cuja dimensão e configuração oferecem características ideais para se organizar um festival como este. Mas fede que se farta. Não é o mau cheiro típico de Barcelona. É um pivete proveniente ora de descargas de dejectos químicos, ora de esgotos, que se torna insuportável por vezes.

Nou. Primavera Marcas. Apesar de vocacionado para os públicos afectos a círculos mais independentes na música -- ou talvez mesmo por causa disso... -- o Primavera não deixa de ser um palco enorme para as duas principais marcas do festival, a da cerveja e a dos óculos escuros. A primeira é das piores bebidas que a Catalunha tem para oferecer (até a San Miguel sabe a cerveja por comparação). E se aquela andava nas mãos do público, a segunda outra marca omnipresente tinha o seu público nas mãos. Em cada um destes três dias, parecia que estávamos não num festival de rock, mas numa qualquer concentração ibérica de wayfarers...

Deu. Me duelen las rodillas, tio. Aguentar três dias de um festival como estes até ao fim é pôr à prova o corpo, principalmente dos joelhos para baixo. Percorrem-se quilómetros de palco em palco, da banca de cerveja às casas-de-banho, sem contar com as as caminhadas sempre obrigatórias pelas ruas de Barcelona. E, ao cansaço físico, junta-se o intelectual. Obrigamos o cérebro a mudar rapidamente de um Jason Lyttle, por exemplo, para uns Sunn O))) ou de um Jarvis Cocker para uns Shellac. Não é fácil, mas o esforço é recompensador e a vontade de voltar é algo que surge assim que os primeiros sinais de cansaço se dissipam.