quarta-feira, 30 de abril de 2008

Sempre diferentes, sempre iguais (*)

Já anda por aí o novo álbum dos Fall. Mark E. Smith pode despedir e contratar quem quiser (e agora voltou a uma banda composta por ingleses), que de uma coisa não se livra: não há um álbum dos Fall que desça ao ponto da mediocridade. E este já é o 27º de estúdio, mais coisa, menos coisa...
(*) Quem o dizia era John Peel, que tinha nos Fall a sua banda predilecta.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Já era o melhor cartaz de sempre para um festival de rock (em Portugal)

E agora ainda fica melhor: Vampire Weekend no Alive 08, a 10 de Julho. Diz o Blitz.

Esse Maio, maldito Maio, que aí vem

Heavy Trash (1 - MusicBox; 2 - TAGV; 3 - Plano B)
Rockabilly nas guitarras de Jon Spencer (da Jon Spencer Blues Explosion) e Matt Verta-Ray (ex-Madder Rose, ex-Speedball Baby).

Einstürzende Neubauten (3 - Casa da Música; 4 - Aula Magna)
A brigada de demolição Bargeld & Irmãos regressa, agora com um novo álbum, Alles Wieder Offen. Nem que o concerto tivesse metade da intensidade do último (no CCB), já seria uma experiência absolutamente imperdível. Ainda há muitos bilhetes... Como é que é possível?

Mão Morta "Maldoror" (3 - Theatro Circo)
O adeus definitivo a "Maldoror", que a casa retorna. Depois da estreia, naquele mesmo espaço, há cerca de um ano, "Maldoror" percorreu o país, para agora chegar ao fim. A partir daqui, vai ser sempre... "Foste? Sim? Foi tão bom, não foi? Não foste? Não sabes o que perdeste!".

Diamanda Galás (6 - Theatro Circo; 8 - Casa da Música; 10 - Aula Magna)
A senhora Galás apresenta-se com o espectáculo "Guilty Guilty Guilty", onde no qual abre o seu palco de horrores a composições tornadas populares por Johnny Cash, Edith Piaf e outras vozes.

The National (11 - Aula Magna)
Eles gostaram do nosso país e só este ano vêm cá por três vezes. Ou nós é que gostámos deles e queremos que por cá dêem um salto sempre que vierem visitar os primos na Europa. Este espectáculo na Aula Magna foi literalmente comprado por uma marca de comunicações e já está "esgotado" (com muitas aspas) há muito tempo. Por falar nisso, alguém arranja um bilhetinho?

James Blackshaw & Josef van Wissem (11 - ZDB)
Conheci o Jim quando a amorosa Josephine Foster o trouxe consigo na primeira série de concertos (promovidos aqui pelo tasco) que realizou por cá. Miúdo de poucas falas, deixou toda a gente extasiada com a forma como dedilhava a guitarra de doze cordas.


John Cale (16 - Casa das Artes de Famalicão; 17 - Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre)
A descentralização, a descentralização. Uma figura destas vem a Famalicão e a Portalegre. Nada de Lisboa ou Porto. É bonito!

Negativland (17 - LX Factory)
Alguém me corrija, mas não será esta a primeira vez que os veteranos do corte e colagem vêm ao nosso país, não? O concerto está previsto para o LX Factory, o nome eventualmente provisório de um espaço novo para os lados de Alcântara.

Kronos Quartet (20 - CCB)
Igualmente veteranos, mas já mais vistos por cá, o quarteto de cordas volta com um programa constituído por composições de JG Thirwell (dito Foetus), Rokia Traoré (na companhia da própria), Amon Tobin e John Zorn, entre outros.

Animal Collective (26 - Cinema Batalha; 29 - Lux)
Depois da inesquecível viagem de cacilheiro até à margem sul, o colectivo zoológico traz agora novos pretextos para fazer abanar alma e corpo. Traz também Bradford James Cox, o vocalista dos Deerhunter, no seu projecto Atlas Sound, para as primeiras partes.

Boris (26 - Porto-Rio; 27 - ZDB LX Factory)
Vão ser as noites dos amplificadores. Drones e heavy metal pelas mãos dos japoneses Boris. Nas primeiras partes outros adoradores de amplificadores, os norte-americanos Growing. Vai ser imperdível mas... é aconselhável levar tampões, pela vosse saúde auditiva (sem qualquer tom pejorativo, leia-se).

Cat Power (26 - Coliseu dos Recreios; 28 - Coliseu do Porto)
Mais uma visita da menina Marshall. Agora com direito a coliseus e tudo.

CocoRosie (26 - TAGV)
As manas Casady também estão de volta, agora com passagem por Coimbra.

Toumani Diabaté (28 - Casa da Música; 31 - Culturgest)
Ninguém fez tanto pela kora, guitarra da África Ocidental, nos últimos tempos. O mestre já não é uma cara estranha por cá e até podia cá vir com maior frequência, que a gente não se importa.

Young Marble Giants (30 - Casa da Música)
Reverenciados por muitos ao longo de quase três décadas (eu confesso, correndo o risco de ser agredido: sempre me passaram ao lado), reuniram-se e voltaram aos palcos. E ali estão eles na Casa da Música.

Vampire Weekend (30 - Casa da Música)
No mesmo dia e também na Casa da Música, uma das propostas mais interessantes vindas da pop americana. (Alguém arranja bilhete para estes, também, faxavor?)

É um mês tramado. E nem sequer falei da digressão pelo país dos Irmãos Verdades, entretanto regressados.

Hoje, no IndieMusic

OE STRUMMER - THE FUTURE IS UNWRITTEN, Julian Temple
29 TERÇA, 21H30, TEATRO MARIA MATOS 1
Irlanda/Reino Unido, doc., 2007. 123´

Retirado do site do indie:

Como líder dos The Clash, Joe Strummer mudou a vida das pessoas para sempre. Quatro anos depois da sua morte, a sua influência estende-se pelo mundo, mais forte do que nunca. O realizador Julien Temple tem gasto a maior parte do seu tempo a documentar a cena musical em Inglaterra. Já em 1976 tencionava fazer um filme sobre uma banda inglesa de punk diferente: os The Clash. Mais de 30 anos depois nasceu este filme. O documentário exibe depoimentos de fãs de Joe Strummer, figuras destacadas em distintas áreas artísticas, como Flea, Bono, Martin Scorsese, Steve Buscemi, Matt Dillon, John Cusack, Johnny Depp, Jim Jarmusch, Courtney Love e Damien Hirst. Strummer é revelado não apenas como músico mas também, e sobretudo, como ser humano: a sua infância, os ideais, a sua arte e o seu carisma como comunicador exímio. A banda sonora inclui músicas da primeira banda de Strummer - 101ers - dos The Clash, Mescaleros, Ramones, Sex Pistols, Bob Dylan, Big Audio Dynamite, entre outros.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Esta sexta-feira, pela primeira vez no Europa

World Mix Music

Esta foi apanhada no Raízes e Antenas, com algum atraso. Aproxima-se mais um festival de músicas do mundo. É pequenino, mas é jeitosinho. O Mercado Mundo Mix, a feira que este ano se realiza no Castelo de São Jorge, em Lisboa, de 9 a 11 de Maio, vai albergar o Festival World Mix Music. Eis a programação:

Dia 9 - Paulo Sousa
Dia 10 - Anonima Nuvolari (Itália/Portugal)
Dia 11 - Gnawa Sahara Soul (Marrocos)

Ao longo dos três dias, haverá também sessões de DJing com Tiago Claro (dia 9), Raquel Bulha (dia 10), Luís Rei (dia 11) e António Pires (dias 10 e 11).

domingo, 27 de abril de 2008

É uma capa portuguesa, com certeza



A escola Restart promove até dia 2 de Maio uma exposição dedicada à arte das capas de discos feitos em Portugal. Mais informações aqui.

sábado, 26 de abril de 2008

Hoje à noite, no Indie



PATTI SMITH: DREAM OF LIFE, Steven Sebring
EUA, doc., 2007, 109´
SMELLS LIKE TEEN SPIRIT, Jem Cohen
EUA, 2007, 7´

Teatro Maria Matos 1, às 23h45 (repete no dia 2 de Maio, no mesmo local, às 21h30)
Mais informações aqui e aqui.

A nova data de Liars

Esteve marcado para o início de Maio, mas foi adiado por motivos de força maior. Sim, adiado e não cancelado. Já há nova data para o concerto dos Liars: dia 9 de Junho, em Lisboa, no Santiago Alquimista. A primeira parte vai estar a cargo dos Loosers. Os bilhetes custam €16, em venda antecipada, e €18, no próprio dia.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O sr. Callahan está de regresso

Aproveitando a dica do rf, num comentário mais abaixo, eis mais uma boa notícia para os tempos próximos. Bill Callahan ou Smog ou (Smog) está de volta para dois concertos por cá. Vão ser no início de Junho, no dia 1 (Santiago Alquimista) e no dia 2 (Theatro Circo). As primeiras partes de ambos os espectáculos vão estar a cargo de Alasdair Roberts.


(fotografia de Joanna Newsom)

Maio começa com Heavy Trash!

Que é, como quem diz... Jon Spencer e Matt Verta-Ray a tocarem rockabilly para a malta das seguintes cidades:

Lisboa (MusicBox, 1 de Maio)
Coimbra (TAGV, 2 de Maio)
Porto (Plano B, 3 de Maio)

Dirty Flag ou Black Projectors

As coisas que um gajo descobre. Ou, melhor, as coisas que um gajo aprende de outros, mais atentos. Falava-me esta noite o meu amigo JP, veterano destas andanças musicais (qualquer um ficaria parvo por saber que ele esteve no festival da Ilha de Wight em 1970), que tem estado a adorar os Dirty Projectors. E que -- aí é que vem a parte que custa a engolir -- o álbum era uma cover, na íntegra, de outro álbum de uma banda dos anos 70. Qual? A memória estava a pregar-lhe uma partida, mas chegado a casa, vim verificar tão estranha notícia e... caramba, é o "Damaged" dos Black Flag. O "Damaged".
Quer dizer, anda um tipo a ouvir sem parar, durante duas ou três semanas, feito doido, o "Rise Above" dos Dirty Projectors e só agora é que descobre que aquilo é uma cover integral do "Damaged"?
Bom, na verdade, também não será tanto assim. A Pitchfork, num artigo de Junho do ano passado (!!), já dava conta disto. "Rise Above" foi escrito como que citando de memória o "Damaged", sem ouvir qualquer nota musical ou letra presente neste.
Agora, antes de ir dormir, vou ali atirar-me da janela.

Em poucas palavras, Maldoror foi... soberbo

À segunda vez -- a primeira foi a estreia, em Braga -- deu para desfrutar do espectáculo levado à cena pelos Mão Morta de uma perspectiva diferente. Quer isto dizer que deu para tomar atenção a pormenores obfuscados da outra vez pelo efeito surpresa, pela overdose de informação visual e sonora de que é composta a peça musical, o concerto dramatizado, a opereta rock, o que lhe queiramos chamar. Deu também para reparar mais facilmente em alguns defeitos. O próprio volume da informação que é projectada para o espectador é talvez o principal, levando a que, por vezes, a atenção se desvie do texto para os vídeos, para os actos que Adolfo Luxúria Canibal e os outros músicos desempenham na cena, para a música. Mas se é isso é um pecado, também não deixa de poder ser visto como uma virtude. Afinal de conta, ao longo de hora e meia de espectáculo, os Cantos de Maldoror são servidos ao público através de uma imensa opulência de pequenos pormenores. E, já agora, quando o espectáculo sair para a rua em formato DVD, vai haver oportunidade de prestar atenção as vezes que se quiser. A tudo.
Esta foi a penúltima noite de Maldoror, o espectáculo. A 3 de Maio, em Braga, encerra-se definitivamente este período na vida da banda. É o fechar de pano para uma experiência raríssima no panorama musical português e até, de certa forma, por esse mundo, de tão fora de moda que ficaram as produções deste género. Por um lado, envolvem sempre grande empenho das pessoas que nelas participam. E, hoje, a nova cronometria da indústria musical -- gravar discos com cada vez maior frequência, fazer digressões pelo mesmo continente duas ou três vezes por ano -- não deixa grande espaço para projectos de longo prazo. Por outro lado, envolvem grandes investimentos quase nunca rentabilizáveis à bilheteira. Também por isto, a oportunidade que foi dada a algumas centenas de pessoas de verem este espectáculo por várias salas do país é algo que vai ficar na memória das mesmas por largos tempos. São acontecimentos como este que marcam a diferença, passe o cliché.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A "guestlist" do El Guincho

Na rubrica semanal "guestlist", da Pitchfork, El Guincho fala das canções favoritas, das bandas favoritas, dos livros favoritos, das lojas de discos favoritas, das salas favoritas, enfim, um pouco de tudo o que caiu no goto do músico canário, com referências a algumas das coisas que foram sampladas para as canções do seu álbum "Alegranza". Aqui.

Maldoror em Lisboa, hoje

terça-feira, 22 de abril de 2008

25 de Abril em Sines

Para quem esteja tão ansioso pelo regresso a Sines que nem consiga esperar por Julho, tem já este fim-de-semana uma boa oportunidade, com as comemorações do 25 de Abril:

Dia 24:
• Noite da Liberdade (Avenida Vasco da Gama, 21h30): Concertos de Malvela (coro galego de 15 mulheres), Júlio Pereira e Uxía Senlle (Galiza) / Fogo-de-artifício

Dia 25:
• Inauguração do Serviço de Música da Escola das Artes de Sines, com Ana Paula Rodrigues (canto) e Jenny Silvestre (cravo), e ainda um septeto de jazz constituído por professores da escola (Antiga Estação de Caminhos-de-Ferro, 18h00)
• Espectáculo Humor Neghro (Centro de Artes de Sines, 22h00), com Carlos Blanco (Galiza) e Manecas Costa (Guiné-Bissau).

Dia 26
• Concerto com o projecto Chuchurumel (Portugal), no Centro de Artes de Sines, 22h00

Bad kids, afinal

Têm todo aquele ar de meninos-ricos-fashion, mas envolveram-se em cenas de pancadaria com parte do público do Porto-Rio (ou vice-versa, o que pouco interessa para o caso), ontem no Porto. E, esta noite, o Lux vai ser palco para um belo concerto dos Black Lips, aposto. Com ou sem porrada.

De tanto falar no Warren Ellis

Já se via novo concerto dos Dirty Three por cá. O do ano passado foi de fazer subir qualquer um à estratosfera.

Mas o que raio é o Fendocastor Fendocaster (*)?

Ontem, no concerto dos Bad Seeds, Warren Ellis usou com bastante frequência uma pequena guitarra eléctrica vermelha. Ao longe, e ao início, ainda pensei tratar-se de um bouzouki eléctrico da Fender, que Ellis costuma usar. Mas, a avaliar por textos relativos aos Grinderman, o nome daquele instrumento é... Fendocastor. Não existe, aparentemente, nada na net que fale concretamente do Fendocastor. Terá sido feito por um luthier particular? Fiquei curioso.

(*) Correcção: apesar de a maior parte dos sites falar em fendocastor, o próprio site dos Grinderman utiliza a grafia que, em linguagem fenderiana, até seria a mais provável: fendocaster. Pormenores. Fendocastor ou fendocaster, não há qualquer informação concreta sobre o mesmo.

Hoje... no lux



Black Lips "Bad Kids"

O ensaio

Foi bom. Chegou mesmo a ser muito bom, muito bom, mas não entremos em grandes alaridos. Falo, claro, do concerto desta noite, no Coliseu dos Recreios, de Nick Cave and the Bad Seeds. Em tópicos muito breves (e totalmente atabalhoados):

Um arranque em casa
Nick Cave sente-se em casa no Coliseu dos Recreios. Sabe dirigir-se aos camarotes cercanos do palco, sabe dirigir-se à plateia, enfim, apresenta-se descontraído. E o espectáculo desta noite serviu de arranque para a digressão de apresentação de "Dig, Lazarus, Dig!!!" por essa Europa fora. O Coliseu dos Recreios serviu assim de sala para o ensaio geral da digressão. Os novos temas requerem ainda alguma rodagem. "Dig, Lazarus, Dig!!!" ou "Today's Lesson" podem dar muito mais do que deram esta noite. Não, não acredito que seja por caírem nessa categorização meio depreciativa do "pub rock". Há vários temas de "pub rock" na obra dos Bad Seeds que foram ganhando cada vez mais força ao vivo e são hoje momentos altos de qualquer concerto, como é o caso de "Deanna", por exemplo.
Os dois longos encores vieram ainda reforçar mais esta ideia de descontracção do grupo em palco. "What do you want to hear now?", repetiu por várias vezes Nick Cave. O grupo conferenciava e daí a pouco voltava com um tema antigo ou novo.

Versões quase irreconhecíveis
Já sei que a versão do "Your Funeral My Trial" abalou os sentimentos de alguns. Mas eu adorei. O violino do Warren Ellis ajudou a transformar o tema numa bela balada irlandesa. Outro dos temas quase irreconhecíveis, com um groove jazzístico no baixo, foi "Stagger Lee".

Wanted Man
Sexta faixa de "The Firstborn is Dead", segundo álbum do grupo. Talvez seja o meu tema favorito dos Bad Seeds. Resume na perfeição uma característica frequente no reportório: a criação de momentos de tensão, sem que necessariamente expludam (ok, ao vivo, explodem e é bom). Foi tocado, algures no primeiro encore. Se o concerto tivesse acabado aqui, poderia ter sido quase perfeito.

Warren Ellis
Não é ele que preenche o lugar deixado vago por Blixa Bargeld. No capítulo instrumental, esse lugar é capaz de ser preenchido pelo próprio Nick Cave, que desde os Grinderman abraçou a guitarra para fazer, apenas, barulho (e o barulho é necessário, claro). Agora, com Warren Ellis, notam-se de forma mais evidente (e a disposição em palco também ajuda a criar essa imagem) as duas forças que entram em disputa num concerto dos Bad Seeds. De um lado, Mick Harvey, urbano, compositor clássico (dir-se-ia, por outro lado, conservador) de canções. Do outro, Warren Ellis, o velho fiddler enraizado na terra, elemento de distorção nas regras mais convencionais, passe o exagero, ditadas pelo outro. Até na percussão se nota algo semelhante entre o suíço Thomas Wydler e norte-americano Jim Sclavunos (agora também baterista com maior frequência). Disto tudo, resultam os Bad Seeds que já conhecemos.

Canções de igreja
Felizmente, houve poucas. Mas continua a fazer-me confusão como é que todo um Coliseu se rende, com coros e outras manifestações diversas de adoração a temas como "Into My Arms". É mau demais para entrar num alinhamento de um concerto dos Bad Seeds, quanto mais ser seguido daquela forma pelo público. Não entendo, mesmo. Há grupos de igreja que fazem aquilo e não são adorados por mais do que meia dúzia de fiéis...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O concerto favorito



Tinha apenas 15 anos em Dezembro de 1988. Não podia ir à estreia ao vivo em palcos portugueses de Nick Cave e dos seus Bad Seeds. Mas, quatro anos depois, estava lá. No dia 3 de Setembro de 1992, eu e o J., cavemaníaco desde que o conheço, fomos para as Portas de Santo Antão bastante cedo, para sermos os primeiros a entrar e, quem sabe, ver algum dos artistas a chegar. E até assistimos, na verdade, à chegada do Blixa Bargeld, na companhia da sua excêntrica namorada de então. Voyeurismos de adolescentes. Assim que as portas junto à rampa abriram, desatámos a correr pela sala do Coliseu adentro (J., lembras-te do teu histórico trambolhão?). A primeira fila estava garantida. E não era uma primeira fila qualquer. Naquele tempo, não havia gradeamentos, não havia fosso a separar público e palco. Estávamos, literalmente, apoiados no palco. Algumas horas depois -- creio que não houve primeira parte -- as luzes apagaram-se e a ansiedade que sentíamos desde há alguns dias deu lugar a algo que mais se assemelhava a um estado de histeria. Num piscar de olhos, a banda estava em palco e o Nick Cave ali mesmo a um palmo de distância. E os seus sapatos de verniz prontos a pisar-nos a qualquer momento (ou a pontapear-nos, como nós nos recordávamos das imagens dos Birthday Party). Mais rápido ainda do que tinham aparecido em palco, atacaram logo o primeiro tema da noite, de uma forma que eu nunca mais me esquecerei. Era "Jack the Ripper". Começar assim um concerto, a toda a brida, não era algo a que estivesse propriamente habituado. E sempre que hoje vejo uma banda a começar um concerto desta forma, lembro-me desse momento ocorrido há quase 16 anos. Depois, ainda que esta fosse a digressão de apresentação de "Henry's Dream", seguiu-se "From Her to Eternity", do já quase distante primeiro álbum. Todo o Coliseu ficou, naturalmente, rendido desde o início. E o miúdo que eu era, pouco habituado ainda a rotinas de concertos de rock, estava ali a levar, praticamente de forma literal, com uma banda que deixava todo o suor em palco. Lá mais para o fim, no encore, houve ainda um motivo de orgulho juvenil para esse miúdo. Para lá de histérico, chamei por duas ou três vezes o Martyn Casey, baixista dos Bad Seeds e dos Triffids, para me dar a palheta com que tocava. Começaram a tocar, julgo, o "Black Betty" do Leadbelly. No final, a banda abandonou o palco para não mais regressar. Apenas Martyn Casey regressou, para me dar a palheta, que ainda hoje guardo junto do bilhete do concerto. Faz parte da minha cápsula do tempo, tal como estas memórias do que será provalmente o meu concerto favorito de sempre. Várias outras oportunidades houve para assistir aos Bad Seeds -- daí a dois anos, no mesmo local; no Porto, por ocasião do Festival Imperial; já nesta década, novamente no Coliseu dos Recreios; etc. -- mas nenhum espectáculo foi para mim tão importante como este de 1992. E houve alturas até que o entusiasmo pelo trabalho de estúdio de Nick Cave e dos Bad Seeds esmoreceu, principalmente desde "The Boatman's Call". Mas "Dig, Lazarus, Dig!!!" (e "Grinderman", no projecto paralelo do ano passado) é sinónimo, entre os senhores que governam o meu pavilhão auditivo, de redenção (abençoado sejas, Warren Ellis, por voltares a conduzir o mestre pelos bons caminhos). E o filho pródigo regressa hoje ao Coliseu. E a ansiedade também.

(Imagem do bilhete de 1992 gentilmente roubada ao site com bilhetes de concertos do José Polido.)

We're gonna have a real good time tonight



(Não há fome que não dê em fartura. Consegui bilhete! Quero aproveitar para agradecer ao João, ao Zé, ao João e à Sílvia pela ajuda prestada.)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Maldoror: a entrevista #10 (e última)



10. "Maldoror" mudou-vos, de alguma forma?

ALC: Não! Pelo menos não temos consciência de uma qualquer mudança... As reações epidérmicas sempre foram uma constante no percurso dos Mão Morta, de disco para disco, de espectáculo para espectáculo, e isso nunca provocou qualquer mudança significativa - as reações epidérmicas e a versatilidade de propósitos fazem parte da nossa identidade mais profunda!


Não esquecer: as últimas apresentações de "Maldoror" (serão mesmo as últimas) acontecem já na próxima quarta-feira, na Culturgest, em Lisboa, e no dia 3 de Maio, no Theatro Circo, em Braga. Entretanto, a gravação dos primeiros espectáculos de "Maldoror" já anda por aí em CD, disponível apenas nos locais e nos dias dos concertos e no site da Cobra.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Maldoror: a entrevista #9


(Ilustração de Isabel Lhano que acompanha a edição em CD de "Maldoror")

9. Dedicados quase em exclusivo a "Maldoror" ao longo destes últimos dois a três anos, os Mão Morta devem sentir alguma ansiedade por voltar ao formato tradicional de rock'n'roll. Perspectiva-se algo para os tempos imediatamente posteriores a "Maldoror"?

ALC: Estamos epidermicamente ansiosos por passar para outra coisa, que em antítese nos surge como crua, simples e enérgica!... No entanto, estamos demasiado imergidos no "Maldoror", que necessita de toda a nossa atenção e disponibilidade, para verdadeiramente pensarmos no que quer que seja extra "Maldoror"... Felizmente, a Chave do Som vai cuidando do nosso futuro e tem vindo a colocar alguns concertos em perspectiva, mas não temos real consciência do quando e do como possam vir a ser essas actuações!

Dez dias

Para um tipo que viva em Lisboa, que tenha a carteira mais ou menos tranquila, que não tenha responsabilidades familiares e que tenha conseguido arranjar bilhetes para espectáculos que se encontram esgotados, os próximos dias são valentes:

Hoje, dia 17 - Rrriot grrls na ZDB (Partyline, Noisy Pig, Adorno).
Amanhã, 18 - Os Haxixins no Lounge (e Bailarico Sofisticado no Left, já agora!)
Sábado, 19 - Magik Markers e Pumice no Sarau da Filho Único, no Museu do Chiado (começa às 18h30).
Domingo, 20 - Como se sabe, é dia de descanso (ainda que, para quem goste, haja Fat Freddy's Drop no Casino).
Segunda-feira, 21 - Nick Cave no Coliseu dos Recreios.
Terça-feira, 22 - Black Lips no Lux.
Quarta-feira, 23 - Mão Morta, com "Maldoror", na Culturgest.
Quinta-feira, 24 - JP Simões no Maxime. Ou, então, os Haxixins novamente, agora num Wonderland Club!, que se realiza no Gasoil, ali algures na rua da Madalena.
Sexta-feira, 25 - Festival japonoca na ZDB.
Sábado, 26 - Green Machine no MusicBox.

Ah, e claro, ainda há o Indie para complicar mais isto.

Maldoror: a entrevista #8


(Ilustração de Isabel Lhano que acompanha a edição em CD de "Maldoror")

8. A esta data, restam ainda duas apresentações de "Maldoror", uma na Culturgest, em Lisboa, e outra que constituirá o regresso do espectáculo à casa de onde partiu, por assim dizer, o Theatro Circo de Braga. Será o fim definitivo de "Maldoror" em palco?

ALC: Sim, é o fim definitivo de "Maldoror" em palco. Ficam os testemunhos, o CD e o DVD (quando sair), e sobretudo a memória das pessoas que tiveram a oportunidade de assistir ao "Maldoror" ao vivo!... É um espectáculo que se torna relativamente leve com o decurso das apresentações, com os automatismos que se vão desenvolvendo, mas demasiado pesado para ficar em stand-by e de arranque excessivamente trabalhoso e caro para ter aparições esporádicas! Por outro lado, não sei se fará sentido extirpar pedaços desse corpo, que é uno, para usar como canções em concertos mais tradicionais... Não, definitivamente será o fim de "Maldoror" ao vivo!

Bilhetes para Animal Collective a partir de sexta-feira

Os bilhetes para o concerto de Animal Collective no Lux, que conta com a primeira parte a cargo de Atlas Sound, o projecto a solo de Bradford James Cox, a figura frontal dos Deerhunter, são postos à venda na próxima sexta-feira. Custam €20 e estão disponíveis apenas na Flur.
Entretanto, e já que se fala numa produção da Filho Único, vai haver nova edição do Sarau no Museu do Chiado, neste sábado, a partir das 18h30, com os Magik Markers e Pumice. Os bilhetes custam €8 e estão à venda na AnAnAnA, Flur e Louie Louie.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Por falar em Nick Cave...

Não há nenhuma desistência? Alguém pendurado com um bilhete a mais?

As guestlists das marcas

Mas chegou a moda das marcas comprarem os espectáculos com lotação eventualmente esgotável para "oferecerem" a plateia (ou parte dela) nas suas campanhas, foi? The National, Nick Cave and The Bad Seeds, Aşa...
Não tem lá muita graça.

Esta sexta-feira há...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Maldoror: a entrevista #7


(Ilustração de Isabel Lhano que acompanha a edição em CD de "Maldoror")

7. No prefácio que escreveste para a edição de "Os Cantos de Maldoror" pelas Quasi, relembras a tua adolescência, quando andavas a pichar as paredes de Braga com slogans tirados do livro. Hoje, não é isso que fazes, enquanto voz do grupo, quando declamas algumas frases, que ficam na memória dos espectadores, como "Estou sujo. Roído de piolhos. Os porcos, quando olham para mim, vomitam." (em "A Porcaria") ou como acontecia nos refrões do "Latrina...", por exemplo?

ALC: Bom, em última análise estamos sempre a fazer a mesma coisa sob maneiras diversas, como se diz do Hemingway que escreveu sempre o mesmo livro apesar dos diferentes títulos e enredos!... Mas as pichagens de 74/75 obedeciam a uma vontade precisa, dar um pouco de graça literária às paredes cobertas de propaganda partidária, ainda que jogando no campo do imediatismo propagandístico, e daí a escolha de frases que podiam revestir a forma de slogan, enquanto a construção de canções, discos ou espectáculos, ainda que baseados noutros autores ou em obras literárias, obedece unicamente à necessidade de evasão que a criação artística propicia, tanto maior quanto essa criação é partilhada e colectiva. O efeito de memorização e de reprodução de partes dessa criação artística é mera consequência do formato canção utilizado, que inclui na sua estrutura o refrão ou estribilho, e não o objectivo primeiro. Claro que este efeito colateral, de certo modo, vai ao encontro do efeito colateral e slogan das pichagens, mas é necessária muita teoria analítica para os colocar lado-a-lado...

Vêm aí os Haxixins

São brasileiros, mas editaram com um selo português, a Groovie Records. E para quem gosta de rock'n'roll de garagem, psicadélico à boa velha maneira dos Seeds, dos Sonics, dos Standells e de muita boa gente dos anos 60, os Haxixins são do melhor que anda por aí (confiram no myspace). Reza assim o PR brasileiro dos Haxixins:
Além do visual retrô, os caras só tocam com equipamentos antigos, e fazem questão de carregar seus Gianini Tremendões e Phelpas por onde vão. Outro diferencial das apresentações ao vivo é o "light show", projetores de luzes psicodélicas sobre os músicos. Na estrada desde meados de 2003, os caras já tocaram em lugares tão ímpares quanto o Bar do Bal, no extremo sul da Zona Sul, e o Bar do Aranha no Coração da Vila Formosa, mas também em bares do circuito de música independente. Depois de quase desistirem de gravar um disco devido a tentativas frustradas de gravar como as bandas dos anos 60 (ou pelo menos se aproximarem do estilo das gravações, sujas e pequenas), em 2007 eles foram apadrinhados pelo Berlin Estúdio e produzidos por um dos donos, Jonas Serodio (The Sellouts, The Drugs, Butcher's Orchestra e The Blackneedles), conseguiram chegar no resultado tão esperado através do uso de gravador de rolo, amplificadores valvulados e instrumentos de época. Recém assinados pela gravadora portuguesa para lançar um disco em vinil, os Haxixins apresentam aqui algumas das suas composições próprias banhadas em acido lisérgico. Com letras em português, guitarras fuzz, baixos hipnóticos e órgãos derretidos, os Haxixins proporcionam uma viagem visual ou musical, com ou sem sua droga predileta.

E eles andam em digressão europeia, com passagem por Portugal, com nada mais, nada menos, que meia-dúzia de datas:

Dia 18 de Abril - Lisboa, Lounge
Dia 19 - Beja, Galeria do Desassossego
Dia 23 - Almodôvar, Cine-teatro
Dia 24 - Lisboa, Gasoil (Wonderland Club!)
Dia 25 - Coimbra, Ar D'Rato (Wonderland Club!)
Dia 26 - Porto, Plano B (Wonderland Club!)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Um pequeno aparte

Entre todos os músicos e artistas que entrevistei até hoje, o Adolfo Luxúria Canibal calha sempre na categoria daqueles que não dão trabalho a editar as respostas. Não há muitos que o consigam. Seja por escrito, como é o caso da entrevista que decorre ao longo destes dias, seja oralmente, o Adolfo sistematiza sempre a resposta de forma exemplar, focando-se no essencial e raramente se deixando repetir.
(Não decorrerá disto, mas não admira que os Mão Morta tenham tido sempre o carinho da imprensa.)

Maldoror: a entrevista #6


(Ilustração de Isabel Lhano que acompanha a edição em CD de "Maldoror")

Continuação da entrevista a Adolfo Luxúria Canibal, a propósito do espectáculo "Maldoror" e de outros assuntos. A digressão de apresentação de "Maldoror" está já na recta final, com os últimos concertos, que acontecerão em Lisboa (Culturgest, dia 23 de Abril) e em Braga (Theatro Circo, dia 3 de Maio):

6. Para este espectáculo, e ao contrário do que aconteceu em "Müller...", os Mão Morta contaram com a intervenção do encenador António Durães. Como decorreu a integração e quais são os aspectos mais visíveis do seu trabalho?

ALC: O mais importante do trabalho de António Durães não é propriamente visível mas sentido! Quer dizer, nós no "Müller..." tínhamos uma narrativa, a sequenciação dos poemas de Heiner Müller compunha uma narrativa e a progressão do espectáculo acontecia à boleia dessa narrativa. A encenação limitava-se a dar visualidade estética à narrativa - e por isso é que me atrevi a fazê-la, mesmo sem ter aptidões particulares para isso! No caso do "Maldoror" não existe qualquer narrativa nem poderia existir, sob pena de traição ao livro - existem várias narrativas, esboços e farrapos de narrativas! A progressão no livro, na ausência de narrativa, acontece pela própria escrita, por truques literários - no caso do espectáculo, a sua progressão tinha que acontecer por truques cénicos! Isso implica um conhecimento de encenação que ultrapassa de longe as nossas competências e é esse o principal trabalho de António Durães enquanto encenador, dar progressão ao espectáculo... O recurso ao vídeo faz parte dos truques cénicos utilizados por António Durães para imprimir essa progressão, e talvez seja aquele que é mais imediatamente visível, mas a forma final acaba por ser de Nuno Tudela - como a forma final da cenografia é de Pedro Tudela e a dos figurinos de Cláudia Ribeiro, embora todos estejam na dependência do pretendido pelo encenador para fazer avançar o espectáculo.
Quanto à sua integração no trabalho dos Mão Morta, foi perfeita! Há que dizer que já o conhecíamos (entra mesmo como figurante no clip de "Sangue no Asfalto"!...) e que gostamos do seu trabalho, tanto enquanto actor como enquanto encenador - e por isso o convidámos! -, e que portanto sentíamo-nos confiantes para nos entregar nas suas mãos. Por outro lado, o António Durães teve o cuidado de vir ao encontro do que achava que seria a nossa estética e do que pretendíamos fazer com "Os Cantos...". E quando as coisas se passam assim a integração é sempre perfeita!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Maldoror: a entrevista #5


(Ilustração de Isabel Lhano que acompanha a edição em CD de "Maldoror")

5. Qual é a principal motivação dos Mão Morta quando pegam noutros autores ou imagéticas concretas, do Müller ao Ducasse, da Internacional Situacionista à geração perdida de Braga? Tributo? Propaganda panfletária (num bom sentido da palavra)? Exploração artística de um tema?

ALC: Bem, antes de mais há uma motivação de ordem prática e que tem a ver com a dispersão geográfica dos diversos elementos da banda e que sempre esteve presente desde os primórdios, independentemente da formação em causa. Ter um assunto definido, para o qual cada um, no seu canto, possa sintonizar energias criativas, ajuda a ultrapassar a distância e a separação e a evitar que a dispersão geográfica se transforme em indefinição estética ou em cacofonia. Depois, porque trabalhar um conceito torna-se mais objectivo (e portanto menos sujeito a divagações e interpretações subjectivas) se esse conceito tiver um modelo a balizá-lo e a concretizá-lo. Finalmente, porque a literatura é, para nós, grande fonte de inspiração, que nos induz a querer explorar ou trabalhar artisticamente um assunto ou uma imagética ou um autor, independentemente das vicissitudes particulares que nos levam a pegar hoje nisto e não naquilo. Claro que as escolhas assim operadas têm um lado de tributo e mesmo de divulgação/propaganda, que é inerente ao facto de, ao fazê-lo, estarmos a confessar publicamente o nosso agrado e interesse por um autor ou uma obra e a focalizar as atenções de terceiros, ou mesmo a sua curiosidade, nessa obra ou autor, mas não são esses os nossos objectivos primeiros.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Hoje e amanhã e depois

1. Hoje, para quem não se sinta incomodado por estar no principal templo religioso ainda em actividade de Lisboa e sede máxima da igreja católica em Portugal, há uma proposta da Filho Único: noite tripla com Charlemagne Palestine, Colleen e David Maranha na Sé Patriarcal, a partir das 21h. Os bilhetes custam €10.

2. Amanhã, grande festa de apresentação do álbum de estreia da Kumpania Algazarra, na Fábrica do Braço de Prata, em Lisboa. A festa, que contará com convidados surpresa, começa às 23h.

3. Também amanhã, começa mais uma edição, a 17ª, do Intercéltico do Porto. Desta vez, o festival decorre no cinema Batalha, e vai contar com a presença, entre sexta e sábado, que contará com os irlandeses Beóga, o habitual Xosé Manuel Budiño, da Galiza, e os portugueses Encontros da Eira e Galandum Galundaina. O Intercéltico também vai acontecer em paralelo em Arcos de Valdevez, na Casa das Artes, com concertos na sexta e no sábado.

4. Sábado há mais uma apresentação de "Maldoror", pelos Mão Morta. Desta vez é no Cine-Teatro de Estarreja.

Maldoror: a entrevista #4


(Ilustração de Isabel Lhano que acompanha a edição em CD de "Maldoror")

4. Enquanto letrista e vocalista dos Mão Morta, onde te sentes mais à vontade? Na escrita de raiz dos temas e dos conceitos presentes em discos ditos "comuns" ou na adaptação de textos e ambientes de outros para espectáculos como "Müller..." ou "Maldoror"? Sentiste que invadias espaço alheio quando pegavas em Heiner Müller ou, agora, em Isidore Ducasse?

ALC: Como letrista sinto-me, não me parece que o termo "à vontade" seja o mais correcto!... Sinto-me menos angustiado, mais relaxado, quando faço meras adaptações e traduções de textos pré-existentes, escritos por outros autores. Porque, quando acontecem, isso pressupõe que haja, desde logo, alguma identificação com o autor, portanto uma sensibilidade para o entender e uma cumplicidade - o contrário da sensação de intrusão em espaço alheio! E havendo essa cumplicidade e estando o texto já escrito, a tradução ou a adaptação para um fim determinado são pequenas operações sem história... Diferente da angústia da folha em branco, em que tudo tem ainda de ser escrito! Embora, ainda como letrista, pior do que a folha em branco é a foha em branco para escrever letras e textos originais mas respeitando ideias e conceitos de outros autores ou adaptando imagéticas e vivências, como aconteceu com as letras para o "Há Já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar se Tornou Irrespirável", baseado no legado teórico da Internacional Situacionista, ou para o "Nus", informado pelo "Uivo" do Allen Ginsberg. Como vocalista, é-me indiferente a origem das letras, se são próprias ou se são de outrém.

A distracção devia ser crime #2

Feito estúpido, deixei que os bilhetes para o Nick Cave esgotassem. Alguém tem um bilhete a mais? (Ei, não se aproveitem para aumentar o preço!)

A distracção devia ser crime #1

Pois. Só agora conheci os Silver Jews, por intermédio da J. E não consigo ouvir outra coisa. Tivesse-os conhecido na altura em que era fãzaço dos Pavement e hoje até podia ter "trapped inside the song" tatuado no braço esquerdo...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Maldoror: a entrevista #3


(Ilustração de Isabel Lhano que acompanha a edição em CD de "Maldoror")

3. Falavas, na resposta anterior, nas salas que existem actualmente no nosso país, por contraponto com a situação de 1997. "Maldoror" não passou pelo Porto ou por Coimbra. Isso deve-se à inexistência de condições técnicas, de programação ou de interesse?

ALC: Um pouco de tudo!... O Porto está sem salas: a Casa da Música não tem condições técnicas (palco sem fundo e teia inexistente) para receber um espectáculo como o Maldoror; o Teatro Nacional de S. João e o Teatro Carlos Alberto têm a sua programação vocacionada exclusivamente para teatro e não têm condições técnicas (potência de som) para receberem grupos musicais; o Teatro Rivoli está entregue a um privado (La Féria) que o utiliza exclusivamente para as suas produções; o Teatro Sá da Bandeira não tem política de programação, para além de ser vetusto e estar sem manutenção; o Coliseu não tem política de programação... Quanto a Coimbra, o Teatro Académico Gil Vicente está descapitalizado (o que levou, inclusivé, o seu director a despedir-se na semana passada, por falta de condições para conseguir programar espectáculos para a sala - só tinha a dotação da própria Universidade, que cobre apenas as despesas correntes, e tanto a Câmara Municipal de Coimbra como o Ministério da Cultura contribuem com zero Euros!...) e não há mais nada!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Maldoror: a entrevista #2


(Ilustração de Isabel Lhano que acompanha a edição em CD de "Maldoror")

2. Havendo já a experiência tida com "Müller no Hotel Hessischer Hof", tem sido mais fácil levar este espectáculo à cena, bem como tudo o que lhe está intimamente associado (disco e DVD)? Ou existem novos desafios agora colocados?

ALC: Bem, tendo em conta que o "Müller..." teve apenas seis apresentações em quatro cidades e que o "Maldoror" já leva oito apresentações e vai chegar às 11, visitando oito cidades, parece óbvio concluir que tem sido mais fácil levar este espectáculo à cena... E é verdade que, a nivel de equipamentos, o Portugal de 2007/2008 não é o mesmo Portugal de 1997: há muitas mais salas, embora grande parte sem condições mínimas, estruturais ou técnicas, para receber o "Maldoror" e a maioria sem dotação orçamental para fazer programação! Mas o que parece uma conclusão óbvia não é verdadeira: este espectáculo é muito mais complicado de montar, torna-se muito mais caro fazê-lo circular e é muito mais exigente quer física quer intelectualmente, obrigando a um grande esforço de todos os envolvidos. E se o duplicar do número de espectáculos em relação ao "Müller..." só foi possível pelo aumento de salas no país, há que acrescentar também, ou principalmente, uma maior teimosia em querer fazer o máximo de datas, e um grande empenho em o conseguir por parte da Chave do Som [NE: a agência dos Mão Morta], a ponto de se aguardar quase um ano desde a estreia para que as condições se propiciassem...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Maldoror: a entrevista #1


(Ilustração que acompanha a edição em CD de "Maldoro", de Isabel Lhano)

Maldoror anda por aí a semear a perfídia e a crueldade. O espectáculo que os Mão Morta andam a levar à cena, e do qual já existe edição luxuosa em CD, aguardando-se pelo formato em DVD, vai passar ainda por Estarreja (12 de Abril), Lisboa (23 de Abril), regressando a Braga a 3 de Maio.
Ao longo dos próximos dias, Adolfo Luxúria Canibal, vai responder aqui a algumas perguntas. Esta é a primeira:

1. Parafraseando o início do espectáculo, dir-me-ás em poucas palavras como tem sido Maldoror, nestas apresentações pelo país fora?

ALC: Tem sido óptimo! Os espectáculos têm corrido bem, corrigimos alguns problemas que havia na estreia, nomeadamente na qualidade do som da voz e na visibilidade de pormenores dos figurinos, temos conseguido fazer a adaptação do cenário às diversas configurações dos palcos por onde passamos, as salas têm estado esgotadas ou cheias e o público tem invariavelmente aplaudido de pé. Houve um ou outro susto, umas asas que se perderam e reapareceram quando já tínhamos asas substitutas, outras asas que se quebram, uma camisola que dá sumiço, mas nada que não tenha sido resolvido a tempo e horas... Está dito!

domingo, 6 de abril de 2008

Viva o Primavera

...porque mesmo que não consiguemos lá ir, parte dele vem cá. Vampire Weekend, na Casa da Música, Porto, a 30 de Maio.
Pela mesma altura, dão cá também um salto: Boris, Animal Collective, Atlas Sound, Dirty Projectors, Young Marble Giants, Scout Niblett, Cat Power, ...

(TRAGAM TAMBÉM OS SHELLAC, O BON IVER, O EL GUINCHO E OS FUCK BUTTONS!)



(E OS DEVO E OS SONICS!)




(TRAGAM TODOS!)

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Zach Condon não aguenta pressão e cancela concertos de Beirut

E cai um balde de água fria sobre as expectativas da comunidade indie-coiso-com-world-music-pelo-meio. Zach Condon, o miúdo prodígio norte-americano que o mundo hoje conhece por Beirut, cancelou os concertos da próxima digressão pela Europa. Entre estes, estavam dois espectáculos em Portugal, um a 24 de Julho, no FMM Sines, e outro em Lisboa, na Aula Magna, que se realizaria três dias depois.
Segundo o próprio Zach Condon, que conta com apenas 22 anos e que até há pouco tempo não era mais do que um miúdo a fazer música no seu quarto, a pressão nos últimos tempos tem sido demasiada. Zach não terá aguentado a reacção obtida um pouco por todo o lado ao projecto e a mudança repentina nos hábitos de trabalho. Recorde-se que o músico iria trazer a Portugal uma banda composta por dez elementos, uma evolução radical no palco face ao que constituiu "Gulag Orkestar", praticamente produzido sozinho.

Perante tanta fartura de concertos para os próximos meses, e à semelhança do que ocorreu no ano passado, é expectável que notícias como esta se tornem frequentes. (Ainda que neste caso, o cancelamento se tenha devido por inteiro ao artista e não à falta de público ou qualquer outro motivo invocável pelos promotores.)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Adérito Murmúrio Visceral

Há minutos, no Quem Quer Ser Milionário, perguntava-se pelo nome do vocalista dos Mão Morta. Entre as hipóteses, havia Adolfo Luxúria Canibal e Adérito Murmúrio Visceral. As outras não cheguei a perceber, porque o concorrente não sabia a resposta e foi rápido a pedir a ajuda 50:50. Perante estas duas respostas continuava a não saber e até estava mais inclinado para Adérito Murmúrio Visceral. "Murmúrio Visceral tem mais a ver com o tipo de música... mais negra, mais pesada..."
Ainda telefonou a um amigo, que também hesitou. Mas lá conseguiu. PARABÉNS!

Novidades para os lados da máquina verde

Sai este mês o novo disco dos Green Machine. Chama-se "Plays Ghost", sai no próximo dia 14, pelas mãos da Rastilho e conta com convidados como Filipe Miranda (The Partisan Seed, Nikouala e Interm.Ission), Francisco Silva (Old Jerusalem), Luís Fernandes (The Astroboy e peixe:avião ) e Duarte Monteiro (Tree Valley). A produção esteve a cargo de Paulo Miranda. Próximas datas de apresentação:

11 de abril - Playa Club - La Coruña
18 de abril - Plano B - Porto
19 de abril - Zoom - Barcelos
25 de abril - Rio Maior
26 de abril - Musicbox - Lisboa
2 de Maio - Alfa - Leiria
3 de Maio - Casa da Música ( Clubbing ) - Porto
10 de Maio - Bar Académico - Covilhã
11 de Maio - Fnac Santa Catarina - Porto
11 de Maio - Fnac Norteshopping - Matosinhos
21 de Junho - Final RockKastrus - Forjães- Esposende

(Só para registo de psicólogos e afins: voltei a escrever Dream Machine. O que significará esta teimosia nata em escrever sempre Dream Machine quando me refiro aos Dream Machine? Nah, esta última foi de propósito.)

terça-feira, 1 de abril de 2008

Notícia do século!

Última hora: Paul Simon vem a Portugal, mais concretamente ao FMM Sines, para um espectáculo integrado na digressão mundial de celebração dos 20 anos do álbum "Graceland"!