domingo, 19 de fevereiro de 2006

Lisboa é amor

Depois de uma alegre noite dupla de futebol, uma brilhante noite dupla de concertos...

Pop Dell'Arte na ZDB. Incrível. Parecem ter de novo vinte anos. Temas com novos arranjos, bastante mais rock, levando a sala da zdb, completamente cheia, ao delírio. Parece que já foram há tanto tempo aqueles concertos em que sentia que a banda estava a fazer um daqueles fretes enormes em palco. Esta noite foi a sensação completamente oposta. Parece mesmo que começaram ontem. (Um parêntesis especial para o filho da puta -- os filhos da puta? -- que levou uma criança com três ou quatro anos para o concerto... não se faz... a criança, que começou logo por tapar os ouvidos, não tem idade para levar com fumo, confusão e decibéis como os que os Pop Dell'Arte, especialmente o San-Payo, que estava possuído, produziu...)

Selfish Cunt no Maxime. Percebi, finalmente, a razão do andamento que o Maxime está a ganhar. É que o Manuel João Viera -- nosso presidente -- é o novo dono do espaço. Os Selfish Cunt são uma coisa quase irreferenciável, ainda que ande por ali muito glam, muito, muito glam, com um vocalista irrequieto, que parece um David Bowie do início, numa banda como os Stooges. Muito bom, também. Nota especial para o senhor com sessenta anos ou mais, com ar de habitué do espaço, que, apesar de ter-se mostrado impávido perante as diabruras do vocalista durante a primeira meia hora, saltou para a frente do palco e ensinou aos mais novos como se dança. Há muito que aprender.

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Lisboa em chamas


Pop Dell'Arte na ZDB

ou


Selfish Cunt no Maxime

ou


Rootsman no Mercado da Ribeira

...agora é escolher.

Dia histórico

Consegui hoje, finalmente, e pela via electrónica, a discografia completa dos belgas Univers Zero, uma das pérolas do prog mais injustamente ignoradas. E já a estou a ouvir, a começar por este disco de 1977, intitulado "1313".

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Charadas #201

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O próximo Nouvelle Vague

Aqui por estas bandas achou-se muita graça ao primeiro trabalho do projecto de tributo oitentista Nouvelle Vague. Há, entretanto, novo álbum na calha, com saída anunciada para a Primavera. Eis o longo alinhamento (25 faixas!), consultável em www.nouvellesvagues.com:

1. BAUHAUS : bela lugosi's dead (Phoebe)
2. BUZZCOCKS : ever fallen in love (Melanie&camille)
3. BLONDIE : heart of glass (Gerald Toto)
4. ESG : moody (Gerald Toto)
5. A CERTAIN RATIO : shack up (Phoebe)
6. TC MATIC : putain putain (Camille)
7. THE SOUND : escape myself (Phoebe)
8. VISAGE : fade to grey (Marina)
9. ECHO AND THE BUNNYMEN : killing moon (Melanie)
10. LORDS OF THE NEW CHURCH : dance with me (Melanie)
11. U2 : pride (Paula Bird)
12. THE WAKE : o pamela (Marina)
13. HEAVEN 17 : let me go (Silja )
14. NEW ORDER : blue Monday (Melanie )
15. NEW ORDER : confusion (Birdpaula )
16. YAZOO : don't go (Gerald Toto)
17. BILLY IDOL : dancing with myself (Phoebe)
18. SIOUXSIE & BANSHEES : israel (Gerald toto )
19. THE CRAMPS : human fly (Phoebe )
20. BLANCMANGE : waves (Marina)
21. FGTH : relax (Camille and Gerald toto)
22. SUICIDE : ghost rider (Phoebe)
23. DEXY'S MIDNIGHT RUNNERS : come on eileen (sandra n'kake)
24. THE GUN CLUB : sex beat (Phoebe)
25. GRAUZONE : eisbaer (Marina)

Isto não é uma charada

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Os Mogwai vão trabalhar na banda sonora de "Zidane: A 21st Century Portrait", um filme sobre o craque mais careca do futebol actual. O filme, que tem a realização repartida pelo escocês Douglas Gordon e pelo francês Philippe Parreno, dura 90 minutos e recupera, na íntegra, o jogo entre o Real Madrid e o Villareal de 23 de Abril de 2005, na perspectiva de Zinedine Zidane. Dizem os relatos futebolísticos desse dia que Zidane tinha 14 câmaras instaladas no Santiago Bernabéu só para ele. O Real Madrid viu-se grego para ganhar (2-1) e, curiosamente, Zidane foi expulso...
Entretanto, está quase, quase a sair o novo álbum dos Mogwai, "Mr. Beast", com o seguinte alinhamento:
"Auto rock"
"Glasgow megasnake"
"Acid food"
"Travel is dangerous"
"Team handed"
"Friend of the night"
"Emergency trap"
"Folk death 95"
"I chose horses"
"We're no' here"

Pelt na zdb!

Dia 3 de Março, Jack Rose regressa à galeria, desta vez com o seu trio Pelt. Iupi.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Sangue pela selva nos próximos dias

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De amanhã até sábado, em mini-digressão galaico-portuguesa: Blood Safari, a nova banda de Victor Torpedo (ex-Tédio Boys, ex-Parkinsons, ex-77) e Pedro Xau (ex-Parkinsons, ex-77), aos quais se juntam o vocalista Charlie Fink e o baterista Glenn Chapman. A acompanhá-los em todas estas datas, estarão os ingleses Monkey Island.

Quarta-feira, Lisboa, ZDB
Quinta-feira, Coimbra, Ar de Rato (Santa Clara)
Sexta-feira, Vigo, Iguana
Sábado, Porto, Portorio

O EP de estreia, recentemente editado pela Rastilho estará à venda nos locais dos concertos.
(...)BLOOD SAFARI é Rock'n'Roll escuro, deteriorado e fora de prazo, Rock'n'Roll estimulado por gritos de paixão e boa música, bom Rockabilly, Country, 60's Garage e outras estranhas influências que atormentam os nossos pequenos cérebros.
BLOOD SAFARI é Rock para ouvir depois de um bom mergulho no pântano, quando a tua namorada te trai com o carteiro ou quando a tua mota não funciona devido à falta de óleo. Em BLOOD SAFARI a ironia e o uso constante de metáforas é vital para ampliar a visão que temos do mundo negro que nos rodeia, usamos monstros para falar dos presidentes deste mundo, usamos zombies para denunciar o estado de inaptidão desta nova geração, usamos palavras como fome para aumentar o sentimento de desespero por melhores dias; para rematar... music about love and hate, hate and love! (...)

Victor Torpedo, na apresentação do EP.

Charadas #199

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Blitz 1111

Interessante a maneira como o Blitz celebra hoje a sua 1111ª edição: uma entrevista a Tozé Brito e a José Cid, a propósito do Quarteto 1111. A conversa que é reproduzida nas páginas dos jornais é uma obra de serviço público, ao trazer para os dias de hoje as histórias (as origens, a censura e as formas de tornear esse crivo, as drogas, etc.) de um grupo de rock que surgiu muitos anos antes do boom do rock português dos anos 80 e que, não sendo recordado regularmente, se arrisca a ficar perdido nas memórias dos melómanos nacionais.
(Indirectamente relacionado: alguém sabe quando é o concerto dos Gatos Negros no Maxime, se é que já não foi?)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Ian Curtis por Corbjin

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O jovem actor Sam Riley (na foto) vai ser o Ian Curtis de "Control", o filme sobre a curta vida do vocalista dos Joy Division, em que o fotógrafo e realizador Anton Corbjin anda a trabalhar. Também já se sabe que terá a participação dos New Order na banda sonora, que deverão compor faixas novas, bem como trabalhar em temas da fase dos próprios Joy Division.

O juramento vai ao barbeiro

...dentro de dias. Aguardem.

Charadas #198

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Anúncio

A Caixa Económica Operária apresenta as suas sinceras desculpas pelo facto de a anunciada festa temática "Monty Python's Non-Flying Party" não ter lugar no dia 18 de Fevereiro devido a um lamentável erro provocado por uma infestação de pigmeus nas instalações. Foi a primeira vez que tal aconteceu, visto que primámos sempre pela manutenção do espaço em perfeitas condições de higiene (é possível que o casal de pigmeus original tenha chegado escondido numa caixa de bananas). Contactámos prontamente um conceituado serviço de desinfestação de pragas mas a população de pigmeus já rondava as cinco centenas e era tarde demais. Sendo assim, resta esperar que os pigmeus
se exterminem mutuamente, visto que já existiam indícios de formação de duas tribos rivais.

De qualquer forma, as instalações permanecerão abertas no dia 18 de Fevereiro e quem achar que os pigmeus não são um problema poderá deslocar-se até à nossa Monty Python's Non-Flying Party (cancelada; substituída pela Primeira Grande Festa Pigmeia 2006), continuando a contar com:

- Participação de Nuno Markl ou de um pigmeu barbudo e míope que, à luz apropriada, se parece tal e qual com ele.

- Projecção de sketches do Flying Circus.

- Entrada gratuita.

- Oferta de uma bebida a quem aparecer vestido como uma personagem do universo Monty Python e, talvez, de um caranguejo morto se participar na prova de manteiga Whizzo.

- Oferta de duas bebidas e cheque de 500 euros a quem conseguir
arranjar uma maneira de se livrar dos pigmeus.

Obrigado,
A Gerência da C.E.O.
(Nós apenas queríamos ser lenhadores)

Europa fora de moda, parte II

Aqui há cerca de três meses, alinhavei algumas ideias em torno da forma como o rock feito na Europa, excluindo Inglaterra, corria o risco de ser mais ou menos ignorado pelos actuais canais de divulgação. Havia ali uma certa hiperbole argumentativa, é certo. Não estamos inteiramente virados de costas para o que vai sendo feito pela Europa, mas continuo a achar que já estivemos mais atentos e mais informados sobre o que se passa neste espaço cada vez mais "comum" do que estamos hoje.

Faltava, nesse conjunto de ideias, abordar uma outra questão. A história. Para a geração dos 30 e mais anos, há coisas do passado que não ficarão esquecidas, quanto mais não seja porque temos na prateleira estes ou aqueles discos ou cassettes a apanharem pó, enquanto aguardam por um daqueles acessos de nostalgia da nossa parte. Mas para os mais novos, que se interessem hoje por compreender o passado da música popular, vão deparar com uma história particularmente enviesada em direcção ao eixo anglo-saxónico.

Já não falo sequer no caso português, que, pelas razões que conhecemos e com as quais temos de viver, designadamente a falta de mercado, muito pouco se conhece efectivamente sobre o que foi o rock dos anos 70 e 80. Felizmente, porém, temos um valoroso trabalho como o do Aristides Duarte, aqui já falado, no seu blogue, rockemportugal.blogspot.com, e que em breve será concretizado no formato de livro.

Existe, portanto, um domínio claro de um certo anglo-saxonismo não só no que diz respeito à divulgação do que se passa hoje, mas igualmente no que está documentado relativamente ao que se passou para trás. O jornalista inglês Simon Reynolds, que através do livro "Rip it Up and Start Again" (ver capa numa posta mais abaixo) veio preencher uma lacuna na história documentada da música popular das últimas décadas (a fase do pós-punk), lembra num parêntesis aberto logo na introdução, e de forma bastante humilde: "For reasons of sanity and space, I have regretfully decided not to grapple with European post-punk or Australia's fascinating but deep underground scene, except for certain key groups such as DAF, Einstürzende Neubauten and the Birthday Party, all of whom significantly impacted on Anglo-American rock culture."

A história transporta sempre consigo este defeito da parcialidade. Diz-se dela que é a história dos vencedores. Retrata os povos vencidos como "bárbaros", dos quais o mundo precisou de se ver livre, tarefa na qual interviram "os mais nobres e valorosos heróis", do lado dos vencedores. Faz tabula rasa das virtudes dos vencidos, sublimando, na outra face da moeda, todos os seus podres. Nisto a que podemos chamar de história da música popular, os vencidos não chegam sequer a ver expostos os seus podres. São apenas ignorados. As batalhas de hoje disputam-se em terrenos económicos (mais do que no passado, entenda-se) e os vencidos são aqueles que perderam capacidade de serem ou de gerarem mercados. Um livro como o do Simon Reynolds tem e terá a aceitação global que um mesmo trabalho sobre as reacções ao punk por essa Europa fora, dos franceses Téléphone aos alemães Abwärts, por exemplo, dificilmente terá (até mesmo junto dos europeus, cada vez mais virados, como já se disse, para fora). Mas a música fez-se, os movimentos e as bandas também existiram. A história vai é, provavelmente, esquecê-los...

Charadas #197

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Já cá canta, finalmente

Charadas #196

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Miguel Francisco Cadete é o novo director do Blitz

Ora aí está uma boa notícia:
O jornalista Miguel Francisco Cadete é o novo director do jornal Blitz.
A notícia é adiantada pelo site Meios & Publicidade, segundo o qual Cadete iniciou ontem, 08 de Fevereiro, as suas novas funções.
(ver notícia no Cotonete)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

YYY II a caminho

"Show Your Bones" é o título do novo álbum dos Yeah Yeah Yeahs, que deverá chegar às lojas para meados de Março. O primeiro single chama-se "Gold Lion" e já anda a circular por aí:
Gold Lion (original)
Gold Lion (Diplo's optimal remix)

Charadas #195

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B.Leza fecha portas

«À porta, o cartaz anunciava uma actuação de Tito Paris para dia 13, mas, lá dentro, na sala onde até há dias se entoavam mornas e coladeras, nada restava. A não ser as inscrições em crioulo nas paredes rosa choque, deixadas pelo poeta e compositor cabo-verdiano que deu nome ao clube de música do Largo do Conde Barão, B. Léza. O material foi retirado na segunda-feira pelo Casa Pia Atlético Clube, "sem autorização judicial", diz a gerente do espaço. O presidente do Casa Pia não comenta, apenas refere não haver "condições para que o B.Leza continue a funcionar ali".» (ver notícia do DN de hoje)

Vítor Rainho abandona Blitz

"O jornalista Vítor Rainho vai deixar o grupo Impresa, renunciando deste modo às funções de editor da revista Única, do Expresso, e de director interino do jornal Blitz." (ver notícia do DN de hoje)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Relatório de um sonho, a propósito do futuro das pistas de dança

no outro dia sonhei com as pistas de dança de um tempo futuro:

neste tempo futuro não existe um dj, mas sim vários, embora não tenham necessariamente que estar no mesmo clube.

neste clube do tempo futuro, as pessoas dançam ao que ouvem, naturalmente, mas aqui cada pessoa pode ouvir algo de diferente da que outra mesmo ao lado está a ouvir. já veremos mais à frente.

neste tempo futuro, os leitores pessoais de música evoluiram bastante e generalizaram-se a toda a gente que habitualmente frequenta os clubes. só que já não são leitores de mp3 como agora, mas antes implantes que transmitem à pessoa, se ela escolher tal equalização, o mesmo tipo de sensações auditivas que no passado (isto é, 2006 e para trás) as pessoas tinham numa discoteca. as colunas já não existem, mas as sensações espaciais que se tomam do som são as mesmas.

cada pessoa escolhe o tipo de música a que quer dançar naquele momento, ou melhor, o tal dos djs que estão naquele momento a pôr música. ou então escolhe um set seu ou gravado em diferido de qualquer outro dj.

os djs que estão a pôr música neste momento não são mais do que uma brilhante ideia por parte do consórcio financeiro que dirige todos os clubes que existem neste tempo futuro. com meia-dúzia de djs põe todos os clubes do país, perdão, todos os clubes do mundo a dançar.

torna-se igualmente engraçado, neste tempo futuro, desligar o implante por alguns segundos, para ver a descoordenação completa das pessoas que estão na pista e a forma como dançam ao silêncio. há, neste tempo futuro, quem vá a uma discoteca só para assistir a este espectáculo errático.

agora o mais importante:

neste tempo futuro, a partilha de música tem uma componente de interacção social interessante. aos poucos e poucos, os nightclubbers descobriram aqui uma bela maneira de engate. queres dançar comigo, pergunta ele. oh, mostra-me a tua música, diz ela (mudem os géneros explícitos conforme for o caso -- não há homofobia neste tempo futuro). e ali ficam os dois a dançar, a trocar não só olhares mas também passos de dança. um pé para ali, um braço para acolá. só eles os dois estão a dançar aquela música. a metáfora deixa de ser metáfora, passa a ser realidade, para, quem sabe, voltar a ser metáfora.

Livro sobre o rock português para breve

Cultor inequívoco do rock português, o jornalista Aristides Duarte tem vindo a alimentar o seu blogue (rockemportugal.blogspot.com) com fotografias incríveis de inúmeras bandas e com imagens de capas de discos que hoje serão peças absolutamente raras, entre os mais diversos géneros, dos anos 70, 80, 90 ou até mesmo actuais.
Há dias, Aristides revelou uma boa notícia. Ele é o autor de um livro sobre o rock português, que deverá ser apresentado na próxima Primavera.
É ou não é uma excelente notícia?

O primeiro grande fascínio deste ano


Liars "Drum's not dead" (Mute, 2006)

Álbum do ano? ;)

Charadas #194

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Bauhaus na Brixton Academy

O concerto de Bauhaus no Porto é só para a semana, mas quem quiser pode desde já ver as fotografias que o Pedro Figueiredo tirou na Brixton Academy, em Londres, nesta passada sexta-feira.

Charadas #193

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Aqui começa mais uma série, a sexta, das charadas. O objectivo desta vez é o de adivinhar o nome do disco de cuja capa aqui aparece um recorte. Acaba, como habitualmente, aos dez pontos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Pop Dell'Arte e a ortografia

Há artistas e bandas que, aconteça o que acontecer, serão sempre infelizes no campo do respeito ortográfico com que são tratados pelos outros. Eu já me livrei de cometer o habitual erro de escrever Elliott (de Sharp, por exemplo) com apenas um t. Mas até sou capaz ainda de me esquecer do segundo m de Schlammpeitziger. Mas há erros e erros. Os Pop Dell'Arte, portugueses, com vinte anos de carreira mui elogiada, apesar de bastamente diletante, são tratados, volta e meia, por Pop Dell'Art pelos jornalistas mais incautos. Já era caricatural o desprezo que um jornal como o Público dava ao nome do grupo, grafando-o desta última forma durante anos. Mas o azar não se fica por aqui. Estou neste momento a ouvir a colectânea "POPplastik" a partir do leitor de CDs do computador e o que é que o software identifica como autores? Os Pop Del'Arte. É assim tão difícil?

Os otovermes: porquê?

Aqui há tempos, numa das várias crónicas inteligentes que teve oportunidade de escrever para o Blitz, Miguel Esteves Cardoso inventou o termo "otoverme" para designar aquelas canções ou aqueles estribilhos que, por mais irritantes que se nos afigurem ao ouvido, persistem em não abandoná-lo pelo resto do dia. Ontem, no AskYahoo, alguém fazia uma pergunta nesse sentido ("How do songs get stuck in your head?"). A resposta está aqui.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Datas ZDB para Fevereiro

Como é habitual, há de tudo. Talvez a data mais inesperada do cartaz para Fevereiro da ZDB seja a do concerto dos Pop Dell'Arte, no dia 18. Vai mandar a precaução que sejam feitas reservas com antecedência, porque o aquário não é sala para aguentar os que ainda continuam a acompanhar o grupo que acabou de lançar a retrospectiva de vinte anos de carreira em "POPlastik".
E o que há mais de interesse? Partindo deste critério subjectivo, fica o aviso para mais uma promissora "Noite às Novas", já neste próximo sábado, com os DOPO (oiçam o álbum na test tube, a netlabel associada à mono¨cromática), os Veados com Fome (da "cena" esquizóide de Santo Tirso, ao lado dos Dance Damage ou dos Tropa Macaca) e os Lobster (boas pistas dadas no concerto do Barreiro -- oiçam o EP na merzbau).
Já que se falou dos Dance Damage, fica aqui a referência para o insólito que vai ser a noite de dia 10 de Fevereiro. Além dos tirsenses, nada mais, nada menos que sete outros projectos/grupos, na sua maioria oriundos do Japão, vão subir ao palco da ZDB...
No dia seguinte, 11 de Fevereiro, há improvisação a cargo de uma dupla italo-sul-coreana (Cave of the Tigers) e de uma outra dupla de músicos habituais da casa: Nuno Rebelo e Marco Franco.
Os Parkinsons acabaram, mas o Vítor Torpedo não baixou braços e já anda com a nova banda, os Blood Safari, a dar concertos. Juntou-se a Pedro Xau (outro ex-Tédio Boy) e aos britânicos Charlie Fink (voz) e Mr. Stix (bateria) e vem a Lisboa apresentar o primeiro EP, "Zombie Slave". É na noite do dia 15, com primeira parte dos ingleses Monkey Island.
Os aficionados da Constellation (olá amigos, devemos ser apenas dois ou três) podem também desde já marcar na agenda o dia 17. Harris Newman, dos Sackville, apresenta-se com a sua guitarra acústica, numa noite que contará também com PCF Moya, guitarrista dos Frango, no seu projecto a solo.
Dia 24, há D... Yellow Swans e, no dia seguinte, os dinamarqueses Family Underground dividem o palco com os portugueses Frango. O mês termina da melhor forma, a 27, com os norte-americanos Castanets e Jana Hunter.
Se isto é para continuar assim todos os meses, talvez seja melhor alugar quarto na rua da Barroca.

O regresso do Clube Forum Sons

Agora sob o tecto do Left, em Santos.
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Amores e preconceitos

A história do rock é feita de idolatrias absurdas. Isto, claro, de um ponto de vista estritamente racional. Mas basta virar a moeda para perceber que essa mesma história é também feita de preconceitos igualmente absurdos. Muitas das vezes, o tempo faz com que uma idolatria se transforme em preconceito, e vice-versa, quer tenhamos por referência as massas de ouvintes, com as modas que fluem pela sarjeta abaixo até que mais tarde ressurjam como rios de mel (ou de azeite), quer olhemos para nós próprios e para a forma como crescemos a ouvir música, isto é, a amar o ódio de ontem ou a desprezar a paixão de outrora.

Se alguns destes eventuais objectos de idolatria e preconceito ainda tem a sorte de serem apanhados no vai-vem amoroso acabado de descrever, outros há que, porém, ficaram para sempre no mais pequeno dos apeadeiros desta linha circular, pelo menos em determinadas escolas de pensamento. Certas associações de ideias, certos fenómenos, certos passos errados e, lá está, uma grande dose de preconceito fizeram com que grupos como os Sisters of Mercy, por exemplo, ficassem irremediavelmente associados ao pior do goth rock, esse lado menor, para muitos ouvidos pensantes da actualidade, do pós-punk dos anos 80. Não deixa, porém, de ser engraçado constatar que aquele tal vai-vem proporciona coisas engraçadas como o regresso do próprio pós-punk, hoje presente em qualquer escaparate de novidades de rock, ou até mesmo ao regresso de alguns daqueles contornos góticos, particularmente evidentes nos Gang Gang Dance, por exemplo, ou no novo álbum dos Liars. Até a secção rítmica dos portugueses X-Wife -- sim, X-Wife -- é claramente devedora do que o Dr. Avalanche e Craig Adams faziam nos anos 80. Do mal o menos: se uns ficaram com a (má) fama, os outros que tirem o (bom) proveito.

De onde terá vindo o preconceito? Do tom negro com que eram tingidos alguns dos temas, como aliás acontecia com praticamente toda a new wave? Da roupa preta? Toda a gente usava preto nos anos 80 e até o próprio Andrew Eldritch dizia numa entrevista que assim o faziam nessa altura -- sim, porque depois veio o branco -- pois se tornava mais fácil lavar toda a roupa ao mesmo tempo nas lavandarias, quando andavam em digressão. Por causa do nome, retirado de uma das mais brilhantes, senão mesmo a mais brilhante das canções de Leonard Cohen? Alguém que esteja do outro lado da barricada, do lado do desafecto, conseguirá responder a esta pergunta?

Tudo isto para dizer que os Sisters of Mercy vão regressar ao Coliseu dos Recreios, a 5 de Abril, quinze anos depois de os ter visto naquele mesmo local, e que vou procurar repetir a presença, sem qualquer espécie de pudor. Negar um álbum como "First and Last and Always" e todos os singles e EPs que o precedem é como rasgar uma página importante da história do rock dos últimos trinta anos.